Percorria aquela rua escura e estreita em meio ao nevoeiro. A noite já ia alta. O burburinho dos últimos bares e tavernas ainda se ouvia ao longe. De súbito, aquela figura de mulher, ainda adolescente, aproximou-me daquele praça, da Catedral de Tyn, circundou a Prefeitura, prédio imponente com seu histórico relógio astronômico. Não sei se o último metrô ainda havia. A estação Staromestská certamente estaria fechada. O caminho a ser seguido então passava pela Ponte Carlos, rio Vltava. O seu rosto alvo e o verde de seus olhos resplandeciam na atmosfera fria. Encostado à mureta, vi-a atirando-se dali, rodopiando no ar feito folha seca no outono e por fim pousando junto aos outros pombos, lá embaixo, próximo aos faróis que iluminam a ponte, ao lado da velha eclusa.
Marcos Freitas.
In: Antologia de Contos de Autores Contemporâneos - vol. 13, CBJE, 2005.
Monday, June 04, 2007
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