16/06/2008 - 12h06
Por Adriana Brendler, da Agência Brasil
Pressão internacional sobre Amazônia desvia foco da sustentabilidade, diz diretor da ANA.Brasília - A participação na Exposição Internacional Água e Desenvolvimento Sustentável (Expo Zaragoza 2008) será decisiva para a disputa do Brasil pelos recursos de um fundo criado pelos europeus para incentivar o uso racional e a melhoria na gestão dos recursos hídricos na América Latina. A avaliação foi feita pelo comissário-geral do Brasil na feira, João Bosco Senra, ao comentar a importância do encontro aberto no sábado (14), na cidade espanhola de Zaragoza.
A mostra reúne, até o dia 14 de setembro, representantes de 107 países que vão discutir novas tecnologias para o desenvolvimento sustentável e inovações na gestão de recursos hídricos. Domingo (15) toda a programação é voltada ao Brasil. Um dos destaques é a apresentação da Política Nacional de Recursos Hídricos pelo diretor presidente da Agência Nacional das Águas (ANA), José Machado, que representa o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, Expo Zaragoza 2008.
Segundo Senra, que também é diretor de Recursos Hídricos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, o fundo europeu irá doar a países sul-americanos, ainda este ano, pelo menos 1,5 bilhão de euros para o custeio de projetos, principalmente, de abastecimento de água na zona rural.Ele informou que a distribuição dos recursos, a serem aplicados até 2012, começa a ser definida no segundo semestre deste ano e o Brasil já começou a apresentar suas propostas. Entre elas, projetos de criação de cisternas no Nordeste, de dessalinização de água para o Semi-Árido, de abastecimento de água em comunidades indígenas e em escolas e assentamentos rurais.
De acordo com Senra, a apresentação, na feira, das experiências e dos avanços a partir da criação da Política Nacional de Recursos Hídricos, em 1997, pode ser uma credencial para a aprovação de projetos brasileiros.“Mostrar essas experiências de sucesso, esse esforço que o governo vem fazendo, será decisivo para que o Brasil possa ter uma participação maior nesses recursos.”Para o diretor, um dos avanços mais relevantes, depois de onze anos da política de recursos hídricos, é a participação social, pois, segundo ele, o país tem hoje cerca de 15 mil pessoas atuantes nos comitês de bacias hidrográficas e nos conselhos estaduais e nacional de recursos hídricos, instituídos como instâncias de decisão sobre a destinação da água.
Em entrevista à Agência Brasil, Senra disse que há uma grande expectativa sobre a participação brasileira na Expo Zaragoza 2008, não só porque o país é o participante com maior volume de água doce no planeta – cerca de 12% do total – como também pela sua posição referente a políticas de gestão do recurso e pela capacidade técnica desenvolvida nessa área."O Brasil é referência na política de gestão de águas. Foi o primeiro país da América a ter a um Plano Nacional de Recursos Hídricos. Uma medida que está nas Metas do Milênio da Organização Nações Unidas”, destacou.O país também tem um estande com exposições interativas sobre as bacias Amazônica, do Prata e do Rio São Francisco. Hoje, além do debate sobre experiências na área de recursos hídricos, estão ocorrendo shows musicais e apresentação de grupos folclóricos brasileiros.
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Pressão internacional sobre Amazônia desvia foco da sustentabilidade, diz diretor da ANABrasília - O desmatamento e a Floresta Amazônica têm uma grande visibilidade global que acaba pressionando, muitas vezes, o governo a dar uma atenção exagerada a essas temáticas em detrimento de outros assuntos importantes para a sustentabilidade do país, como o uso dos recursos hídricos.
A opinião é do diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), José Machado, que apresentou no sábado (14) na Exposição Internacional Água e Desenvolvimento Sustentável, na cidade espanhola de Zaragoza, as principais ações da Política Brasileira de Recursos Hídricos.“A priorização da preservação amazônica é necessária, não há dúvidas sobre isso, mas também acho importante ter uma pauta mais diversificada, e a questão da água me parece que precisa ter uma proeminência maior na agenda nacional”, afirmou o diretor , em entrevista à Agência Brasil.
Para Machado, o país poderia obter ganhos substanciais se usasse estrategicamente a grande disponibilidade de água, com a gestão do recurso de forma sustentável. “O Brasil tem de fazer uma gestão eficiente da água e com isso calcar o desenvolvimento em função da sua disponibilidade do recurso. Essa é uma vantagem comparativa que o Brasil tem e precisa ver isso como oportunidade”, defendeu.O diretor apontou como exemplo o uso da irrigação. O Brasil usa atualmente apenas 10% da potencialidade dessa técnica.
De acordo com Machado, a aplicação moderna e inteligente da prática irrigatória poderia aumentar a produção agrícola em várias regiões do país, pois permitiria a colheita de duas safras anuais, em vez de uma.Ele destacou também que a Política Nacional de Irrigação já tramita no Congresso Nacional e há tecnologias e instituições de pesquisa suficientes para uma gestão eficiente das águas, mas o assunto precisa ser incluído em um planejamento estratégico do país.
(Envolverde/Agência Brasil)
http://envolverde.ig.com.br/?materia=48517#
Monday, June 16, 2008
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