Gabriel de Sá
Publicação: 03/12/2012 09:24Atualização:
Em uma audiência pública na Câmara Legislativa do Distrito Federal, há alguns dias, Jota Pingo foi chamado a falar. Na ocasião, artistas e políticos discutiam a implementação da Lei de Incentivo à Cultura. Quando ouviu que era a vez de Carlos Augusto de Campos Velho se pronunciar, ele logo corrigiu: “Meu nome é Jota Pingo”. “Investir na cultura não é favor nenhum, somos a terceira área mais rentável do planeta”, bradou, com sua voz grave e rouca. O ator e dramaturgo gaúcho, radicado em Brasília há três décadas e meia e onipresente na cena cultural da cidade, lutou durante toda a vida para colocar a arte em seu devido lugar — que ele acreditava ser o mais alto possível. Na noite do último sábado, aos 66 anos, a voz desse grande agitador cultural brasileiro se calou.
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Pingo estava fazendo compras em um supermercado da Asa Norte, ao lado da companheira, Andrea Gozzo, da filha Alice e de dois netos, quando começou a passar mal. Não havia paramédicos no estabelecimento e houve dificuldade em acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Quando a ambulância chegou ao local, cerca de 20 minutos depois, o artista teve que ser reanimado e foi levado entubado para o Hospital de Base. Lá, aconteceram tentativas de reanimá-lo novamente, mas ele não resistiu e faleceu.
Confira poemas em homenagem a Jota Pingo
Adeus a Jota Pingo
Já ouvi falar, muita gente diz,
que o último pingo é sempre na cueca.
Mas quem pensa assim é mero aprendiz.
Percebi que não. Descobri! Eureca!
Pingo que se vai é mais um heroi
que nos abandona, ascende, parte,
deixando-nos dor que dentro corrói.
-Mas que nos devolvam aquele estandarte!
A quem mais citar aqui no soneto?
Bide, Brother, Beira, Boi, Charles Preto,
todos construindo o perfil candango!
Foi-se Jota Pingo, foice-e-martelo.
Não choremos, gente! Eu rogo e apelo,
brindemos, enfim, num último rango.
Jorge Antunes
EXTRA, EXTRA, EXTRA
No mercado fazendo
Compras
para seu último rango,
ta lá o corpo estendido no chão,
Extra, Extra, Extra,
Quando o coração repentinamente
sem serpentina na mente
desmente tudo
que sonhava.
O último respiro,
o coração repentinamente
PAROU.
Parou por quê?
Parou porque
Parou ...
É isso,
o coração para,
cansado deste mundo
ele simplesmente decide
Ir para outros
rangos,
e lá se vai o nosso
Jota Pingo.
O mercado que é cultural
Estava extra, extravagante
Extra, extra, extra
É a notícia do jornal de
Hoje, EXTRA.
Joãozinho Da Vila Planalto
Meu amigo J.Pingo
É do teu tamanho
A tristeza deste domingo..................
Renato Matos
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2012/12/03/interna_diversao_arte,337038/cultura-de-brasilia-perde-um-dos-seus-principais-artistas-jota-pingo.shtml
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