Wednesday, July 30, 2008

Quinta livre em defesa da arte de Brasília - T-bone


A idéia principal é democratizar o espaço num formato de show de rua. O público poderá declamar, fazer comentários sobre livros e até cantar. Luiz Amorim mais uma vez inova destinando o espaço para revelar nomes e incentivar artistas que nunca se apresentaram em público.

Sempre na última quinta-feira do mês a “agenda livre” terá convidados especiais, escritores e músicos da cidade, para incentivar os mais novos.

ESCRITORES E POETAS CONFIRMADOS

Marcos Pacheco, Nicolas Behr, Vicente Sá, Donaldo Mello, Paulo José Cunha, Luiz Turiba, Gugon, Meneses y Morais, Adilson Cordeiro, Cacá (Tribo das Artes) e Manoel Jevan (Sarau ACLAPMuralha, da Ceilândia).


APRESENTAÇÃO MUSICAL

Anand Rao - Show Ancoradouro dos Bens Poético - Musicais do escritor e jornalista Anand Rao. Anand têm 18 livros de poesia publicados, participação em várias antologias, 03 cds independentes lançados. Apresenta-se desde 1979 com seu violão e sua percussão de boca. Apaixonado pelo jazz, música instrumental e MPB, Anand criou um gênero musical e tem apresentado pelo Brasil o MPBJazz, que são músicas onde a harmonia, melodia e ritmo são criadas na hora, no palco, na frente das pessoas. O show Ancoradouro dos Bens Musicais é composto de 25 canções próprias, algumas antológicas da MPB e uma de Gershwin, a conhecida Summertime. O ponto alto do show são as composições feitas na hora (MPBJazz) que geralmente são gravadas em MP3 ou MPEG e posteriormente são enviadas à pessoa do publico que a inspirou sendo esse o diferencial de seu espetáculo


Duo Perdurabo - Composto por Ângelo Macarius e Cristiano Lourenço, ambos compositores e amantes da boa música, seja qual for o estilo que pertença. O Duo Perdurabo abraça as releituras de clássicos da MPB, tendo eixo no estilo de violão único de Cristiano e na voz emocionada de Ângelo, que é vocalista e compositor da banda Lótus Negro. Cristiano é vocalista, violonista e compositor da banda Cerrado Sólido, ambos são fundadores da banda Defensoria Funk S.A.

Informações:
Francisca Azevedo – (61) 8432-3669
Data: 31/07
Horário: 20 horas
Local: Açougue Cultural T-Bone: SCLN 312 Bl B Lj 27 Brasília-DF
Tel: (61) 3963-2069
Site: www.t-bone.org.br
ENTRADA FRANCA!

Monday, July 28, 2008

Poetas Piauienses na I Bienal Internacional de Poesia – Fred Maia

Piauiense de Oeiras, jornalista. Poeta, letrista, intelectual que atua no cenário da alta formulação e administração das políticas públicas da cultura nacional. Nasceu no Piauí e agora vive em Brasília. Como diz Chico César, “sempre com poesia e um sorriso no lábio...”Publicou “Um Rock por Nada” (São Paulo: Ed.Arte Pau Brasil), “eupor” (São Paulo: Ed.Nômades); “Mais que Imperfeito” (Porto Alegre: Poema Editora, 2004) e o ensaio “Plinio Marques – a crônica dos que não têm voz” (São Paulo: Ed.Boitempo), em parceria com Vinicius Pinheiro e Javier Contreras.

“Mais que Imperfeito” tem letras, tem haikai, tem poesia e até prosa. NO “Mais que Imperfeito” de todo jeito se goza.” ALICE RUIZ

“Fred Maia chegou perto da perfeição nesse “Mais que Imperfeito”. Seja na precisão dos hai-kais, nos poemas mais extensos ou nas letras de música, ele esbanja lirismo e alma. Fred é um poeta comovente. Como os bons.” ZECA BALEIRO

“A densidade poética de Fred Maia é aplicada, verso a verso, sobre a base do inconformismo estético e da economia verbal. Sua poesia investiga e investe na invenção e na reflexão, que são exigências básicas para qualquer produção de linguagem moderna. A opção pelo poema curto, filiado à tradição do Hai-Kai, imprime à poesia de Fred Maia um lirismo essencial, sem adiposidades, convocando o leitor a retirar-se da comodidade discursiva, da compulsão verborrágica, tão comuns na tradição lírica brasileira.” FELICIANO BEZERRA

Emversoeprosa: Qual a importância da Bienal Internacional de Poesia – BIP para o Brasil?

Fred Maia: A Bienal, com certeza, aproximará poetas de várias gerações e de diversos países, em torno do tema poesia - que anda sumida e sem lócus - para uma possível articualção enquanto linguagem e produto cultural. Precisavamos desse espaço de visibilidade, institucionalidade, reconhecimento dos processos, identificação dos atores/atrizes da cadeia produtiva, para definição de ações, diretrizes e políticas públicas para a dinamização do setor. Imagino, que devemos aproveitar o espaço e o momento, para discutir estas questões.

Emversoeprosa: Como se dará sua participação no evento?

Fred Maia: Vou apresentar poemas e fazer leituras em bares e espaços culturais (desconheço quais) e articular/organizar o carnaval...

Emversoeprosa: Poeta, a Poesia está viva? O que é a Poesia?

Fred Maia: A poesia está viva, mas parodiando José Paulo Paes: juro que não fui eu que a ressuscitei. Poesia, para mim? bem, trata-se de uma reserva de oxigênio.


barato custa caro
na tua conta sobra zero
na minha falta

*

a justiça é cega
a injustiça cega

*

um dia fará sentido
o lado bom da vida
por outro lado
tudo fará sentido

o que é bom dura pouco
diz o ditado
mas nada estará perdido
do mal restará saber
quanto foi doído

e que tudo passa
como é sabido
para quem faz da dor
antídoto

*

contra o azul
nuvens rasantes
ascendentes urubus

*

o pássaro voa do galho
a árvore vai junto
num ato falho

*

biblioteca
primeiras leituras de menina
olhos de boneca


http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/piaui/fred_maia.html

Monday, July 21, 2008

V Noite de Poesia - Carpe Diem



13 Poetas
Transmissão ao Vivo
Livros e Poesia
Quarta Feira 19:00 no Carpe Diem
SCLS 104 - Asa Sul Bsb/Df

Anand Rao Brasília DF
Arádia Raymon Pires do Rio GO
Fátima Paraguassú Goiânia GO
Gustavo Dourado Brasília DF
Isolda marinho Brasília DF
Jorge Amancio Brasília DF
Márcia Maranhão
De Conti Goiânia GO
Maria Félix Brasília DF
Marilza Rezende Brasília DF
Nane Pereira Blumenau SC
Ney do Prado Dieguez Brasília DF
Sandra Fayad Brasília DF
Stella Rodopoulos Brasília DF

Memento Mori - A Literatura vista com outros olhos

Teremos também o lançamento do mais novo trabalho da escritora Stella Rodopoulos.

Venha e declame sua poesia! A entrada é franca!

Sunday, July 20, 2008

Poetas Piauienses na I Bienal Internacional de Poesia - Menezes y Morais

Poetas Piauienses na I Bienal Internacional de Poesia

Menezes y Morais é o pseudônimo de José Menezes de Morais, jornalista e professor. Nasceu e viveu a infância em Altos, Piauí. Está em Brasília desde 1980. Sua estréia literária foi em 1975 com Laranja partida ao meio. Já publicou nove livros de poesia (até 2005), sendo o último Na micropiscina da lágrima feliz (Brasília, 1999). É um promotor cultural, liderando o Coletivo de Poetas, movimento criado em 1992 que leva amantes da poesia e da música para encontros em bares da cidade.

Em versoeprosa: Qual a importância da Bienal Internacional de Poesia – BIP para o Brasil?

Menezes y Morais: A importância da BIP para o Brasil, no meu entendimento, é a troca de informação que um evento desse porte proporciona e que, a médio e a longo prazo, pode significar uma melhoria na qualidade do fazer poético no Brasil, mais precisamente, junto aos poetas brasileiros que participarão do encontro. As pessoas de todas as áreas da cultura e do conhecimento humanos precisam se encontrar, discutir, trocar idéias.

Emversoeprosa: Como se dará sua participação no evento?

Menezes y Morais: Ainda não sei como será a minha participação, mas certamente recitarei e levarei alguns exemplares dos meus livros na Micropiscina da Lágrima Feliz (poesia) e da peça de teatro, Por Favor, Dirija-se a Outro Guichê.

Emversoeprosa: Poeta, a Poesia está viva? O que é a Poesia?

Menezes y Morais: A Poesia continua viva, quem disse que ela morreu não ficou vivo para ir ao enterro. Como dizia Maiacovski, o que me faz interessante é ser poeta. A Poesia para mim é o pulmão da vida. Sem ela eu não sei se conseguiria viver sem respirar.


Poemas de Menezes y Morais:


INCÊNDIO

Como o sol fecunda o dia
tu estás em mim
eu estou em ti

Neste transitório incêndio
água da certeza
Feito um grito livre
na garganta presa


AMANHECER DA AMADA COM PÁSSAROS Y ESTRELA

Bom dia Amiga
lá fora
agora
os pássaros já trabalham suas cantigas
É hora de seguir a estrela

Extraídos de Outros cantares de igual teor. Brasília> Ed. Autor, s.d.


na retina do tempo

quem cuida da saúde dos animais
quando eles estão doentes?
algumas espécies
fazem o autocatamento de piolho
e os pássaros celebram o dia
na orquestra do canto
enquanto isso
o tempo escorre indiferente
na retina do olho de Deus


primavera de si

a usina do tempo
turbina a aurora
no cio de si a felicidade se renova


Extraído de Na micropiscina da lágrima feliz. Brasília: Ed. do Autor, 1999.



http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/menezes_morais.html



Brasília vai receber os poetas em setembro
Enquanto prepara o seu acervo, a Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), sob a direção do poeta e professor da Universidade de Brasília Antonio Miranda, trabalha paralelamente na organização da I Bienal Internacional de Poesia de Brasília (I BIP), um projeto arrojado, que visa a tornar o DF um solo fértil à produção de qualidade e celebração da poesia. A preparação do evento contou com o apoio de parceiros variados, em discussões sistemáticas promovidas na BNB, desde setembro de 2007.
Desde então, mais de uma centena de poetas brasileiros e estrangeiros foram convidados a participar da I Bienal Internacional de Poesia de Brasília (I BIP), que será realizada de 3 a 7 de setembro, em diversos espaços culturais da cidade. O evento reunirá as novas tendências da poesia contemporânea brasileira e internacional escrita, falada, cantada, visual, performática e digital.

http://www.bienaldepoesia.unb.br/

Thursday, July 17, 2008

Cursos no Polo de Pensamento Contemporâneo - POP





Cursos, oficinas, debates e muito mais
Inscrições pelo tel. (21) 2286-3299
ou pelo site: www.polodepensamento.com.br

Novos cursos - agosto e setembro

Nos limites da expressão
Ferreira Gullar
Sintomas contemporâneos em psiquiatria e psicanálise
Luiz Alberto Py
História do humor no cinema e na televisão
Jayme Akstein
Análise de filmes: seqüências de abertura
Pedro Butcher
Os reinventores do homem: Freud, Darwin, Marx, Einstein
Jurandir Freire Costa, Ricardo Waizbort, Clara de Góes e Luiz Alberto Oliveira
Globalização a olho nu
Clóvis Brigagão
Machado de Assis, nosso contemporâneo
Gustavo Bernardo, Antonio Carlos Secchin, Marta de Senna e Katia Muricy
Novas TVs
Belisário Franca, Ronaldo Lemos , Estevão Ciavatta , Regina Casé e Lúcia Araújo
Obras de arte entre ruptura e filiação
Zaven Paré
Mutações da cultura e o imaginário cinematográfico
Ieda Tucherman
Nelson Rodrigues: a modernidade em conflito
Victor Hugo Adler Pereira
Esse tal de roquenrol
Arthur Dapieve
Nutrição consciente
Luciana Ayer
Desejo e rejeição: a produção do urbano e a crise do Rio de Janeiro
Sérgio Magalhães
50 anos da bossa nova - pensando a trilha sonora do Brasil moderno
Ruy Castro, Santuza Cambraia Naves, André Midani e Nelson Motta
Mestres da poesia moderna: Baudelaire, Rimbaud, Mallarmé e Pound
Ivo Barroso, Marcelo Jacques de Moraes, Ana Alencar e Cristina Monteiro de Castro Pereira
Encontros marcados com o romance policial
Muniz Sodré, Tony Bellotto, Luiz Alfredo Garcia Roza e Marçal Aquino
Os caminhos do conto - oficina de escrita criativa
Ondjaki

Fonte: www.polodepensamento.com.br

Wednesday, July 16, 2008

Jorge Mautner no T-Bone



ANGÉLICA TORRES NO BATE-PAPO LITERÁRIO

Angélica Torres nasceu em Ipameri (GO). Cursou Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília (UnB) e Direção e Cenografia em Artes Cênicas, na Fefieg (atual Unirio). Formou-se em Comunicação pela UnB e especializou-se em edição de livros e periódicos pela Universidade de Wisconsin (EUA). Trabalhou em diversos jornais, geralmente em editorias de cultura. Publicou Sindicato de Estudantes (1986), pelo qual recebeu o Prêmio Mário Quintana de Poesia, do Sindicato dos Escritores de Brasília, e Solares (poesias, 1988), com o grupo Bric a Brac. É autora do texto de Koikwa, Um Buraco no Céu (Editora UnB, 1999). Autora dos livros de poesia Paleolírica (Brasília: Alô Comunicação, 1999) e O Poema quer ser Útil (Editora LGE,2006).

Fortuna crítica

“Angélica Torres Lima estabelece sua forma elíptica, fabricando, no momento mágico da criação, a interação exata entre o dito e o feito. Essência e existência resultam instantâneas na fulguração luminosa do poema”.

Reynaldo Jardim, sobre Paleolírica.

“Anoiteceu é um poema que T.S. Eliot assinaria. Girassol é magnífico. Admirável em sua contenção, em sua essencialidade... Madrugada de agosto é esplêndido! Uma obra-prima! Lembra o imortal poema da grande poeta Safo, de Mitilene. Ei-lo: ‘A lua declina, as Plêiades no ocaso; a noite vai a meio; o tempo no seu fluxo, e eu, em meu leito, sozinha’”. Oswaldino Marques, sobre Paleolírica.


"Você não sabe, Angélica, mas quando cheguei ao Rio, fui fazer uma conferência, de novo sobre a (in)utilidade da poesia e, de repente, de memória, falei um poeminha do seu livro, de imenso e lúdico significado: ‘Tomara que caia/ um haicai / na tua saia’. É isso. Poesia é o que fica, é essa flor de palavras presa em nossa vida para sempre”. Affonso Romano de Sant’Anna, sobre O Poema Quer Ser Útil.

leia mais:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/angelica_torres_lima.html

Tuesday, July 15, 2008

Sames blues




PURO JAZZ MADURO JAZO

No trompete de Nichols Payton dou o tom
No flugelhorn de Clarke Terry um relaxado bluesy
No piano de Hancock dedilho imaginário som
No sax-tenor de John Coltrone, ou de Joshua Redman
Ou James Carter /round midnight/ lanço todo meu temor
Do baixo de Christian McBride vem meu brado
Na voz de Ernestine Anderson o melhor de blues,
Dues & love news
Puro jazz
Maduro jazo
Entre acordes medonhos
Palavras e scat-singing
Medgar ever blues
Mendigar um blues
Blues & love news
- in orbit – Monk –
dunkler Mond.

Marcos Freitas. In: Staub und Schotter, 2008.

Wednesday, July 09, 2008

VII Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas

A Fundação Pró-Natureza convida você para participar do VII Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas nos dias 10 a 13 de julho, na Chapada Gaúcha - Minas Gerais, MG. O Encontro dos Povos foi concebido pela Funatura com a parceria de prefeituras e diversas outras instituições no Projeto de Implementação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) no Cerrado Brasileiro (GEF/PNUD), executado no entorno dos Parques Nacionais Grande Sertão Veredas (MG) e Chapada dos Veadeiros (MG), de 2001 a 2005.

Já foram realizados quatro Encontros dos Povos na Chapada dos Veadeiros, nos municípios de Cavalcante (2002), Colinas do Sul (2003), São João D´Aliança (2004) e Alto Paraíso de Goiás(2005). Um Encontro de Arte, Cultura e Meio Ambiente, em Formoso,MG (2003) e seis Encontros dos Povos no município de Chapada Gaúcha, MG (2002 a 2007).

A Prefeitura de Chapada Gaúcha (MG) inseriu o evento no seu calendário anual e, desde a finalização do Projeto RPPNs executado pela Funatura, vem dando continuidade à realização dos encontros demonstrando a sustentabilidade do Projeto, o estabelecimento de parcerias e a importância da participação das comunidades dos municípios do entorno do Parque Nacional Grande Sertão Veredas.

Nesta sétima edição será comemorado o centenário do nascimento do escritor João Guimarães Rosa, autor do romance Grande Sertão: Veredas, além das atividades culturais promovidas pelas comunidades e parceiros: Corredor das História, Oficinas, Mesa Redonda, Debates, Músicas, Apresentações Culturais, Contadores de Histórias, Comidas Típicas, Casa do Sertanejo, Venda Sertaneja e diversas outras atrações.

A Funatura executa vários projetos na região por meio do Programa Grande Sertão, atuando na proteção da biodiversidade, desenvolvimento sustentável, educação, saúde e cultura, articulação institucional e políticas públicas.

Conheça os projetos da Funatura: www.funatura.org.br

Livro na Rua - Micro-antologia Marcos Freitas

Saiu o Livro na Rua - Micro-antologia Marcos Freitas, Série Escritores Brasileiros Contemporâneos nº 44, Editora Thesaurus, Brasilia - DF, 2008.

Confiram alguns poemas.

O ADORMECER DAS PALAVRAS

entender da palavra apenas uma face secreta
talvez, no máximo, duas
e com elas compor um único verso,
com paixão e alma nuas

contemplar esse verso,
infortuito e desprovido de idéias,
mas pleno de imagens e signos
carcomidos pelo (irreversível?) tempo

pudesse eu compreender
o poder da palavra,
da fala, mesmo quando esta
ao fim se cala

e deitar na noite de sono
profundo,
profundo quanto amor de mãe.

(A Vida Sente a Si Mesma, 2003)


SONHOS SOMOS

uns dizem que os sonhos devem ser vividos
outros que eles devem ser divididos
já outro que sonhos sonhos são
e eu o que digo?
e eu o que sonho?

às vezes o tempo passado
me é futuro
do presente ou do pretérito
eu já nem sei?

o que esperar dos sonhos?
o que esperar do que somos?

som e sonho:
partituras atemporais.

(A Vida Sente a Si Mesma, 2003)


QUADRO

hoje sim
quero te descrever
em cores
lambuzar-te de tintas

no lugar dos seios
riscos rápidos
no lugar dos braços
formas curvas
em perspectivas

no lugar das pernas
pingos, pingos e mais pingos
esparramar suave em ondas
teu ventre em chamas

hoje sim
adoraria borrar
todo esse quadro
com um jorro de tinta

(A Terceira Margem Sem Rio, 2004)


PEDRA DO SAL

as jangadas partem cedinho
e somem no imenso azul distante
balançam, balançam e balançam no mar
retornam à tardinha
no cesto, três ou quatro peixes
vendidos a quatro ou cinco reais

(Moro do Lado de Dentro, 2006)


FOTO TABOCA

quem não deixou
sua alma aprisionada
em 3X4
no lambe-lambe
do Seu Chiquinho
na Praça da Bandeira?

(Moro do Lado de Dentro, 2006)


ALFABETIZAÇÃO

alfabetizou-se pelo MOBRAL
teve assistência do Projeto Rondon
aventurou-se no Esquema I e no Projeto Minerva
acompanhou todo o Telecurso Segundo Grau
excursionou no Comunidade Solidária
e agora vive às turras com a tal Exclusão Digit@l.

(Moro do Lado de Dentro, 2006)


FINA LAVRA

ante tua reboante beleza
meus atalhos e palavras:
rebotalho de terras lavradas

(Quase um Dia, 2006)

PINGOS DE LÁGRIMAS

como pia a pia da cozinha

(Quase um Dia, 2006)


RUA DO BARROCÃO

no quintal da minha infância
brotavam goiabas
vermelhas, brancas.

no terraço de minha adolescência,
entre bolas e bilas,
cresciam amizades sólidas.

hoje,
homem maduro,
ainda planto sonhos
e aguardo frutos.

(Na Curva de um Rio, Mungubas, 2006)

NECTÁRIO

faço circular
minha seiva
abundante -
qual a de um
parenquimático
arvoredo -
(cromoplastas lembranças)
e de meu ápice caulinar
dou origem ao floema, ao xilema
e ao poema

(Na Curva de um Rio, Mungubas, 2006)

VIVÊNCIAS

as caatingas
como os sertões
estão
em toda parte
de minha solidão

(Raia-me fundo o sonho tua fala, 2007)

"DESCLASSIFICADOS" - Jornal Virtual de Poesia



Um Jornal Virtual de Poesias - título: “Desclassificados”.

"Nasce aí, a minha primeira inserção no cyber espaço. Nesta época ainda não tinha consciência do que este - tapete voador - chamado “Desclassificados” poderia fazer. Posso afirmar que tudo nasceu da necessidade de expor meu trabalho, a idéia, sempre foi, a de interferir na realidade, e sanar esta necessidade que sinto de me expressar.

O título “Desclassificados” vem da realidade de perceber que a poesia não é um produto na lista de consumo. E, que também não se encontra nos ditos “classificados” desta ordem cultural chamada indústria...

Este é o jornal "Desclassificados" nº 8 de 25 - fui muito feliz neste.
Caso queira ver todos os 25 que já foram criados."

Marco Llobus

Leia mais em:
http://picasaweb.google.com.br/llobus
http://www.marcollobus.blogspot.com/

Monday, July 07, 2008

Festival Palco Giratório - SESC


Entre os dias 2 de julho e 2 de agosto acontece o Festival Palco Giratório, edição 2008. O evento realizado pelo SESC/DF reúne espetáculos teatrais de todo o país. As apresentações irão ocorrer nos teatros das Unidades do SESC Taguatinga Norte (Teatro SESC Paulo Autran), Ceilândia (Teatro SESC Newton Rossi) e 913 Sul (Teatro SESC Garagem). Entrada mediante doação de 1 kg de alimento não-perecível por pessoa. As peças serão encenadas também na Praça do Relógio, em Taguatinga e na Praça do Povo, no Setor Comercial Sul.

O Festival Palco Giratório apresenta espetáculos teatrais e danças de diferentes estilos, selecionados em todo o país. Ao final de cada apresentação são organizados debates, oficinas e workshops com o propósito de estimular a reflexão sobre os temas abordados nas peças.

Este ano, o Festival traz para o público mais de 20 espetáculos dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás. O Distrito Federal vai ser representado pelas peças que participaram do Prêmio SESC do Teatro Candango de 2007.

O Festival Palco Giratório surgiu há mais de 10 anos por iniciativa do Departamento Nacional do SESC com o objetivo de realizar o intercâmbio das artes cênicas de todo o país. No entanto, foi por iniciativa do SESC/DF que a mostra de peças teatrais adquiriu o formato de festival.

O SAPATO DO MEU TIO (BA)
Dia: 8/7 (terça-feira)
Local: Teatro SESC Garagem
Horário: 20h
Dia: 9/7 (quarta-feira)
Local: Teatro SESC Paulo Autran
Horário: 20h
SINOPSE: A peça conta a história de dois artistas nos bastidores dos espetáculos
que apresentam em diversas cidades. O mais velho deles, o Tio, desiludido com o
rumo de sua carreira, começa a ensinar sua arte para o sobrinho, revelando uma
relação de poucas palavras, mas cheia de respeito, humor e, sobretudo, poesia. Entre
sucessos e fracassos, os personagens apresentam uma verdadeira homenagem ao
ofício do palhaço, onde temas como a passagem do tempo e a aprendizagem são
explorados ora por meio do drama, ora por meio da comédia.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: a partir de 5 anos
CATEGORIA: Clown-Teatro
Ficha Técnica:
Companhia de Teatro: Cia do Meu Tio
Direção: João Lima
Roteiro: Alexandre Luis Casali e Lúcio Tranchesi
Elenco: Lúcio Tranchesi (o Tio) e Alexandre Luís Casali (o Sobrinho)
Iluminação: Fábio Espírito Santo
Cenário: Agamenon Abreu
Figurino: Rino Carvalho
Fotos: Manu Dias
Música: Jarbas Bittencourt
Produção: Selma Santos

AMOR E LOUCURA (BA)
Dia: 10/7 (quinta-feira)
Local: Teatro SESC Garagem
Horário: 20h
Dia: 11/7 (sexta-feira)
Local: Teatro SESC Paulo Autran
Horário: 20h
SINOPSE: Foi baseado no instigante tema os mistérios do amor que o Grupo A Roda
Teatro de Bonecos fundamentou sua pesquisa para desenvolver um novo trabalho. A
partir de argumento de origem mitológica recontado pela escritora renascentista
Louise Labé (em “Débat de Folie et d`Amour”), Amor e Loucura fala do encontro
dessas duas figuras e de como elas nunca mais se separaram. A concepção do
Grupo imprime ao tema elementos apoiados pela magia dos bonecos de madeira
confeccionados por Olga Gómez e pelos trechos líricos narrados pela própria poetisa
baiana Myriam Fraga. A trilha composta por Uibitu Smetak e o desenho de luz de Irma
Vidal pontuam as ações dos bonecos delimitando a fronteira entre o real e o
imaginário.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 anos
CATEGORIA: Teatro de Bonecos
FICHA TÉCNICA:
Direção: Olga Gómez
Poemas: Myriam Fraga
Roteiro Original: Grupo A Roda Teatro de Bonecos
Elenco: Fábio Pinheiro, Marcus Sampaio e Stella Carrozzo
Direção de Cenas: Rino Carvalho e Grupo A Roda
Cenografia e Figurino: Fábio Pinheiro e Olga Gómez
Direção Musical e Execução da Trilha: Uibitu Smetak
Iluminação: Irma Vidal
Produção: Grupo A Roda

O GRANDE CIRCO DOS IRMÃOS SAÚDE (DF)
Dia: 10/7 (quinta-feira)
Local: Praça do Relógio – Taguatinga Centro
Horário: 12h30
SINOPSE: Estrelado por dois amigos, irmãos e palhaços, o espetáculo apresenta
elementos de esquetes tradicionais, temperadas com manobras acrobáticas, cenas de
capoeira, brincadeiras populares e números de malabares do circo moderno.
Concebido para ser apresentado na rua, o espetáculo foi pensado de forma fácil para
se transportar, montar e apresentar. Contudo, ganha requintes de luz, efeitos sonoros
e fumaça, quando apresentado em um teatro. Esse é um trabalho que tem a
simplicidade da rua e grandiosidade do circo.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: livre
CATEGORIA: Teatro de Rua
FICHA TÉCNICA:
Realização: Movimento Rua do Circo – Circo Teatro Artetude
Direção: o grupo
Produção: Joana Henning
Coordenação: Joana Henning e Ankomárcio Saúde
Elenco: Ankomárcio e Ruiberdan Saúde (Irmãos Saúde)
Cenografia: o grupo
Técnico da estrutura de lona: Palhaço Simpatia
Financeiro: Ruiberdan Saúde
Parcerias Artísticas: Grupo Cultural e Social Grito de Liberdade e Grupo Cultural Pé
de Cerrado
Parcerias Institucionais: Associação Ossos do Ofício, Cooperativa Brasiliense de
Atores e Clube da Imprensa de Brasília

BRINCADEIRAS DE CIRCO (DF)
Dia: 11/7 (sexta-feira)
Local: Praça do Povo – Setor Comercial Sul
Horário: 12h30
SINOPSE: O espetáculo conta a história de três palhaços que revivem a magia do
circo tradicional. Especialmente voltado para o resgate da linguagem do teatro de rua,
e do “brincar” popular. Rico em elementos como canções populares, jogos
acrobáticos, bonecos, mágicas, brincadeiras de roda, equilibrismo e malabarismo.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Livre
CATEGORIA: Teatro de Rua
FICHA TÉCNICA:
Realização: Movimento Rua do Circo – Circo Teatro Artetude
Direção: Irmãos Saúde e Mandioca Frita
Coordenação Geral: Ankomárcio Saúde
Produção: Joana Henning
Elenco: Ankomárcio Saúde, Ruiberdam Saúde, Julio César Macedo e Marco Aurélio
Feresin

DIÁRIO DO MALDITO (DF)
Dia: 11/7 (sexta-feira)
Local: Teatro SESC Garagem
Horário: 20h
SINOPSE: O espetáculo é resultado de dois anos de pesquisa acerca da vida e obra
do dramaturgo Plínio marcos. Durante a apresentação, o público é recebido num bar
onde conhecerá diversas histórias e personagens que descrevem a trajetória divertida
e comovente de um poeta. A peça traz à tona a incerteza de um artista que dedicou
anos a fio a escritos de denúncia social e agora, pensa em parar de criar.
Inconformados com a situação, seus personagens invadem a cena para cobrá-lo. A
concepção cenográfica busca potencializar a atmosfera de marginalidade, abandono
e esquecimento, uma marca registrada dos personagens de Plínio Marcos.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 anos
CATEGORIA: Teatro
FICHA TÉCNICA:
Direção: Francis Wilker
Assistente de Direção: Ivone Oliveira
Dramaturgia: Juliana Sá
Consultoria Artística: Tiche Vianna
Elenco: Aline Seabra, Alonso Bento, Gleide Firmino, Jhony Gomantos, Maria Carolina
Machado, Micheli Santini, Nei Cirqueira, Robson Castro, Silvia Paes.
Músicos: Cristian Jones, Daniel Pitanga, Igor Guilherme, Janari Coelho e Regina
Nery
Cenografia: Leonardo Cinelli
Desenho de Luz: Marcelo Augusto
Figurinos: O grupo com consultoria de Cyntia Carla
Assistente de Produção: Hugo Cabral
Cenotécnica: Meire Macedo
Operação de luz: Zizi Antunes
Contar-regra: Lisbeth Rios

O REENCONTRO DE PALHAÇOS NA RUA É A ALEGRIA DO SOL COM A LUA
(AL)
Dia: 12/7 (sábado)
Local: Teatro SESC Garagem
Horário: 19h
Dia: 13/7 (domingo)
Local: Teatro SESC Paulo Autran
Horário: 17h
SINOPSE: Reprises, gags, pilhérias e galhofas pontuam o reencontro de dois
palhaços de circo que não se vêem há muito tempo e num encontro inusitado
relembram o passado Biribinha e Lingüiça há muitos anos fizeram sucesso
trabalhando juntos no Circo Mágico Nelson do palhaço Biriba. Mas, com a chegada da
televisão, na década de 70, o circo que abrigava os amigos Biribinha e Lingüiça
entrou em falência. Depois de muitos anos quando Biribinha e seus filhos se
apresentavam numa cidade, um mendigo embriagado tenta roubar a cena
atrapalhando o espetáculo. Para surpresa de Biribinha, que estava bastante irritado
com a situação, o bêbado era o seu grande amigo Lingüiça. No reencontro
emocionado os amigos conversam sobre a vida sofrida de Lingüiça e relembram os
velhos tempos.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Livre
CATEGORIA: Clown-Teatro
FICHA TÉCNICA:
Texto: Domínio Público
Adaptação: Teófanes Silveira
Sonoplastia: Teófanes Silveira Jr., Neslon Silveira Neto, Wellington Santos.
Cenário, Figurino, Maquiagem: Teófanes Silveira
Elenco: Teófanes Silveira Jr., Nelson Silveira Neto, Wellington Santos e Teófanes
Silveira.
Direção Geral: Teófanes Silveira
Realização: Grupo teatral A Turma do Biribinha LTDA.

MINITEATRO ECOLÓGICO CAATINGA (MG)
Dia: 12/7 (sábado)
Local: Teatro SESC Paulo Autran
Horário: 20h
Dia: 13/7 (domingo)
Local: Teatro SESC Garagem
Horário: 20h
SINOPSE: Caatinga é o sexto episódio do projeto Miniteatro Ecológico de uma série
de 20, que já conta com os títulos Aprendiz Natural, Mata Atlântica, Cerrado,
Amazônia e Jardim Botânico. O projeto de educação ambiental do Giramundo Teatro
de Bonecos é composto por uma série de espetáculos e livros. Parte do grupo,
responsável pela pesquisa e concepção do espetáculo, passou uma temporada no
Parque Nacional da Serra da Capivara, onde identificou e constatou algumas
questões relevantes, como a caça predatória e a extração mineral. Em contrapartida a
essa desatenção com a caatinga, o grupo encontrou uma vasta riqueza cultural e
costumes característicos e todo esse material encontrado foi transposto para o
espetáculo.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Livre
CATEGORIA: Teatro de Bonecos
FICHA TÉCNICA:
Texto, Bonecos e Direção - Ulisses Tavares
Consultoria Científica - Valéria Tavares
Trilha Sonora - O Grivo
Pintura - Sandra Bianchi
Cenografia - Marcos Malafaia,
Execução Cenografia - Guilherme Amarante e Ulisses Tavares
Bonecos e cenário - Oficina Giramundo
Marionetistas - Daniel Mendes, Angie Mendonça e Márcio Miranda
Vozes - Beatriz Apocalypse, Márcio Miranda, Marcos Malafaia, Raimundo Bento,
Rooney Tuareg e Ulisses Tavares
Iluminação: João Bosco da Mata e Ricardo Alexandre da Mata
Coordenação de Projeto - Marcos Malafaia
Coordenação de Produção - Carluccia Carrazza
Produtor Responsável - Ricardo Malafaia

Fonte: http://www.sescdf.com.br/site.do?categoria=NoticiasOnline&idArtigo=731&ts=1

O TEATRO OFICINA DO PERDIZ estará em festa no dia 18 de julho de 2008, sexta-feira, a partir de 20h. É que, naquela data, nova versão do PROJETO TERTÚLIA À LUZ DE VELAS, ali estará acontecendo em comemoração ao lançamento de Bordado para inici-antes, poemas de DONALDO MELLO e imagens de INÊS SARMET. O poeta estará auto-grafando os livros e estudantes-atores da Faculdade Dulcina de Morais, interpretarão poemas do livro, sob direção de Marcos Pacheco.

Iluminado com os novos candelabros que o Perdiz está terminando de confeccionar, o público está convidado a participar de um interessante evento cultural e brindar o nas-cimento do livro Bordado para iniciantes, de DONALDO MELLO. Mas também a chegada de um novo tempo para o TEATRO OFICINA DO PERDIZ. Excelente oportuni-dade para a noite de sexta-feira, 18 de julho!


BORDADO PARA INICIANTES: lançamento
Autor: Donaldo Mello
Editora: Valer

LOCAL: TEATRO OFICINA DO PERDIZ
DATA:18 de julho de 2008, sexta-feira
HORÁRIO: 20h
ENDEREÇO:708/709N Bloco D (entrada pela 708N)

POESIA NA SARJETA, a reação dos poetas à destruição dos tótens




Nesta 3ª, 08/07, às 11h, um grupo de poetas brasilienses e o artista plástico e mosaicista Henrique Gougon, farão um ato cultural público de protesto na parada de ônibus da 509/510 Sul, dirigido às autoridades da Administração de Brasília e do Governo do Distrito Federal. O ato é uma resposta dos artistas da cidade à destruição a marretadas, por funcionários da Administração de Brasília, há pouco mais de dois meses, dos tótens poéticos construídos por Gougon em 2004, a partir de versos de poetas locais. As obras haviam sido instaladas pelo próprio artista em vários pontos de ônibus da Asa Sul do Plano Piloto da Capital da República.

Estão convidados para assistir e participar do ato, além da imprensa local e nacional, escritores, atores, ativistas culturais da cidade, cineastas, diretores e atores de teatro, artistas plásticos e outros, assim como cidadãos e a vizinhança do local, inconformados e indignados com o desrespeito que sistematicamente vêm recebendo as manifestações popularares de arte da cidade, por parte do GDF.

Para o local do protesto, Gougon promete mais uma surpresa vinda de sua oficina de criação de mosaicos. Já que os tótens não puderam permanecer de pé, eles agora serão fixados na horizontal, aproveitando os buracos que o tempo deixou nos passeios públicos. "Só é possível derrubar o que está de pé. Ou serão capazes de derrubar...o chão?", indagam os poetas.

Eles explicam que essa nova forma de intervenção urbana pretende demonstrar o cuidado que os artistas têm pela cidade, uma vez que os novos painéis vão recuperar o piso danificado das calçadas. Ao mesmo tempo em que darão prosseguimento às homenagens aos poetas mais respeitados e queridos pela comunidade, agredidos por ocasião da derrubada dos tótens.

REAÇÃO E MANIFESTO DOS POETAS BRASILIENSES – Nesta terça-feira, 08/07/08, às 11h, na Parada de Ônibus da 509/510 Sul.
HISTÓRICO


OS TÓTENS POÉTICOS
A idéia de criação dos tótens poéticos surgiu há quatro anos, quando o jornalista e artista plástico Henrique Gougon, 61, que lidera o grupo Loucos de Pedra, dedicado à arte do mosaico, percebeu que corroídas e abandonadas placas de sinalização nas paradas de ônibus de Brasília poderiam servir de suporte para as intervenções urbanas do grupo.

Ele já havia instalado painéis de mosaico em paredes de lojas comerciais cedidas pelos proprietários, com homenagens a personalidades de Brasília e do Brasil, como o líder estudantil Honestino Guimarães (painel instalado em frente ao Bandejão da UnB), o educador Paulo Freire (no jardim do MEC, na Esplanada), JK (no Bar Brasília), entre outros. Para homenagear os poetas da cidade, usou as placas de sinalização como suporte. E assim surgiram os tótens poéticos. Entre os homenageados, os poetas Cassiano Nunes (que mesmo doente fez questão de participar da instalação), Angélica Torres Lima, Nicolas Behr, Eudoro Augusto e Fernando Mendes Vianna.

Os painéis se incorporaram à paisagem da cidade, e a melhor prova do apreço que o público tinha por eles e pelas figuras homenageadas é que nunca foram pichados ou depredados – até 2 de abril passado, quando os fiscais do projeto "Brasília Limpa", do Governo do Distrito Federal, alegando que as placas atrapalhavam o acesso aos ônibus, puseram abaixo as obras. Apenas os dois tótens que homenageiam a poeta Angélica Torres Lima escaparam da fúria dos fiscais, graças à intervenção do prefeito da quadra 510 Sul, onde os tótens estavam instalados no ponto de ônibus.


A REAÇÃO DOS POETAS
No dia seguinte, quando circulou a notícia da derrubada, começou uma intensa troca de e-mails entre os poetas brasilienses. Além de comentarem com tristeza e indignação a depredação dos painéis, organizaram uma reação ao que consideraram um ato ofensivo à memória cultural da cidade.

À reação uniram-se outras vozes, como a do editor de Política de O Estado de São Paulo e poeta bissexto Carlos Marchi, que morou 22 anos em Brasília ("atos contra a poesia devem ser tratados furiosamente, com a ira santa dos que fazem versos ou se abrigam sob eles... não afrouxem, não aliviem. Não se negocia com a liberdade de fazer arte – que nunca pode ter limites").

A escritora Vera Brant, pioneira de Brasília, amiga de JK e Niemeyer, indignou-se ao tomar conhecimento do ato ("Quem foi o imbecil que fez isso? Que barbaridade!"). Moradores condenaram a derrubada nos painéis nas colunas de cartas dos leitores dos jornais ("Que os responsáveis por esse ato de vandalismo sejam identificados e punidos.Essas obras eram patrimônio cultural de nossa cidade" - André e Cibele Andrade, Correio Braziliense, 6/04/08).

No meio do clima de indignação, os próprios poetas se manifestaram... poeticamente. O jornalista e poeta TT Catalão, por exemplo, disparou um e-mail ilustrado pela foto de um candango chegando para a construção de Brasília: "O plano só será íntegro/se o piloto for integral;/ se uma cidade precisa de metas,/ muito mais urgente/ seus poetas".

Outro poeta, o também jornalista Paulo José Cunha, diante da foto de Gougon juntando os cacos de suas obras destruídas, escreveu e distribuiu: "Mesmo que os cacos dos versos/escorram pelas sarjetas/ sempre há quem os recolha/ para plantar novamente/ (toda poesia é semente)/ Marretadas não abolem/ uma verdade maior/ versos nunca viram pó/ versos sempre viram pólen".


O PROJETO POESIA NA SARJETA
Desde o epísódio da derrubada, o artista Henrique Gougon pensava numa forma de reação ao ato de vandalismo. Ao caminhar pelas calçadas da Av. W-3, onde mora, percebeu que muitas delas estão danificadas, e teve a idéia de construir mosaicos capazes de ser afixados no chão, aproveitando os próprios buracos - uma forma de recuperar o piso dos passeios e prosseguir com as homenagens aos poetas candangos. Surgia aí o projeto Poesia na sarjeta", cuja primeira obra aproveita exatamente o poema de P.J. Cunha ,"Versos sempre viram pólen", para inaugurar essa nova forma de intervenção urbana.

Na mesma época em que ocorreu a derrubada dos tótens de Gougon, poetas e outros atores da cena cultural da cidade, como o cineasta Vladimir Carvalho, decidiram elaborar um manifesto a ser entregue ao Governador de Brasília, José Roberto Arruda. No manifesto, condenam com veemência a derrubada dos tótens poéticos; exigem sua reconstrução; reafirmam o caráter cultural das intervenções urbanas dos artistas da cidade e pleiteiam a institucionalização das manifestações póéticas, com a destinação de todas as paradas de ônibus para essa finalidade.

Depois de dois meses de tentativas infrutíferas de abrir espaço na agenda do governador, os poetas decidiram enviar o manifesto pelo correio. Ele então será lido e distribuído à imprensa durante o evento de instalação do primeiro painel horizontal, na próxima terça-feira.



PANO PRA MANGA
Paulo José Cunha, poeta homenageado com o Poesia da Sarjeta I, foi pego de surpresa pelo gesto de Gougon. Emocionado e grato, escreveu sobre o assunto mais um poema, transcrito abaixo.


Só pelo prazer maldito
Paulo José Cunha

Porque já tiveste sede
e andavas pelas paredes
um dia te confinaram
no fundo de uma prisão

Mataram García Lorca,
calaram a voz de Torquato,
sumiram com Maiakovski,
por escreverem palavras
que andavam de mão em mão.

Depois, juraram de morte
o autor de uns versos satânicos
que afrontaram o alcorão.

Fugiste para os botecos,
poesia marginal,
só os boêmios te ouviam
fugitiva, flor do mal.

Tu és feita de palavras
mais frágeis do que a brisa,
mas eles morrem de medo
só de ouvir o teu nome
pensam que és poderosa
e fazes revolução.

(será por isso que um dia
esmigalharam os tótens
que a mão sutil de Gougon
fez erguer na contramão?)

Agora moras no piso
da cidade que te acolhe
e apenas sentes os passos
do pedestre cidadão.
És a palavra mais pura
que alivia o dia-a-dia
na luta do ganha-pão.

Mas não te iludas, poesia!,
do jeito que as coisas vão
só pelo prazer maldito
de fazer calar teu grito
eles vão achar um jeito
e vão derrubar... o chão.


Brasília, 5 de julho de 2008

Tuesday, July 01, 2008

Poesia no Jardim da Filosofia

Poesia no Jardim da Filosofia -
A palavra e os novos meios: os destinos da escrita

Quarta-feira, 2 de julho.
Das 19h30 às 21h30
Local: Jardins do CCBB Brasília.
Entrada: Franca.
Classificação indicativa: 12 anos.

Para o segundo encontro do programa, chamado - A palavra e os novos meios: os destinos da escrita - no dia 2 de julho, às 19h30 – convidamos o poeta, mestre em literatura, jornalista, bloggeiro, professor, e cronista Fabrício Carpinejar, que vem sendo aclamado por escritores do porte de Carlos Heitor Cony, Ignácio de Loyola Brandão e Antonio Skármeta como um dos principais nomes da poesia contemporânea. Fabrício é autor de "Meu Filho, Minha Filha" (2007) e "O Amor Esquece de Começar" (2006), entre onze livros publicados. Abrindo a noite teremos a fala da coordenadora do Grupo de Poesia da UnB, que reflete sobre novas linhas de pesquisa, Sylvia Cyntrão - Mestre e Doutora em Literatura Brasileira pela UnB com tese sobre a poética da canção de Chico Buarque e Renato Russo entre outros autores; e Professora do Departamento de Teoria Literária e Literaturas na UnB.

Haverá ainda a Presença do Grupo Origami (com o músico e compositor Felipe Corrêa, Yara Fortuna nos vocais e violão de Darlan) apresentando uma leitura musicada dos versos de Sylvia Cyntrão e Fabrício Carpinejar.

Fonte: http://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/ctr2/bsb/DetalheEvento.jsp?Evento.codigo=32921&cod=5