O Natal no sertão de minha terra ainda não trouxe
as trovoadas e trombas d´água de dezembro.
Carros-pipa, latas velhas e cabaças
levantam poeira na secura das estradas do sem-fim:
estorricado chão de velhos e crianças.
Meninos de barrigas grandes e calombos na cabeça
matam a sede nas cumbucas de água barrenta
retirada dos aluviões quase secos dos corgos.
O antes candiêro de azeite da casa de palha
dá lugar ao rô-rô-rô de um Papai Noel na tevê
- de roupa vermelha, gorducho e barbudo –
carregando um saco cheio de inimagináveis presentes.
Marcos Freitas. In: Verdeveredas.
No comments:
Post a Comment