Tuesday, April 20, 2010

Brasília, 50 Anos!


BRASÍLIA: NA TORRE DE TV

na torre de tv
te vejo
(tão linda)
entre uma e outra música
te beijo
(tão doce)

INQUIETUDES DE HORAS E FLORES

desconstruo-me neste cerrado de concreto construído.
entre as linhas suaves arquitetadas vejo o horizonte ao longe.
respiro a aridez do clima em meio ao vazio dos espaços entre-enquadrados.
planos altos, centrais de costumes mesclados de todas as partes do país.
danço a dança do frêmito entrecortar de palavras moldadas,
enquanto espreito a inquietude dos dias e das noites largos:
caliandras, cipós-de-são-joões, quaresmeiras, brincos-de-princesa, sempre-vivas.

FILME BRASILIENSE

minha boca se cala
os seus olhos tremem
seu corpo é sonho bom
entre as luzes do cinema
vejo refletida sua imagem
na torre de tv - lhe revejo -
beijo seu eixo (monumental)
entrequadro-me em suas asas
e vôo inteiro sobre seu lago
(largo êxtase) sedento

NOITE E DIA

a noite
anoiteceu
no ardor do vinho
e no balanço da dança e
da luz da lua refletida no lago Paranoá
a manhã
amanheceu
no teu rosto corado de morango
e nos teus olhos:
colorido de feira de Chichicastenango

SEU TEMPO

setembro, dia primeiro, amada!
ipês brancos de Brasília,
(minhas lágrimas secaram,
foram calados minha alegria e voz)
agora, só vós
chorardes brancas lágrimas
- pétalas ao chão -
dialogando com o tempo:
grãos de areia, ampulheta de Aedo

PADARIA

“…(Come chocolates, pequena:
Come chocolates!…” Tabacaria.
Fernando Pessoa.


o sentimento se sente na pele
fruto desentranhado de medula e osso
sinto na alma a seqüela de tua partida indesejada
teu sorriso se desprende (na minha lembrança)
qual aroma do café na Padaria Bellini

ESPINHA DORSAL DA CIDADE

uma relva úmida
uma entrequadra inteira
uma colina, um lago
(e uma chuva ao longe...)

LAGO PARANOÁ

a grama é verde
a terra é vermelha
o lago, largo

MATURAÇÃO DAS ROMÃS OU H. DOBAL REVISITADO

"Quatro vezes mudou a ´stação falsa
No falso ano, no imutável curso
Do tempo conseqüente;"
Fernando Pessoa


a cidade-projeto
com seus signos e siglas:
solidão geometricamente
estampada
na tarde de domingo de verão
de um temp(l)o
inconseqüente.

Marcos Freitas. Poemas do livro "Urdidura de Sonhos e Assombros: Poemas Escolhidos (2003-2007)", exceto Maturação das Romãs ou H. Dobal Revisitado, do livro "A Vida Sente a Si Mesma" (2003).

2 comments:

Deliane Leite said...

Linda homenagem Marcus...
Bjo!

Anonymous said...

José Reis Neto (zereisneto)
http://culturadigital.br/poesiaoutros50/2010/04/21/banca-dos-poetas-onde-todos-podem-criar/
http://culturadigital.br/teatrooutros50/2010/04/22/o-teatro-na-politica-e-a-politica-no-teatro/
http://culturadigital.br/teatrooutros50/2010/04/22/o-teatro-na-politica-e-a-politica-no-teatro/
http://culturadigital.br/artedigitaloutros50/2010/04/22/o-futuro-sao-outros-50/
http://culturadigital.br/hiphopoutros50/2010/04/23/hip-hop-mostra-sua-cara/
http://zereisneto.wordpress.com/
http://www.vooz.com.br/noticias/brasilia-o-epicentro-vivo-35113.html
http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=9734804713385899805