BENEDITO FREITAS FILHO
Benedito da Rocha Freitas Filho nasceu em Floriano, Piauí em 05 de abril de 1929. Formado em Direito, funcionário aposentado do Tribunal de Contas da União — TCU, professor, historiador, cronista e poeta. Patrono da Cadeira n. 26, da Academia de Letras do Brasil, Secção Distrito Federal.
FREITAS FILHO, Benedito. Poemas reunidos: Benedito Freitas Filho. Seleção,
revisão e prefácio: Marcos Airton de Sousa Freitas. Brasília, DF:
Thesaurus Editora, 2013. 182 p. (Coleção Itiquira) 14x21 cm ISBN
978-85-409-0261-9
.
“A
Poesia de Benedito Freitas Filho é puro lirismo, de acento telúrico,
onde a temática da justiça, do tempo, do destino, da vida, da morte, da
solidão, do amor, desde seus primeiros poemas até os mais recentes,
num percurso de quatro décadas. Temáticas universais. Sabedor de que a
poesia não se faz apenas de palavras, mas de experiências, vivências e,
sobretudo, invenção. São versos sem medida, livre, não obstante, em
geral rimados. Mostra-se um poeta no pleno domínio instrumental, com
bom nível de realização formal. De uma riqueza imagística e preocupação
místico-religiosa, inúmeras vezes.” MARCOS FREITAS
A JUSTIÇA
I
Já dizia o velho Rui,
Há meio século passado,
Que o império da injustiça
Há muito era chegado.
Já dizia o velho Rui,
Há meio século passado,
Que o império da injustiça
Há muito era chegado.
II
Que diria o luminar
Do Direito e da Justiça,
Se ainda hoje vivesse
Diante de tanta injustiça!
Que diria o luminar
Do Direito e da Justiça,
Se ainda hoje vivesse
Diante de tanta injustiça!
III
Até homens de bem,
Para nós esteio moral,
Servindo junto aos Governos
Até homens de bem,
Para nós esteio moral,
Servindo junto aos Governos
IV
Parece que são também
Contaminados do mal,
Cometendo os mesmos erros.
Parece que são também
Contaminados do mal,
Cometendo os mesmos erros.
Teresina (PI), 09.1973
O TEMPO – II
Veloz o tempo passa,
E nós, envoltos em azáfama
Do dia-a-dia, não percebemos
Que o tempo é como a fumaça.
E nós, envoltos em azáfama
Do dia-a-dia, não percebemos
Que o tempo é como a fumaça.
Se criança, manhã cedo,
Mau humorada e de sacola,
Com muito cuidado e zelo
Os pais a levam à escola.
Mau humorada e de sacola,
Com muito cuidado e zelo
Os pais a levam à escola.
Se adolescente e estudioso,
Cuida cedo por si mesmo.
Vai ao colégio, esquece o repouso,
O livro sempre sobre a mesa.
Cuida cedo por si mesmo.
Vai ao colégio, esquece o repouso,
O livro sempre sobre a mesa.
Adulto já, é o trabalho,
A casa, os filhos, o cuidado
Com o carro velho,
A água, a luze os alimentos.
A casa, os filhos, o cuidado
Com o carro velho,
A água, a luze os alimentos.
MEU FILHO MARCOS AIRTON
É uma criança magrela,
Dos cabelos de fiapo.
O carinha de tigela,
Meu filho chamado Marcos.
Dos cabelos de fiapo.
O carinha de tigela,
Meu filho chamado Marcos.
Pequenino e raquítico,
É verdade. Não se iluda...
Fala mais que o periquito
E é o que mais estuda.
É verdade. Não se iluda...
Fala mais que o periquito
E é o que mais estuda.
Em casa é muito peralta.
Na escola pelo contrário...
De nota sempre alta.
Na escola pelo contrário...
De nota sempre alta.
Ao papai dá prazer,
Pois estuda, não dá trabalho,
Para boas notas merecer.
Pois estuda, não dá trabalho,
Para boas notas merecer.
Teresina (PI), 21.09.1973
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