(Foto: Francisco Gilásio/Arquivo Pessoal)
(Fortaleza, 5 de julho de 1934 - Teresina, 27 de março de 2015)
é tarde, o sol declina no horizonte, os pássaros procuram o arvoredo, desde ontem juntos, tenho de ir embora mas meu amor sugere que ainda é cedo. — é tarde, eu digo, a noite vai vestir o manto que acoberta o seu segredo; já nos amamos o bastante, amor. e meu amor me diz: — amor, é cedo. retruco: é tarde, as sombras mais se adensam e os caminhos, escuros, causam medo. — isso mesmo, — diz ela me beijando — espera amanhecer... amanhã cedo... ela é divina! eu sou feliz! atendo ao seu convite e aos seus carinhos cedo: mais momentos de amor então gozamos; até que, de repente acordo, é cedo? é tarde? a claridade de outro dia, para nós dois, severa, aponta o dedo. vou levantar, ela também acorda, me abraça, e fala, insiste que inda é cedo. — é tarde, eu mostro, há luz em toda a alcova, impondo fim ao nosso doce enredo. — não! — ela diz — isto é clarão da lua... amor, não vá, ainda é muito cedo!
Sobre a vida e obra de Hardi Filho em:
http://www.portalodia.com/blogs/chico-miguel/hardi-filho,-sua-vida,-nossa-vida-e-a-poesia-208407.html
Obras Cinzas e Orvalhos (1964) Gruta Iluminada (1971) Poesia e Dor (1974 – Ensaio sobre Celso Pinheiro, poeta piauiense) Poesias de Desencanto e de Amor (1983) Teoria do Simples (1986) Cantovia (1986) Poesia e Dor no Simbolismo de Celso Pinheiro (1987) Suicídio do Tempo (1991) Oliveira Neto (Ensaios – 1994) Estação 14 (1997) Veneno das Horas (2000) O Dedo do Homem (Diário – 2000)
No comments:
Post a Comment