Friday, May 02, 2014

Morre escritor Nilto Maciel

Morre escritor Nilto Maciel

niltomaciel

“O escritor e pesquisador cearense Nilto Maciel, 69 anos, foi encontrado morto, ontem, em sua casa, no bairro Monte Castelo. De acordo com amigos do autor, Nilto, que morava sozinho, ele não respondia e-mails nem atendia telefonemas desde o último sábado. Na terça-feira, o escritor deveria ter aberto um encontro sobre literatura fantástica, que foi realizado em Sobral. Não apareceu.
Raymundo Netto, editor-adjunto das Edições Demócrito Rocha e amigo do escritor, participaria de uma mesa de debates com Nilto no mesmo evento. “Tinha falado com ele na sexta. Íamos viajar. Nilto não gostava de viajar sozinho. Tinha comprado as passagens, mas, na segunda-feira, não me respondeu. Hoje (ontem), por volta de meio-dia, ligou o professor Dimas Carvalho, organizador do seminário, para dizer que o Nilto não tinha ido”, conta. Raymundo foi até a casa do pesquisador. “Bati no portão. Vi que o carro estava na garagem e a correspondência estava no chão.” 

A Perícia Forense do Ceará foi acionada. Equipes do órgão depararam com o corpo do escritor na sala. Perto, havia uma poça de sangue. As luzes da casa estavam acesas e o computador, ligado. Uma mala repousava sobre o sofá. O laudo deve ficar pronto em até 30 dias. Vindos de Brasília, familiares do escritor devem chegar a Fortaleza na manhã de hoje. Nascido em Baturité, Nilto Maciel dedicava-se à literatura cearense. Organizou dois volumes de contos. Estreou com o livro Itinerário e foi co-editor da revista O Saco na década de 1970. Nilto, com Lúcia Maciel Martins, deixa quatro filhas (Nioche, Fernanda, Menita e Nioche).

(O POVO)

http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/morre-escritor-nilto-maciel/



Nilto Maciel era um intelectual. E isto bastava

foto nito maciel

De João Soares Neto, membro da Academia Cearense de Letras, esta mensagem sobre o escritor falecido Nilto Maciel:

Amigos,
Não há que especular após a morte. Ela é final para os que nada criam e nem deixam lembranças.
Nilto Maciel criou família, formou-se em direito, fez concurso público federal, cumpriu o seu tempo de trabalho, escreveu, ganhou prêmios genuínos e voltou, após aposentado, de Brasília para o Ceará, sua terra.
Ficou no Monte Castelo, mais perto de Baturité – onde nasceu – e lá continuava a produzir como as formigas o fazem. Não era uma cigarra. Morreu com a luz acesa, não era de esconder, tampouco pedia holofotes. Era ele, bicho gente, sisudo, amigo e solitário, quando o queria.
Neste momento, os que o conheceram como intelectual, editor, cronista, contista e crítico literário não devem fazer perguntas sobre a sua morte. Ela foi natural e simples, como as dos que sabem por no papel ou no teclado do computador, sem muletas, o acumulado, o somatório, o conhecimento. Foi o seu ponto final, apenas isso.
Cada um a seu modo, se já conhece a obra de Nilto Maciel a revisite. Se apenas ouviram falar dela, vejam-na. Nilto está na Internet e no porvir.
Ele estava em plena ebulição que a sua maturidade instigava. Tinha obras em curso. Geraldo Jesuíno e Raymundo Netto são oculares.
Aproveitando o que disse, certa vez, Giacomo Leopardi: “ as pessoas são ridículas quando querem ser ou ser o que não são. Nilto Maciel era um intelectual. E isto bastava.

* João Soares Neto,
Escritor, empresário e membro da ACL.

http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/nilto-maciel-era-um-intelectual-e-isto-bastava/
 

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