06/01/2013 - 03h00
REGIANE TEIXEIRA
DE SÃO PAULO
Todos os dias, a caminho do trabalho, o advogado Luciano Santos, 54, diminui
o passo quando se aproxima da praça do Ciclista, no final da avenida Paulista,
região central. De terno, examina o verde ao centro da praça para ver se há algo
que possa danificar os pés de alecrim, couve, manjericão, milho e tomate
plantados ali.DE SÃO PAULO
Desde outubro, um grupo formado por ciclistas e entusiastas da agricultura urbana organiza o plantio de hortaliças no local. Depois de fazer com que a praça se tornasse ponto de encontro das "bikes", eles tiveram a ideia de ocupar o terreno com verduras. "O lugar estava malcuidado e isso [a horta] representa a apropriação do espaço pelos cidadãos", diz Luciano.
Plantio Urbano
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Peu Robles/Folhapress
Claudia Visoni faz parte de grupos que cuidas da horta na
avenida Paulista, região central, e na praça das Corujas, na Vila Madalena,
região oeste
Além da ocupação do espaço público, a chamada agricultura urbana pode ter objetivos variados, como fornecer alimentos sem agrotóxico, fortalecer os laços entre vizinhos e incentivar a educação ambiental.
Foi a partir do encontro virtual que a ideia começou a ser plantada em julho na Vila Madalena, zona oeste. Um grupo de moradores colocou as mãos na terra para viabilizar a horta na praça Dolores Ibarruri, também conhecida como praça das Corujas.
PARTICIPAÇÃO DA PREFEITURA
Diferentemente do grupo da Paulista, antes de começar a trabalhar eles procuraram a Subprefeitura de Pinheiros para saber como utilizar o espaço. "Já éramos um grupo que cuidava da manutenção da praça e, quando procuramos o subprefeito, ele sabia disso", conta a administradora de empresas Madalena Buzzo, 51.
A subprefeitura mandou uma agrônoma avaliar o terreno e cedeu terra e funcionários para fazer uma cerca. "Eles não nos ensinaram a plantar, mas forneceram uma infraestrutura que não poderíamos bancar", diz.
Segundo a prefeitura, os interessados em cultivar em espaço público devem procurar a subprefeitura local para obter orientações sobre onde, o quê e como plantar. As instruções vão desde a altura das cercas até a proibição de invadir outros espaços, como áreas para brinquedos.
"Se um abacate cai na cabeça de alguém, por exemplo, é responsabilidade da prefeitura", afirma Madalena. A educadora Flávia Aidar já tinha visto a movimentação no local, mas nunca se envolveu com a horta. Num final de semana, porém, recorreu a ela -preparava uma receita com tomilho, mas estava sem o tempero. "Parece coisa de cidade do interior. Não estamos acostumados com o coletivo."
Perto dali, outro plantio colore a praça Maria Noeli Carly Lacerda. "Aqui a horta é algo que ajuda o público da terceira idade a manter uma atividade e uma vida mais saudável", conta a arquiteta Susana Prizendt, 38.
Mesmo expostas, as hortas têm sido preservadas. "Até hoje não houve depredação", diz a jornalista Claudia Visoni, 46, que cuida das plantações da Paulista e da praça das Corujas.
Na zona leste, 21 hortas vão além do uso do espaço público. Elas geram renda para famílias da periferia por meio da ONG Cidades Sem Fome (http://cidadessemfome.org ). A ideia começou em 2004 pelas mãos do gaúcho Hans Dieter Temp, 48.
Para ele, é possível plantar em qualquer local retirando o entulho e recuperando o solo. "As hortas são oásis verdes dentro de regiões que estão degradadas", afirma.
COMO FAZER HORTA NA CIDADE
1. Forme um grupo que se comprometa com a manutenção da horta. Procure a subprefeitura do bairro para obter orientações de como e onde plantar
2. Delimite o local (os canteiros devem ter no máximo 1,20 m de largura) e, com uma enxada, revolva a terra para retirar raízes, grama e pedrinhas
3. Espalhe adubo -um ou dois baldes para cada metro quadrado
4. Cubra o canteiro com mais de 10 cm de espessura de material seco (palha, folhas ou grama). Deixe a terra descansar 15 dias, regando de vez em quando
5. É hora de plantar: temperos são boa opção para começar. Siga as instruções que vêm com as sementes
6. Para regar, prefira o início da manhã e o fim da tarde. A terra deve estar fofa. Se ficar dura, veja se está faltando água ou se a matéria seca precisa de reforço
Fontes: Claudia Visoni e Madalena Buzzo, integrantes do grupo Hortelões Urbanos
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