Da nossa aldeia
As panelas areadas
na beira do rio.
Areia fininha, esfregada
com pano velho no
alumínio da velha
frigideira fritadeira:
das sardinhas, dos pacus;
refletindo o intenso sol
amazônico; as panelas
reluzentes penduradas
na parede da cozinha
da casa humilde ribeirinha,
amazônica, reluzindo uma
espécie de estante de troféus.
Condecorações alinhadas
traduzindo: pobreza, paciência, des-treza.
A pureza da alma amazônica,
refletida no desvelar da fuligem
retirada com esmero delicado
pelas mãos ciosas das mulheres.
Mães laboriosas, dos filhos
desterrados a ouvi-las à distância
no canto sagrado da nostalgia
de um tempo do verde e das águas.
Na beira do rio as panelas
areadas a brilhar, a brilhar
a brilhar, além! Lá bem...
“Nostalgia do mais”: “paixão do infinito”.
Poema de Donaldo Mello dedicado ao amazônida Arlindo Castro, artista residente em Brasília.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment