A cerimônia lembrou ainda os 80 anos do
poeta e, em comemoração, houve o lançamento de dois de seus livros
inéditos: Essa música e Reflexos do Sol-Posto
Agência Brasil
Publicação: 06/11/2014 22:57 Atualização:
O poeta, ensaísta,
crítico literário e jornalista Ivan Junqueira foi homenageado hoje
(6/11) na Academia Brasileira de Letras (ABL) durante uma mesa redonda
coordenada pelo historiador e acadêmico Alberto da Costa e Silva e que
teve a participação do professor Marcos Pasche e dos ensaístas Adriano
Espínola e Ricardo Vieira Lima.
Para poeta Alberto da Costa e Silva, o amigo Ivan Junqueira era um ser que parecia rabugento, mas, na verdade, era generoso. “Foi uma das pessoas mais intensamente humanas que eu conheci”.
Adriano Espínola destacou que pouco tempo antes da morte do amigo, os dois saíram. Em um gesto carinhoso, Junqueira botou a mão no ombro dele e os dois saíram caminhando e conversando pela rua. “Jamais poderia imaginar que ali era o nosso último encontro. Ele foi tão afetivo. Quando eu lembro desse gesto, fico realmente comovido porque foi muito afetuoso. Ali foi uma despedida, e eu não sabia. Mas foi significativo para mim, porque deu a medida da sua amizade e como ele tinha carinho com os amigos”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Marcos Pasche contou que conheceu a obra de Junqueira quando cursava letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Depois, como professor, teve a alegria de apresentar a poesia do acadêmico para os alunos, de idade entre 15 e 20 anos, de escolas da Baixada Fluminense e da zona oeste do Rio. A reação dos alunos foi surpreendente. Logo após conhecerem as poesias, passaram a fazer comentários nas redes sociais.
“A poesia do Ivan Junqueira é uma poesia de engenho formal muito apurada. É uma poesia em princípio difícil de ler. Mesmo essa poesia difícil de ler em um primeiro momento, foi muito bem assimilada por jovens que não tinham leitura frequente de literatura. Isso chamou muito a minha atenção e demonstra o trânsito que a poesia pode ter entre diferentes pessoas e comprova a força da grande literatura, como é o caso da poesia de Ivan Junqueira”.
Ricardo Vieira Lima destacou que Ivan Junqueira sucedeu João Cabral de Melo Netto na ABL e agora a cadeira será ocupada por Ferreira Gullar. “A poesia ficou bem representada em quase 50 anos. Começou com João Cabral, em 1968. Ele foi sucedido por Ivan Junqueira em 2000 e, agora, será sucedido por Ferreira Gullar. Nunca na história da academia uma única cadeira ficou tão bem representada por poetas dessa importância. O Ivan, além de grande poeta, foi grande tradutor e um grande crítico”, disse.
Ricardo ressaltou que Junqueira sempre foi um homem cético, mas no fim da vida se transformou e demonstrou uma certa religiosidade. Segundo ele, no livro O Outro Lado tem um poema dedicado ao escritor Luiz Paulo Horta, grande amigo de Junqueira, e que era católico. No livro Essa Música também tem um poema dedicado ao amigo. “Tem um poema Litania Breve, em que fala da morte do Luiz Paulo Horta, diz: 'você não morreu. Sua vida começa agora'. Quer dizer, o Ivan foi transformado. No final da vida, alguém que era totalmente descrente, passou por um estágio de dúvida, e, no final, creio que ele tinha certeza de que havia um outro lado”, disse à reportagem da Agência Brasil.
Ao fim da mesa redonda, o acadêmico Alberto da Costa e Silva disse que estava comovido e emocionado com as lembranças do poeta, que morreu no dia 3 de julho deste ano. “Ficou tudo muito evidente. Muito claro. Fiquei muito comovido”.
A cerimônia, no Salão Nobre do Petit Trianon, prédio histórico da ABL, lembrou ainda os 80 anos do poeta, completados na segunda-feira (3) e, em comemoração, houve o lançamento pela Editora Rocco, de dois de seus livros inéditos: Essa música e Reflexos do Sol-Posto, coletânea de ensaios. Os livros marcam também a celebração dos 50 anos da estreia de Junqueira na literatura.
A mulher do poeta, a jornalista e escritora Cecília Costa, disse que outras obras do marido ganharam novas edições, como o livro infantil editado a partir da poesia Flor Amarela, O Outro Lado. A edição de bolso da tradução dos poemas de T. S. Eliot e Testamento de Pasárgada, uma antologia crítica sobre Manuel Bandeira, também ganharão novas edições. Cecília acrescentou que o poeta morreu, mas deixou poemas inéditos que ela está organizando para a publicação no ano que vem. “Me deixou esses poemas para eu trabalhar e não casar de novo”, comentou sorrindo.
Ivan Junqueira nasceu no dia 3 de novembro de 1934, no Rio de Janeiro, e frequentou as faculdades de medicina e de filosofia da então Universidade do Brasil, onde foi professor de história da filosofia e de filosofia da natureza. Em 1963, começou a trabalhar como redator e subeditor dos principais jornais do Rio de Janeiro, entre eles Tribuna da Imprensa, Correio da Manhã, Jornal do Brasil e O Globo. Foi editor executivo da revista Poesia Sempre, da Fundação Biblioteca Nacional. A obra do poeta já foi traduzida para o espanhol, alemão, francês, inglês, italiano, dinamarquês, russo, turco, búlgaro, esloveno, provençal, croata e chinês.
Para poeta Alberto da Costa e Silva, o amigo Ivan Junqueira era um ser que parecia rabugento, mas, na verdade, era generoso. “Foi uma das pessoas mais intensamente humanas que eu conheci”.
Adriano Espínola destacou que pouco tempo antes da morte do amigo, os dois saíram. Em um gesto carinhoso, Junqueira botou a mão no ombro dele e os dois saíram caminhando e conversando pela rua. “Jamais poderia imaginar que ali era o nosso último encontro. Ele foi tão afetivo. Quando eu lembro desse gesto, fico realmente comovido porque foi muito afetuoso. Ali foi uma despedida, e eu não sabia. Mas foi significativo para mim, porque deu a medida da sua amizade e como ele tinha carinho com os amigos”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Marcos Pasche contou que conheceu a obra de Junqueira quando cursava letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Depois, como professor, teve a alegria de apresentar a poesia do acadêmico para os alunos, de idade entre 15 e 20 anos, de escolas da Baixada Fluminense e da zona oeste do Rio. A reação dos alunos foi surpreendente. Logo após conhecerem as poesias, passaram a fazer comentários nas redes sociais.
“A poesia do Ivan Junqueira é uma poesia de engenho formal muito apurada. É uma poesia em princípio difícil de ler. Mesmo essa poesia difícil de ler em um primeiro momento, foi muito bem assimilada por jovens que não tinham leitura frequente de literatura. Isso chamou muito a minha atenção e demonstra o trânsito que a poesia pode ter entre diferentes pessoas e comprova a força da grande literatura, como é o caso da poesia de Ivan Junqueira”.
Ricardo Vieira Lima destacou que Ivan Junqueira sucedeu João Cabral de Melo Netto na ABL e agora a cadeira será ocupada por Ferreira Gullar. “A poesia ficou bem representada em quase 50 anos. Começou com João Cabral, em 1968. Ele foi sucedido por Ivan Junqueira em 2000 e, agora, será sucedido por Ferreira Gullar. Nunca na história da academia uma única cadeira ficou tão bem representada por poetas dessa importância. O Ivan, além de grande poeta, foi grande tradutor e um grande crítico”, disse.
Ricardo ressaltou que Junqueira sempre foi um homem cético, mas no fim da vida se transformou e demonstrou uma certa religiosidade. Segundo ele, no livro O Outro Lado tem um poema dedicado ao escritor Luiz Paulo Horta, grande amigo de Junqueira, e que era católico. No livro Essa Música também tem um poema dedicado ao amigo. “Tem um poema Litania Breve, em que fala da morte do Luiz Paulo Horta, diz: 'você não morreu. Sua vida começa agora'. Quer dizer, o Ivan foi transformado. No final da vida, alguém que era totalmente descrente, passou por um estágio de dúvida, e, no final, creio que ele tinha certeza de que havia um outro lado”, disse à reportagem da Agência Brasil.
Ao fim da mesa redonda, o acadêmico Alberto da Costa e Silva disse que estava comovido e emocionado com as lembranças do poeta, que morreu no dia 3 de julho deste ano. “Ficou tudo muito evidente. Muito claro. Fiquei muito comovido”.
A cerimônia, no Salão Nobre do Petit Trianon, prédio histórico da ABL, lembrou ainda os 80 anos do poeta, completados na segunda-feira (3) e, em comemoração, houve o lançamento pela Editora Rocco, de dois de seus livros inéditos: Essa música e Reflexos do Sol-Posto, coletânea de ensaios. Os livros marcam também a celebração dos 50 anos da estreia de Junqueira na literatura.
A mulher do poeta, a jornalista e escritora Cecília Costa, disse que outras obras do marido ganharam novas edições, como o livro infantil editado a partir da poesia Flor Amarela, O Outro Lado. A edição de bolso da tradução dos poemas de T. S. Eliot e Testamento de Pasárgada, uma antologia crítica sobre Manuel Bandeira, também ganharão novas edições. Cecília acrescentou que o poeta morreu, mas deixou poemas inéditos que ela está organizando para a publicação no ano que vem. “Me deixou esses poemas para eu trabalhar e não casar de novo”, comentou sorrindo.
Ivan Junqueira nasceu no dia 3 de novembro de 1934, no Rio de Janeiro, e frequentou as faculdades de medicina e de filosofia da então Universidade do Brasil, onde foi professor de história da filosofia e de filosofia da natureza. Em 1963, começou a trabalhar como redator e subeditor dos principais jornais do Rio de Janeiro, entre eles Tribuna da Imprensa, Correio da Manhã, Jornal do Brasil e O Globo. Foi editor executivo da revista Poesia Sempre, da Fundação Biblioteca Nacional. A obra do poeta já foi traduzida para o espanhol, alemão, francês, inglês, italiano, dinamarquês, russo, turco, búlgaro, esloveno, provençal, croata e chinês.
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