Wednesday, September 16, 2015

Morre o escritor Esdras do Nascimento, aos 81 anos


15 de setembro de 2015  
O escritor Esdras do Nascimento
O escritor Esdras do Nascimento

Romancista sofria de enfisema pulmonar há um ano e não resistiu a uma infecção na última sexta-feira

Apesar de ter trabalhado por anos no Banco do Brasil, era à literatura que ele queria se dedicar integralmente. Com 19 obras publicadas, entre romances, coletâneas de contos e ensaios, Esdras do Nascimento morreu na última sexta-feira no hospital Copa D’Or, onde estava internado há vinte dias para se tratar de uma infecção pulmonar. Ele sofria de enfisema pulmonar há um ano. Seu corpo foi cremado no Memorial do Carmo, no Caju, no sábado.
Nascido em 1934, em Teresina, no Piauí, e radicado por muitos anos no Rio de Janeiro, o escritor atuou também como crítico literário e professor de escrita e literatura. Recentemente ele concluiu o livro “Rerom Novarum — Opus 18”, que contava um pouco de sua própria história. A obra ainda está em processo de publicação.
— Depois de se aposentar ele veio fazer o que gostava, dar a caminhada em Copacabana, beber vinho com a minha mãe e escrever. Há cerca de cinco semanas ele disse: “Acabei meu livro, agora posso descansar” — lembra o filho Daniel Nascimento.
O amor pelas palavras também é citado por Esdras Costa Nascimento, irmão de Daniel: — Ele escrevia diariamente oito horas por dia. As vezes reclamava que no Brasil era difícil de se viver da literatura, mas sempre quis isso.
O livro de maior repercussão do autor foi “Lição da noite”, lançado em 1998 pela editora Record e premiado como romance do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). A obra traça um panorama da classe média carioca, com uma narrativa que se alterna entre o ponto de vista de quatro mulheres e três homens.
Além de “Lição da noite”, Esdras publicou romances como “Solidão em familia” (1963) e “Variante Gotemburgo” (1978), resultado de sua tese de doutorado em Letras pela UFRJ. É autor ainda de um livro de ensaios sobre Henry Miller e do volume de contos “Vinte histórias curtas” (1960), entre outros.
Por mais de 20 anos, Esdras foi professor em oficinas literárias no Rio e em outras cidades. Defendia a necessidade de estimular em seus alunos a leitura atenta de grandes romances e contos da literatura brasileira e universal.
Esdras do Nascimento deixa a mulher Dalva e três filhos, Daniel, Esdras e Andrea.
(Fonte: O Globo)



ENTREVISTA SIMULTÂNEA
Esdras do Nascimento
Nasceu em 8 de fevereiro de 1934, em Teresina, PI. Filósofo, jornalista, tradutor, romancista e doutor em Letras pela UFRJ. Para obter o título de doutor em 1977, apresentou como tese o romance Variante Gotemburgo (Liza/Nórdica, 1982). Pela primeira vez no Brasil e, talvez, no mundo, uma universidade aceitou uma obra literária como tese para obtenção de grau acadêmico. Seu primeiro livro saiu em 1960 – Vinte histórias curtas (Sávio Antunes) – e o primeiro romance saiu em 1963: Solidão em família. (Civilização Brasileira). No ano seguinte Convite ao desespero é lançado pela Civilização Brasileira e, em 1998, é relançado pela MultiMais. Com esses dois romances, inscreve-se na galeria dos destacados autores nacionais. Avesso às badalações literárias, foge de reuniões sociais, noites de autógrafos e eventos de qualquer tipo. Seu 12º romance – Lição da noite – recebeu o prêmio de melhor romance de 1998 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Sem abandonar o romance, passou a escrever para o público infanto-juvenil, conseguindo grande sucesso com O gato de botas, Quatro num fusca, Era urso?, Os três desejos, A galinha dos ovos de ouro e o menino sem pátria, todos lançados pela Ediouro. Outros livros: Tiro na memória (Nórdica, 1978); Engenharia do casamento (Record, 1968); Paixão bem te temperada (Nórdica, 1986); As surpresas da paixão (Nórdica, 1986); Minha morte será manchete (Revan, 1994); A dança dos desejos, opus 13 (A Girafa, 2006); A rainha do calçadão, Opus 14 (Global, 2011), A dança das paixões, Opus 15, (Descaminhos, 2013) e Lábios africanos, Opus 17 (Cintra, 2014) em que expõem as mazelas do Rio de Janeiro, seus mistérios, beleza, desafios e desgraças. Durante muito tempo dirigiu uma uma oficina de criação literária. Faleceu em 11/09/2015.
Prossiga na entrevista:

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