Wednesday, June 08, 2011
Dicionário de brasiliês mostra a cara e a fala da cidade
Livro com 884 verbetes sobre a capital será lançado na próxima quarta-feira
Brasília já possui um vocabulário para chamar de seu. Em Brasília, edifício é bloco; bicicleta é camelo; ônibus tem pelo menos três apelidos: baú, caixão e GOL (grande ônibus lotado). Já o micro-ônibus é zebrinha; o radar é pardal; retorno é tesourinha; térreo é pilotis; periquito é maritaca; e tiara é diadema.
Na próxima quarta-feira será lançado em Brasília um livro que retrata com humor e irreverência o cotidiano da capital do país - as gírias, as expressões, os apelidos e outras coisinhas do universo da cidade. Trata-se de “O bê-á-bá de Brasília: dicionário de coisas e palavras da capital”. O autor é Marcelo Torres, jornalista, baiano, radicado há oito anos na cidade.
A obra não se limita às gírias, palavras e expressões do cotidiano do Distrito Federal. Ela também aborda, de um jeito informal e irreverente, os mais diferentes aspectos da capital do país. No livro aparecem verbos como “arrudiar” e “abadiar” e apelidos de locais, prédios, monumentos e vias públicas, como Cascata, Água Mineral, Prendedor, Bolo de Noiva, Túnel do Tempo, Torres Gêmeas, H, Eixinhos.
Outra característica da cidade que aparece no livro são as siglas, muitas siglas: QI, QL, SQN, SPMW. “A cidade tem duas siglas como codinomes: BSB e DF”, brinca o autor. “Até o presidente que mandou construir a cidade é uma sigla – JK”.
Além da sigla, o livro mostra a tendência dos jovens brasilienses de abreviarem as palavras: véi, cachu, refri, Taguá, Ban-Ban, cerva, Piri, mó, fi e até fi-in são alguns termos. Fatos, frases, palavras, gírias, expressões, coisas típicas, curiosidades, bizarrices. São 884 verbetes, num espécie de Brasília de A a Z. “Este livro é uma declaração de humor a Brasília”, diz o autor.
Marcelo nasceu na pequena cidade de Sátiro Dias-BA, a 210 km de Salvador; com 15 anos de idade foi estudar em Salvador, onde se formou em Jornalismo, pela Universidade Federal da Bahia. Funcionário de carreira do Banco do Brasil, passou em seleção interna em junho de 2002 e veio trabalhar na Diretoria de Marketing e Comunicação, em Brasília, onde foi editor de uma revista interna.
O autor já publicou um livro de crônicas – “O Fuxico” -, quando ainda morava em Salvador. Foi uma edição própria, com tiragem de 1.000 exemplares. “Vendi uns 300, o resto foi doado”, brinca. Ele diz que começou a fazer o livro sobre Brasília logo quando chegou aqui. “Com dois dias, já ouvia coisas como tesourinha, pardal, balão, pilotis, camelo e zebrinha. Logo pensei em fazer um livro do tipo ‘Dicionário de Brasiliês’”, revela.
“Eu sempre ouvi e anotei palavras e expressões, em mesa de bar, numa corrida de táxi, num ponto de ônibus, no trabalho”, conta. “Nada escapa do meu olhar – outdoor, placas, faixas, gôndolas, catálogo telefônico, anúncio de jornal, tudo”. Ele fala que ouviu os mais diferentes tipos de gente - garçons, skatistas, servidores públicos, políticos, policiais, pichadores, jornalistas, camelôs, músicos. “Eu ouvi até os surfistas do Lago Paranoá”, diz.
O autor, porém, ressalva: “Nem tudo no livro é exclusivo de Brasília. Há muitas coisas que são faladas em outras cidades também. Os verbetes do livro são típicos de Brasília, mas não necessariamente originais”, explica. “Uma coisa típica de Brasília é algo característico daqui, como o ‘tipo assim’, mas não só daqui. Já a coisa original – como ‘pardal’ - é aquela que se originou aqui”, conclui.
Serviço
“O bê-á-bá de Brasília: dicionário de coisas e palavras da capital”
Editora Thesaurus, 96 páginas, R$ 20,00
Dia: 15 de junho (quarta-feira)
Horário: 18h30
Local: Carpe Diem, 104 Sul
Site: www.thesaurus.com.br
Contato com o autor: (61) 9962 6035
marcelocronista@gmail.com
Glossário brasiliense
Balão = rotatória Pilotis = térreo
Baú = ônibus Parada = ponto de ônibus
Bloco = edifício Pardal = radar
Bodinho = mauricinho Peta = biscoito fininho
Cabuloso = muito bom Picado = Um cigarro
Camelo = bicicleta Pirulito = poste de colar cartaz
Chico = menstruação Pisante = tênis
De boa = sem problema PON = Projeto de Oscar Niemeyer
De rocha = de verdade Prego = Bobão
Dindin = picolé no saco Profissa = garota de programa
Dodó = doméstica Quadra = rua
Eixo = avenida Rampeira = namoradeira
GOL = grande ônibus lotado Se pá = se der certo
Jazinho = rapidinho Setor = bairro
King-Kong = gafe gigante Tesourinha = retorno
Lacerdinha = redemoinho Tiara = diadema
Lixeiro = gari Toguinha = assistente de tribunal
Maritaca = periquito Véi = amigo
Meleca = adesivo Via = avenida
Monoplex = quitinete Zebrinha = micro-ônibus
Panela = bobão
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