Thursday, January 09, 2014

A Poesia de José Expedito Rego

expedito
José Expedito  de Carvalho Rêgo,  foi romancista, poeta, médico e jornalista, nasceu em Oeiras no dia 1° de junho de 1928. Escreveu , entre outros, os romances “Né de Souza”, uma biografia romanceada de Manoel de Souza Martins, o Visconde da Parnaíba, e “Malhadinha”, considerado pela crítica como sua obra prima.José Expedito também é reconhecido por defender o patrimônio histórico de Oeiras, sendo membro fundador do Instituto Histórico de Oeiras
Como jornalista editou em Oeiras, em parceria com Possidônio Queiroz e Costa Machado, o jornal mensal ” O Cometa” , que circulou na cidade de 1971 a 1976. Foi membro titular da cadeira número 2 da Academia Piauiense de Letras e morreu no dia 31 de março de 2000. No ano de 1999 lançou o livro de poesia intitulado “Horas sem tempo”, neste livro faz uma homenagem a sua mãe D. Carmem Reis, com a poesia ” Os três reis magos”. Seus trabalhos incluem este livro de poemas, quatro romances e uma obra de crônicas, publicada postumamente,neste livro estão reunidas  todas suas crônicas que foram publicadas em jornais.
  • Obras do Autor:
  • Vaqueiro e Visconde (na primeira edição se intitulava Né de Souza).
  • Malhadinha 1990.
  • Vida em contraste 1992.
  • Os caminhos da loucura 1996.
  • Horas sem tempo 1999.
  • Crônicas esquecidas (obra póstuma) 2009.
Poesia “Os três Reis Magos” de José Expedito Rego.(1999)

os tres reis magros
Gaspar veio das bandas do Jurani
Tinha os cabelos louros e os olhos azuis
O rosto cheio de sardas, o nariz arrebitado
Montava uma motocicleta de sonhos
Ultrapassava todos os carros
Na avenida Transamazônica
Ouvira sua mãe dizer
Que Jesus nasceria naquela noite
E que uma grande estrela pendurada no céu
Apontava para o lugar do prodígio
Gaspar montava sua motocicleta de sonhos
E voava no rumo da grande estrela
Melchior morava ao pé do morro do Leme
Tinha o moreno afogueado dos caboclos do Brasil
Cabelos lisos e corridos
Olhos ardentes, corpo desnutrido
Montava um cavalo de talo de carnaúba
E viu a grande estrela
Na direção da grande praça
Perguntou a uma mulher que passava a seu lado
E soube que nascera o Salvador
E que haveria presentes para as crianças
Aumentou o galope de seu cavalo de pau
Baltazar desceu do alto do Rosário
Negrinho como a noite
Vinha chutando uma lata sobre os lajedos
Com o pé saído dos murais de Portinari
Viu também a estrela
Que parecia pairar sobre o largo da Matriz
E quis saber o que era…
Foi Jesus que nasceu!—uma voz disse ao lado
Ele montou num carneiro que passava
E atravessou a ponte do riacho da Pouca Vergonha
E Gaspar
E Melchior
E Baltazar
Chegaram juntos na grande praça
A estrela estava sobre a torre da matriz
E as freiras distribuíam presentes aos meninos pobres
Mas já estava no fim
Cada um ganhou apenas um saquinho de bombons
E saíram pulando
Chupando os confeitos
Foram visitar os presepes
Entraram numa casa
Onde havia um muito bonito
Todo enfeitado de ramos verdes
Bolas coloridas e bichinhos de matéria plástica
Sobre a areia da mesa
No centro o Menino-Deus
Deitado sobre o bercinho de palha
Em volta, José, Maria, os pastores
E Gaspar
E Melchior
E Baltazar
Ficaram parados em redor do presepe
Admirando tanto bichinho bonito…
Gaspar roubou em elefante
Melchior roubou uma vaquinha
E Baltazar roubou o galo
Que estava empoleirado num ramo de alecrim
Saíram de mansinho
Sem que ninguém notasse
A não ser o menino-Jesus de barro
Que do berço sorriu seu mais belo sorriso

Fonte: http://www.facesdopiaui.com.br/category/poesias/

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