Friday, November 30, 2007
Cerrado do Piauí gestão hidro-ambiental urgente
O Piauí destaca-se pela sua riqueza biológica nos biomas Cerrado, Caatinga, Mangue, ainda não totalmente conhecidos e com sua biodiversidade pouco aproveitada. Acrescenta-se, ainda, o rápido processo de eliminação dessas riquezas naturais.
No Brasil, o caso mais emblemático que ilustra o processo de destruição da biodiversidade é o que aconteceu com o bioma Mata Atlântica, explorado durante séculos e atualmente restrita a menos de 7% de sua cobertura original. Foram quatro séculos de monoculturas para exportação de gêneros primários, especialmente da cana-de-açúcar e do café. Este modelo ainda hoje é utilizado no Cerrado do Piauí. Outra situação de destaque é do bioma Amazônico, onde mais de 17% já foram destruídos para extração ilegal de madeira, pecuária extensiva e atualmente a monocultura da soja. O Cerrado brasileiro presente em nove Estados, com aproximadamente 2 milhões de Km², já se encontra 80% antropizado. O Piauí possuí uma área de 9,7 milhões de hectares de Cerrado de acordo com a Conservação Internacional, onde apresenta um intenso e desordenado processo de exploração dos recursos naturais. A monocultura da soja, a substituição da cobertura vegetal nativa pela monocultura do eucalipto e a produção de carvão e lenha representam as principais atividades degradadoras do Cerrado do Piauí. De acordo com a Conservação Internacional – CI, nos municípios de Uruçuí, Bertolínea, Sebastião Leal, Ribeiro Gonçalves, Baixa Grade, Santa Filomena, Bom Jesus e Currais o desmatamento já representa algo em torno de 50% das áreas agricultáveis. Essas áreas apresentam elevada riqueza biológica, patrimônio genético incalculável e ainda não foram devidamente estudadas e inventariadas.
O Piauí não possui programas governamentais de conservação dos recursos naturais em andamento, tais como; Gestão Florestal, Gestão de Resíduos Sólidos, Gestão Hídrica, Descentralização do Licenciamento Ambiental, Monitoramento Ambiental e dos Recursos Hídricos, Instrumentos Econômicos, Monitoramento da Qualidade da Água, Gestão de Áreas Naturais Protegidas e Gerenciamento Costeiro. No Piauí não existe nenhuma estratégia governamental especialmente orientada para o uso sustentável do Cerrado. A simples ação de combate ao processo de desertificação no Cerrado, em especial em Gilbués-PI, não é suficiente para lidar com os fatores envolvidos no empobrecimento ambiental, como mostra também a situação de fragilidade que é o solo do Cerrado piauiense.
A sociedade tem demonstrado evidente interesse pelo tema da sustentabilidade do Cerrado, fomentando iniciativas de órgãos governamentais e de entidades não-governamentais de conservação e uso sustentável. Colocar o Cerrado do Piauí dentro do Programa Nacional de Conservação e Uso Sustentável do Bioma Cerrado – Programa Cerrado Sustentável é de suma importância.
Tal fato significa a diferença entre continuar explorando desordenadamente a região de forma insustentável ou tratar o bioma como de grande importância ambiental, social e econômica. Neste sentido, foi realizado em Brasília entre os dias 20 e 23 de novembro de 2006 o Encontro de Atualização das Áreas e Ações Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade no Cerrado, promovido pela Secretaria de Biodiversidade e Florestal do Ministério do Meio Ambiente – MMA, com participação de representantes de poderes públicos federal, estaduais e municipais, universidades, ONGs ambientalistas, movimentos sociais, comunidades indígenas, quilombolas, entidades comunitárias de nove Estados da Federação onde encontram-se os cerrados brasileiros. Durante o encontro foram definidas áreas prioritárias para uso sustentável e conservação da biodiversidade. Para o Cerrado do Piauí foram propostas e aprovadas as seguintes áreas prioritárias: nascentes do rio Parnaíba, nascente do rio Uruçuí Preto, região da Lagoa de Parnaguá, Serra Vermelha, Chapada Grande, região dos cocais no baixo Parnaíba. No encontro uma moção foi aprovada para incluir as áreas do cerrado setentrional piauiense no mapa dos biomas do IBGE.
A riqueza da biodiversidade do cerrado piauiense e a preocupação com sua devastação tem motivado uma discussão sobre a necessidade instituir um modelo de gestão hidro-ambiental que seja implementado no cerrado através dos comitês de bacias hidrográficas e de políticas públicas com ênfase no desenvolvimento sustentável, contemplando os aspectos social e ambiental.
Avelar Amorim - AEAPI
Marcio Freitas - Fundação Velho Monge
Judson Barros - Fundação Águas - FUNAGUAS
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