Monday, March 31, 2014
Friday, March 28, 2014
Thursday, March 27, 2014
Wednesday, March 26, 2014
Projeto Pão e Poesia
A poesia que chega no saco de pão
Embalagens ganham vida com os versos de crianças e adolescentes
Que tal ir até a padaria e comprar alguns pães embalados por poesia? Na região metropolitana de Belo Horizonte, as embalagens ganham vida com os versos de crianças e adolescentes. Trata-se do projeto Pão e Poesia, uma iniciativa criada pelo mineiro Diovani Mendonça, que já aproximou alunos de 22 escolas públicas da literatura. Com oficinas de sensibilização poética, os estudantes são estimulados a ler e produzir poemas que ultrapassam os muros da sala de aula.“Eu pensei em colocar os poemas no saquinho de pão porque as pessoas vão todos os dias à padaria”, explicou o idealizador do projeto. Para ele, os versos podem estar muito mais próximos do cotidiano das pessoas do que das estantes de bibliotecas. Analista de sistemas autodidata, Mendonça estudou apenas até a sétima série, mas isso não o impediu de se tornar um poeta apaixonado pelos versos. E coincidência ou não, o mineiro ainda carrega consigo o orgulho de ter nascido em 12 de outubro, o dia nacional da leitura.
No período da infância e da adolescência, ele costumava passar os dias no colégio para acompanhar a mãe, que trabalhava como servente escolar. Em uma tarde, durante uma de suas andanças pela escola, um livro aberto deixado na biblioteca chamou sua atenção.
A obra era uma adaptação de Dom Quixote feita por Monteiro Lobato. Sem pensar muito, o garoto levou o livro para casa. “A partir disso, eu comecei a me interessar e ler tudo o que eu via pela frente”, lembrou.
Mesmo encantado pelo universo das letras, deixou a escola desmotivado pelas brincadeiras de mau gosto feitas por colegas de classe e as humilhações sofridas por ter dificuldade em matemática. Quem diria que, após muito anos, aquele mesmo garoto que não concluiu o ensino fundamental iria aproximar mais de 500 crianças e adolescentes da literatura. Hoje, com o Pão e Poesia, ele já distribuiu gratuitamente mais de 1 milhão de saquinhos por padarias da região.
Na primeira edição, realizada em 2008, o projeto estampava versos de poetas de renome e desenhos de artistas plásticos homenageados. Além disso, Mendonça também incluiu a seleção de alguns poemas que foram enviados pelas pessoas. Inicialmente foram feitas 300 mil embalagens, todas produzidas na base da colaboração. O amigo Renan Rocha, que trabalhava no ramo de embalagens, cedeu o papel, outra pessoa se prontificou a ajudar com as tintas e a partir daí o projeto ganhou forma. Ele se manteve assim até conseguir uma verba de incentivo à cultura, conquistada após ganhar o primeiro lugar no concurso Pontos de Mídia Livre, em 2009. Um ano depois, a iniciativa também foi reconhecida pelo Ministério da Cultura e conquistou o título de Selo Cultura Viva.
Quando a primeira leva de embalagens acabou, o mineiro quis plastificar as poucas unidades que sobraram e decidiu levar até as escolas da região para expor o seu projeto. Dessa aproximação, surgiu a ideia de desenvolver oficinas de literatura com os estudantes, passando a estampar a produção feita por eles nos saquinhos de pão. “Eu pensei em uma forma de levar a poesia até as pessoas de uma forma que não fosse por livros”, contou. Durante períodos de aproximadamente duas horas, com os chamados “momentos de sensibilização poética”, os estudantes adquirem o contato com a poesia e são estimulados por a se arriscar na produção dos primeiros versos.
O analista de sistemas conta que esse processo é totalmente livre e pode variar de escola para escola. Tudo vai depender do momento e a percepção dos oficineiros responsáveis pela sensibilização poética dos alunos. “Para mim, as coisas formalizadas demais não servem”, contou. De acordo com ele, o mais importante dessa atividade não é estimular a leitura ou a escrita. “Eu quero fazer com que esses alunos consigam pensar fora da caixinha.”
Atualmente, o projeto Pão e Poesia não está realizando novas oficinas. Porém, os saquinhos de pão produzidos pelos alunos da última edição ainda estão em circulação. Segundo Mendonça, existem planos de promover novas turmas e expandir o projeto para algumas cidades de São Paulo e do Paraná. Além disso, ele também tem organizado outros projetos ligados à poesia, como a grafitada poética e a distribuição de poemas em praças públicas – sempre com a intenção de levar a poesia ao cotidiano das pessoas.
http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2014/03/26/a-poesia-que-chega-no-saco-de-pao/
Monday, March 24, 2014
Ilustrador brasiliense vence 'Nobel' da literatura infantil
Roger Mello ganha o "Nobel" da Literatura Infantil
O ilustrador
Roger Mello é o ganhador do prêmio Hans Christian Andersen, o "Nobel" da
literatura infantil. Ele é o primeiro ilustrador brasileiro premiado
nesta categoria. O anúncio do prêmio foi nesta manhã de segunda-feira,
dia 24 de março, na Feira do Livro de Bolonha. Em 2010, ele já havia sido indicado, mas não foi premiado.
Além de
ilustrador, o brasiliense, nascido em 1965, é também escritor premiado,
tendo ganhado o Jabuti e vários outros prêmios literários, tornando-se hors-concours da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
Algumas obras de Roger Mello:
- Memórias da Ilha - ilustrador
- O medo e o mar - ilustrador
- Vizinho, vizinha - autor e ilustrador
- Todo cuidado é pouco - autor e ilustrador
- Meninos do Mangue - autor e ilustrador (Vencedor do prêmio Jabuti)
Fonte: http://leiturasliteratura.blogspot.com.br/2014/03/roger-mello-ganha-o-nobel-da-literatura.html
Mais em: http://oglobo.globo.com/cultura/ilustrador-brasileiro-vence-nobel-da-literatura-infantil-11968055
Adélia Prado retorna à poesia com ‘Miserere’
Nos 38 poemas, a escritora flerta com a metafísica ao mesmo tempo em que aposta na grandeza das pequenas coisas
06 de dezembro de 2013 | 21h 30
Ubiratan Brasil - O Estado de S. Paulo
A poesia, para Ferreira Gullar, nasce de um espanto. Já
para Adélia Prado, ela vem da “terceira margem da alma”. Ambos
concordam, porém, que os momentos inspirados vêm subitamente, sem
controle, reservando ao poeta a função de instrumento para
decodificá-los em versos. Por isso é irregular o período que separa cada
novo livro de poesia. Adélia, por exemplo, não publicava nada havia
três anos, quando saiu A Duração do Dia. O jejum termina na quinta-feira, quando chega às livrarias Miserere (editora Record).
Tiago Queiroz/Estadão
Adélia Prado
Por que os poemas de Miserere são mais escuros que seus habituais? O título do livro foi definido por conta disso?Primeiro porque os olhos se turvam na velhice e a privação de regalias da juventude trazem consigo, de maneira não idealizada, as realidades do sofrimento e da morte. Abrir os olhos dói: morrer de tuberculose, que eu achava o máximo na maioria dos poetas que admirava na escola e de muitos santos que me encantavam com seus martírios, é de fato coisa tenebrosa e dificílima. Hoje, quando digo ‘miserere nobis’ (tem piedade de nós), sei um pouquinho mais do que estou falando. Assusta descobrir nossa orfandade original. Mas nada se apresenta sem remédio por causa da fé e da poesia, que considero uma forma estupenda de fé e esperança. O título Miserere foi escolhido porque me parece o que mais revela o espírito do livro.
A senhora faz duas citações de Marie Noël, poeta francesa que viveu a separação entre a fé e o desespero, e cuja obra culminou com um grito blasfemo, mas particularmente comovente. O que lhe atrai na poesia de Noël?Exatamente o que você citou. Seu sofrimento me deixa perplexa e eu não conheço sua poesia – certamente o que lhe permitiu viver. Sabe onde encontro sua obra? Só conheço Notas Íntimas, que me impressionou muitíssimo e onde me reconheci de corpo inteiro em alguns aspectos. Ler esse livro bastou-me como ingresso em sua tribo.
O mundo atual, perturbado pelo terrorismo e pela guerra, ainda é propício à poesia? Não apenas propício à poesia, mas faminto dela.
A senhora já teve alguma experiência mística por meio da arte?Como diz Guimarães Rosa, não sei de nada, mas desconfio de muita coisa. Mística – a experiência – é dom de Deus que Ele dá a quem quer. Estou na categoria dos seguidores. Ele me protege, tenho medo de certas dores.
A senhora acredita que sua poesia perderia o sentido sem a religião? A poesia é mais oração ou mais comunhão? Acredita que pode haver um poeta ateu?Certamente escreveria outro tipo de poesia, mas não deixaria de escrevê-la. No texto de um poeta ateu, o substrato de sua poesia é o mesmo no de um poeta crente. Porque o fenômeno poético é religioso em sua natureza. A poesia, independentemente da crença ou não crença do poeta, nos liga a um centro de significação e sentido, assim como o faz a fé religiosa. Por isso é que a poesia é tão consoladora, dá tanta alegria. Minha formação é religiosa, confesso o que creio e é impossível que nossas profundas convicções desapareçam quando escrevemos. Seria esquizofrênico. Mística e poesia são braços do mesmo rio. Deus me deu o segundo, mas a fonte é a mesma, o Espírito Divino. A despeito de si mesmo, o poeta ateu entrega o ouro em sua poesia. É simples, rigorosamente ninguém é o criador da Beleza (poesia). Ela vem, eu diria como Guimarães Rosa, da terceira margem da alma. O poeta é só o “cavalo do Santo”, queira ou não. Às vezes, somos tentados a desistir quando descobrimos que ela, a poesia, é muito melhor que seu autor. É a tentação do orgulho. Que Deus nos livre dela.
É curioso como a realidade também parece exercer forte influência em seus versos – lembro-me de O Ditador na Prisão, que nasceu a partir de sua preocupação do destino do ex-presidente iraquiano Saddam Hussein, e agora em Lápide para Steve Jobs. A força da poesia está em oferecer um conforto moral?A poesia oferece a realidade e sua beleza. Esta é sua força, seu conforto, sua alegria.
“Graças a Deus sou medrosa, / o instinto da sobrevivência / me torna a língua gentil” são alguns versos de Branca de Neve. Até que ponto isso se aplica à sua poesia?A poesia não é nem pode ser uma “língua gentil”. Tem que ser sempre uma língua bela. No poema citado, Língua Gentil refere-se ao poeta e a seus medos e não à poesia propriamente. Língua Gentil, no caso do poema, é a língua que o poeta diz usar para não estumar as feras, para que elas não o devorem. De novo, não no poema, mas na vida, para lidar com os monstros interiores.
Quando a realidade cotidiana se mostra como maravilhamento e quando não passa de mera realidade?Quando olho pedra e vejo pedra mesmo, só estou vendo a aparência. Quando a pedra me põe confusa de estranhamento e beleza, eu a estou vendo em sua realidade que nunca é apenas física. A aparência diz pouco. Só a poesia mostra o real.
http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,adelia-prado-retorna-a-poesia-com-miserere,1105245,0.htm
Friday, March 21, 2014
Dá para beber essa água?
Ambiente
21/3/2014 - 12h23
21/3/2014 - 12h23
por Anne Vigna, para a Agência Pública
Agrotóxicos, metais pesados e substâncias que imitam hormônios podem estar na água que chega à torneira da sua casa ou na mineral, vendida em garrafões, restaurantes e supermercados. Saiba por que nenhuma das duas é totalmente segura
Pesquisar sobre a água não é fácil. Não existem leis ou regras que definam um critério uniforme para a divulgação de dados. Esperei mais de 15 dias, por exemplo, para receber as análises de qualidade para o município de São Paulo, segundo as normas da Portaria 2.914/2011, do Ministério da Saúde. Os mesmos resultados para o Rio de Janeiro estão disponíveis para consulta de qualquer pessoa no site da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), responsável pelo tratamento de água na cidade. Não se sabe por que uma das concessionárias fornece a informação publicamente, enquanto a outra não diz nada sobre o assunto.
Depois de muita espera e de uma dezena de e-mails trocados, recebi quase todas as análises da capital paulista feitas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), encarregada da água e do saneamento na metrópole. No primeiro envio, porém, faltavam vários dos parâmetros considerados pela portaria do Ministério da Saúde. Por quê? Não há como saber. Depois de insistir mais, recebi todos os dados (aqui, aqui, aqui e aqui).
Como primeiro resultado dessa investigação sobre a qualidade da água, posso dizer que, em São Paulo e no Rio de Janeiro, dá para beber a água da torneira sem correr o risco de ser vítima de uma contaminação microbiológica. Ninguém vai passar mal, nem ter diarreia. É preciso, no entanto, verificar se a caixa d’água do imóvel está limpa. Tanto em um prédio como em uma casa, ela precisa ser lavada a cada seis meses. Nos condomínios, o síndico é o responsável por cuidar da execução do serviço. Nas residências, o proprietário tem que fazer o trabalho ou contratar uma empresa para isso. Se a limpeza estiver em dia, tudo bem.
A água usada para abastecimento público passa por um processo de tratamento e desinfecção mecânico e químico, que elimina toda a poluição microbiológica (coliformes totais – grupos de bactérias associadas à decomposição da matéria orgânica – e Escherichia coli). “A água da torneira é controlada várias vezes por dia, para se ter certeza de que está sempre dentro dos padrões de qualidade”, afirma Jorge Briard, diretor de produção de água da Cedae, no Rio. Mas o fato de se poder beber a água da torneira não quer dizer que o líquido não esteja poluído – e que não possa causar problemas de saúde no longo prazo.
Regras “adaptadas à realidade brasileira”
Na água do abastecimento público existem vários tipos de poluentes tóxicos. Estudos científicos associam o consumo de muitos deles ao aumento da incidência de câncer na população, enquanto outros têm efeitos ainda pouco conhecidos na saúde. Estão presentes na água que bebemos substâncias químicas como antimônio, arsênio, bário, cádmio, chumbo, cianeto, mercúrio, nitratos, triclorobenzeno, diclorometano; agrotóxicos como atrazina, DDT, trifluralina, endrin e simazina; e desinfetantes como cloro, alumínio ou amônia.
A portaria do Ministério da Saúde controla os níveis de 15 produtos químicos inorgânicos (metais pesados), de 15 produtos químicos orgânicos (solventes), de sete produtos químicos que provêm da desinfecção domiciliar e de 27 tipos de agrotóxicos presentes na água. Na primeira norma de potabilidade da água do Brasil, a Portaria 56/1977, havia apenas 12 tipos de agrotóxicos, 10 produtos químicos inorgânicos (metais pesados) e nenhum produto químico orgânico (solventes), nem produtos químicos secundários da desinfecção domiciliar.
A mudança reflete a crescente poluição da indústria, que utiliza metais pesados e solventes; do setor agrícola, que usa agrotóxicos e fertilizantes; e de todos nós, que limpamos a casa com cada vez mais produtos químicos. A assessoria de comunicação do Ministério da Saúde afirma que as substâncias que hoje estão na Portaria 2.914/2011 foram escolhidas a partir “dos avanços do conhecimento técnico-científico, das experiências internacionais e das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004), adaptadas à realidade brasileira”.
O último trecho da resposta do ministério, “adaptadas à realidade brasileira”, permite entender a diferença entre os agrotóxicos e contaminantes inorgânicos escolhidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e os listados na portaria brasileira. A OMS inclui um número muito maior de produtos químicos . Em um dossiê especial sobre agrotóxicos publicado em 2012, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) questiona essa discrepância: “Por que monitorar menos de 10% dos ingredientes ativos oficialmente registrados no país?” O ingrediente ativo, ou princípio ativo, é uma substância que tem algum tipo de efeito em organismos vivos.
Um exemplo é a bentazona. Considerada pela OMS como um poluente da água, a substância não aparece na portaria do Ministério da Saúde. Na bula de agrotóxicos que a contêm, como o Basagran, a bentazona é descrita como “um agroquímico da classe toxicológica I – extremamente tóxico e nocivo por ingestão”. Como herbicida, é muito usada nas culturas de soja, arroz, feijão, milho e trigo. E o que isso tem a ver com a água? Os próprios fabricantes dão a entender que, se for mal utilizada, a bentazona pode causar efeitos danosos sobre o ambiente aquático. “[O produto] é perigoso para o meio ambiente por ser altamente móvel, apresentando alto potencial de deslocamento no solo e podendo atingir principalmente as águas subterrâneas. Possui ainda a característica de ser altamente persistente no meio ambiente, ou seja, de difícil degradação”, diz o texto.
Outro exemplo: um estudo de 2009 sobre a contaminação de mananciais hídricos, liderado pelo pesquisador Diecson Ruy Orsolin da Silva, da Universidade Federal de Pelotas, monitorou a ocorrência de agrotóxicos em águas superficiais de sete regiões do sul do Brasil, associadas ao cultivo de arroz na safra 2007/2008. De todos os produtos detectados – clomazona, quincloraque, penoxsulam, imazetapir, imazapique, carbofurano, 3-hidróxido-carbofurano, fipronil e tebuconazol – somente o carbofurano é controlado pela portaria. Isso mostra que muitos dos agrotóxicos utilizados, e que estão presentes nos meios aquáticos no país, não são fiscalizados pelas empresas de tratamento de água. Elas não são obrigadas pelo Ministério da Saúde a fazer o controle.
Em São Paulo e no Rio, os níveis dos produtos químicos listados na portaria estão dentro dos limites permitidos. Na verdade, os valores de São Paulo são muitos melhores do que os do Rio. Isso é uma boa notícia? Sim e não. “Os processos de transformação química quebram as moléculas tóxicas, fazendo com que desapareçam. Essa manipulação da água cria outros compostos ou resíduos desconhecidos. Ninguém procura por eles e evidentemente não estão na portaria. Hoje ninguém sabe quais são os efeitos dessas moléculas”, diz Fabrice Nicolino, jornalista francês especializado em meio ambiente. Mesmo concentrações muito baixas de algumas substâncias podem ser perigosas.
A polêmica do alumínio
Como se tiram os poluentes da água? Tudo começa com um processo chamado coagulação. Nessa fase, são adicionados sulfato de alumínio e cloreto férrico, para agregar as partículas de sujeira presentes. O uso do sulfato de alumínio é muito polêmico no mundo todo. Ainda que não tenha sido provada uma relação direta entre esse produto químico e a doença de Alzheimer, vários cientistas europeus defendem que ele é responsável pelo aumento da incidência do problema nas últimas duas décadas.
Um estudo feito durante oito anos pelo Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), em Bordeaux, no sul da França, concluiu que uma forte concentração de alumínio na água, bebida a vida toda, pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de Alzheimer. Realizada por um dos centros de maior prestígio da França, a pesquisa causou – e continua a causar – muito barulho, tanto na imprensa quanto no mundo científico.
Também teve forte impacto um artigo científico dos pesquisadores Chris Exley, da Universidade Keele, e Margaret Esiri, da Universidade de Oxford – ambas no Reino Unido – publicado no Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry em 2006. Quando foi realizada a autópsia de Carole Cross, que morreu, aos 59 anos, de Alzheimer, observaram-se altas concentrações de alumínio no seu cérebro. Os autores relacionaram o achado a um acidente que atingiu a cidade de Camelford, na Inglaterra, onde Carole vivia em 1988. Na época, 20 toneladas de sulfato de alumínio foram depositadas por engano nas tubulações de água potável. Os pesquisadores não relacionam diretamente a presença do metal com a doença. Sabe-se, contudo, que o alumínio está ligado a alguns tipos de demência, e que Carole não tinha antecedentes familiares com doenças semelhantes.
Princípio da precaução
Faz um bom tempo que as empresas responsáveis pelo tratamento da água conhecem os perigos do alumínio. Em Paris, a substância deixou de ser usada nesse processo há mais de 20 anos. Adota-se o cloreto férrico. A prefeitura da capital francesa resolveu fazer a mudança pelo que é conhecido como princípio da precaução: se existem antecedentes ou experiências que sugiram um risco, não se espera que a ciência comprove isso. É melhor prevenir do que lidar com o problema depois.
Quando perguntei à Sabesp e à Cedae se achavam possível parar de usar o alumínio, a resposta foi clara. “Mas por quê? O produto funciona muito bem”, disse André Luis Gois Rodrigues, responsável pela qualidade da água na Sabesp. As duas empresas admitiram conhecer a polêmica. “Nada foi comprovado. O uso do alumínio é permitido pelo Ministério da Saúde e também pela OMS. Se um dia for demonstrado que há risco, com certeza deixaremos de usar”, explicou Jorge Briard, da Cedae. Além de ser barato, o sulfato de alumínio permite obter uma cor transparente, um pouquinho azul, bem bonitinha, semelhante à de um rio limpo. Por isso, é bem prático. Ninguém vai se queixar da cor da água.
Vale lembrar que a água não é a única fonte de absorção do alumínio no corpo. Atualmente a substância encontra-se em altas concentrações na comida (nos legumes e especialmente nos aditivos alimentares, como conservantes, corantes e estabilizadores), nos cosméticos ou nos utensílios de cozinha. De acordo com a OMS, um adulto ingere cerca de 5 miligramas de alumínio por dia apenas da comida. Para a organização, os aditivos são a principal fonte de alumínio no corpo. Em comparação, a água traz um volume muito menor: em média 0,1 miligrama por litro, o que pode somar 0,3 miligrama se você bebe 3 litros por dia. Segundo a entidade, o alumínio na água representa só 4% do que um adulto absorve.
Essa relação também é válida para os agrotóxicos. É bem provável que, comendo legumes não-orgânicos, uma pessoa absorva uma quantidade muito maior desses produtos do que ao beber água. Fazer essa comparação é muito complicado, porque o jeito de contabilizar os agrotóxicos é diferente na comida e na água. Sabemos, porém, que os agrotóxicos são diretamente aplicados nas plantações, e as medições mostram que estão em proporção maior nos alimentos do que na água.
Por conta da grande utilização de medicamentos na criação de animais hoje, os cientistas reconhecem que a dose diária de absorção de antibióticos e hormônios de crescimento é mais importante pela comida do que pela água. O professor Wilson Jardim, da Unicamp, explica, no entanto, que isso não muda o fato de que, mesmo em doses pequenas, os contaminantes presentes na água possam ter um efeito negativo na saúde.
A saída é a garrafinha?
Seria então melhor para a saúde beber água engarrafada, que chega a custar 800 vezes mais do que a água da torneira? A resposta, de novo, não é simples. Em tese, a água envasada tem melhor qualidade por ser subterrânea, o que oferece uma proteção natural contra contaminação. Mas encontrar informações sobre a qualidade da água mineral também é muito complicado no Brasil. A Associação Brasileira de Indústria de Água Mineral (Abinam), que representa as envasadoras da água, negou os pedidos de entrevista para esta reportagem. A comunicação também não é muito aberta do lado das autoridades.
Na verdade, não há como ter acesso à documentação sobre a qualidade da água engarrafada. Para obter a lavraria e a renovação da concessão, uma empresa de água mineral recebe, a cada três anos, a visita dos funcionários do Laboratório de Análises Minerais (Lamin) da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), um órgão federal. Os resultados das análises são comunicados à empresa e ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), responsável pela água mineral no país, mas não ficam disponíveis para o público. Por quê? Não recebi resposta do DNPM.
Essas análises teriam que ser feitas seguindo a resolução RDC 274/2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A norma inclui agrotóxicos e é bem parecida com a portaria que regula a água da torneira. Além de os dados não estarem disponíveis publicamente, outro problema é a forma de fiscalização das fontes. O Lamin do Rio faz análises no país todo, enquanto o de São Paulo concentra-se no estado de São Paulo, onde fica a maior concentração de concessões de água mineral do país. Até o início de 2013, o Lamin do Rio não tinha os equipamentos necessários para fazer as análises dos agrotóxicos, e só no fim de 2014 o Lamin de São Paulo deverá fazer esse trabalho. Ou seja, a resolução levou oito anos para começar a ter todos os seus itens verificados.
Isso não acontece com a água da torneira, que é muito mais controlada. Primeiro, porque ela precisa chegar a toda a população. Segundo, porque a água bruta, a partir da qual se produz a água potável, vem em geral da superfície e está mais sujeita a todo tipo de contaminação. Isso requer atenção constante e análises mais frequentes. A água mineral vem de lençóis subterrâneos, onde fica confinada. É menos poluída do que a que vem dos rios e não recebe nenhum tratamento químico. Depois de um ano fazendo as análises de agrotóxicos, o Lamin do Rio disse que não encontrou esses produtos nas águas minerais de todo o país, com exceção de São Paulo (onde ainda não fazem essa análise e onde está a maior parte das fontes). Mas não tive acesso aos documentos que comprovariam isso.
Ao procurar informações adicionais, descobri que, em São Paulo, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) iniciou, em 2011, o monitoramento de lençóis subterrâneos do estado em relação à presença de contaminantes e à atividade estrogênica – ou seja, à capacidade de algumas substâncias agirem no sistema reprodutivo humano, antecipando, por exemplo, a puberdade nas meninas ou produzindo esterilidade nos homens. “Não foi detectada atividade estrogênica na maioria dos 33 pontos de amostragem, selecionados em função de sua maior vulnerabilidade. Apenas três locais apresentaram atividade estrogênica baixa. Isso significa que não há potencial de preocupação para a saúde humana se a água for consumida”, explica Gilson Alves Quinaglia, gerente do setor de análises toxicológicas da Cetesb.
Agrotóxicos e medicamentos
As empresas de água mineral usam na publicidade o argumento de que a água subterrânea está confinada e, consequentemente, fica protegida da poluição moderna. Seria bom se fosse assim, mas existem estudos que comprovam que a poluição pode chegar a todos os lugares – até mesmo ao subsolo.
No ano passado, uma pesquisa encomendada a laboratórios independentes pelas ONGs 60 Milhões de Consumidores e Fundação Danielle Mitterrand-France Libertés, na França, encontrou tanto agrotóxicos como medicamentos na água engarrafada. “Foi uma surpresa, porque mostra que até a água mineral está poluída. Achamos um agrotóxico, a atrazina, usado no cultivo do milho, que está proibido no país há mais de dez anos. Essa substância tem a propriedade de ser muito persistente no meio ambiente. O que significa que, em dez anos, chega ao subsolo”, explica Thomas Laurenceau, da 60 Milhões de Consumidores.
Outra grande surpresa foi detectar o tamoxifeno, um hormônio usado no tratamento de câncer de mama, nas amostras analisadas. “Os níveis encontrados são muito baixos, mas a presença mostra até que ponto nosso meio ambiente está poluído”, acrescenta Emmanuel Poilane, presidente da France Libertés.
A contaminação não é causada pelas envasadoras de água, e sim pela deterioração geral do meio ambiente. “As empresas de água mineral sempre estão tentando proteger as fontes. Não depredam o meio ambiente. Não é conveniente para elas”, afirma Doralice Assirati, do DNPM. Na Europa e nos Estados Unidos, algumas delas foram obrigadas a fechar explorações, por conta da poluição detectada.
Uma das contaminações possíveis no Brasil seria pelas fossas sépticas, que, às vezes, são malfeitas. No estado de São Paulo, muitas envasadoras de água ficam em áreas urbanas, porque a proximidade do consumidor ajuda o negócio a ser mais lucrativo. Mas, na verdade, o maior problema das águas envasadas não vem do líquido, mas do contêiner de plástico. Se as garrafas e os garrafões fossem de vidro, poderíamos confiar mais na qualidade. Só que os problemas causados pelo uso do plástico já são bastante conhecidos e estudados.
PET, PP, PE, PVC, PC
O mundo dos plásticos é complicado. Aproximadamente 75% da água envasada no Brasil está em garrafões. “Eles podem ser confeccionados em todo e qualquer plástico – PVC, policarbonato (PC), polipropileno (PP) e polietileno (PE) –, desde que obedeçam aos regulamentos da Anvisa para embalagens em contato com alimentos”, afirma Carla Castilho, assessora técnica do Instituto Nacional do Plástico. Isso na teoria. Na prática, a indústria fabrica 90% dos garrafões em polipropileno e o restante, em politereftalato de etileno (PET) e policarbonato, segundo o Instituto Nacional do Plástico. O polipropileno tem custo baixo para o produtor. Isso é uma boa notícia, porque é o plástico menos propenso a ter Bisfenol A (BPA), uma substância química perigosa usada na produção.
A Anvisa autoriza o uso de BPA em materiais plásticos destinados ao contato com alimentos e estabelece, como limite seguro de migração, 0,6 miligrama por quilo de alimento e 0,6 miligrama por litro de bebida. A agência limita-se a estabelecer a quantidade de BPA que pode migrar de um produto para o alimento, não a quantidade máxima presente no produto.
Vários países europeus, como França e Dinamarca, estão proibindo o BPA nas embalagens de alimentos. Isso não tem relação com o nível de migração, e sim com os materiais onde está presente o BPA, como o policarbonato e as resinas epóxi em todas as latas de alumínio. É alta a probabilidade de que a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) reduza o nível de migração de 0,5 miligrama por quilo por dia para até 0,005 miligrama por quilo por dia.
No Brasil, somente as embalagens da água mineral Indaiá, do Grupo Edson Queiroz, um dos maiores do país, são feitas de policarbonato. Técnicos da empresa enviaram análises para nos convencer de que não há nenhum problema com os recipientes em policarbonato. Os resultados do laboratório, de fato, são ótimos. Só que os problemas causados pelos plásticos não acontecem quando as embalagens são novas, mas com a manutenção, a exposição ao calor e as múltiplas lavagens dos garrafões, que podem ser usados durante três anos. “Não podemos nos responsabilizar pela manutenção. Não depende da gente”, disse Francisco Sales, gerente industrial do grupo Edson Queiroz. Não, mas também ninguém pode dizer que a degradação dos plásticos não traz problemas para o consumidor. A degradação do PET, material das garrafas descartáveis, não é algo com que se preocupar se o recipiente for usado uma vez só.
Estudos científicos mostram ainda que, com o tempo, mesmo a qualidade da água mineral se degrada. Em 2009, uma pesquisa realizada por Martin Wagner e Jörg Oehlman, da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, detectou interferentes endócrinos – isto é, substâncias artificiais que agem no nosso corpo por serem parecidas com hormônios – em 12 das 20 amostras de água mineral analisadas. Os dois cientistas também inseriram moluscos em garrafas PET e de vidro e notaram que, nos recipientes plásticos, houve reprodução em uma velocidade maior. Isso também indica a presença desses contaminantes, que podem ter se desprendido do plástico das garrafas. As indústrias do plástico e da água contestaram os resultados.
Praticamente na mesma época, as pesquisadoras Barbara Pinto e Daniela Reali, da Universidade de Pisa, na Itália, detectaram uma contaminação semelhante, mas em menor nível, em amostras de água mineral italiana. Elas não souberam explicar a origem dos interferentes que apareceram em 10% das garrafas. Isso levou vários cientistas a pedir para a indústria do plástico que revelasse os segredos de fabricação, para entender o que acontece em uma água que fica um certo tempo nesses recipientes. A resposta foi o silêncio.
Devido à pouca colaboração da indústria, os problemas causados pelos ftalatos, outros produtos químicos usados no plástico, ainda são pouco conhecidos e estudados. Tanto os ftalatos quanto o BPA estão presentes em praticamente todo o plástico que há nas nossas casas. Os ftalatos são usados na fabricação de acessórios domésticos (piso, papel de parede), produtos infantis (mamadeiras, brinquedos, colchonetes para troca de fraldas, mordedores), embalagens (filme transparente, garrafas descartáveis) e até em utensílios médicos (cateteres, bolsas de sangue e soro). O BPA está nos equipamentos esportivos, em dispositivos médicos e odontológicos, produtos para obturação dentária e selantes, lentes para os olhos, todos os produtos com PVC, e policarbonatos, CDs e DVDs, eletrodomésticos, embalagens de plástico duras, jarras de água em plástico duro e latas de alumínio.
“Existem na vida janelas de exposição do BPA mais problemáticas do que outras. As crianças são mais expostas do que um adulto. Também ocorre maior migração de produtos químicos para a comida ou a água com o calor”, diz o pesquisador Wilson Jardim, da Unicamp. Ou seja, ainda falta muita informação sobre o perigo dos produtos e a toxicidade dos que já estão no meio ambiente. Hoje, temos consciência do perigo de substâncias que a geração anterior à nossa usava de maneira regular, como o DDT. Mas, como acontece agora, a indústria ou não informava ou negava o problema da contaminação.
Qual água é melhor?
É impossível saber se a água envasada é de melhor qualidade do que a água da torneira, pois há muito pouca informação sobre o uso de recipientes plásticos. A água tratada também tem poluentes em um nível pouco conhecido, mas com certeza menor do que o da comida não orgânica. A grande diferença entre as duas é que a água envasada traz ainda mais problemas para o meio ambiente, pelo fato de gerar lixo, aumentar as emissões de carbono e envolver consumo de energia na sua produção.
Como melhorar a água da torneira? (Veja o infográfico animado aqui.)
Parece que o único caminho para salvar a água potável é o da cidadania. As melhores experiências para se obter uma qualidade de água razoável ocorrem quando os cidadãos participam da gestão da água, fiscalizando as empresas de tratamento e exigindo que as autoridades aumentem o orçamento para o recurso “água”.
Hoje, o monitoramento das concessionárias no Brasil é feito pelas agências de vigilância sanitária de cada estado. Mas até as empresas reconhecem que não há fiscalização. As autoridades não parecem ter vontade de aumentar o orçamento para saneamento, mesmo sabendo, há muitos anos, que isso é mais do que necessário para melhorar tanto a água e o meio ambiente quanto a saúde das pessoas.
Ainda é possível mudar as coisas. As soluções existem, só que custam caro. No mesmo estudo sobre a contaminação das garrafas de água com agrotóxicos e medicamentos, as ONGs foram para regiões mais poluídas da França (nem toda a França é como Paris), onde os agrotóxicos chegam a níveis bem acima do permitido pela legislação, há muitos anos. A poluição obrigou as autoridades a investir em tecnologia de ponta para melhorar a qualidade da água. Conseguiram. Entre essas novas tecnologias estão nanofiltração, ultrafiltração, osmose reversa e tratamento com raios ultravioleta solares. Mas, para que os impostos sirvam a essa causa, a mobilização das pessoas é obrigatória.
No Canadá, na Europa, no México ou na Bolívia, existem numerosos exemplos de como a população retomou o poder sobre a qualidade, o preço e, inclusive, a propriedade da água. Também é necessária a vontade política das autoridades para limitar o uso de produtos químicos no meio ambiente e aumentar o apoio à agricultura orgânica. E da ajuda de todos no momento das compras – um consumo consciente, que prefira produtos menos danosos ao meio ambiente, tanto na fabricação quanto na vida útil. Isso significa não trocar de celular a cada novo modelo ou deixar de beber três pequenas garrafas plásticas de água por dia.
Pesquisar sobre a água não é fácil. Não existem leis ou regras que definam um critério uniforme para a divulgação de dados. Esperei mais de 15 dias, por exemplo, para receber as análises de qualidade para o município de São Paulo, segundo as normas da Portaria 2.914/2011, do Ministério da Saúde. Os mesmos resultados para o Rio de Janeiro estão disponíveis para consulta de qualquer pessoa no site da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), responsável pelo tratamento de água na cidade. Não se sabe por que uma das concessionárias fornece a informação publicamente, enquanto a outra não diz nada sobre o assunto.
Depois de muita espera e de uma dezena de e-mails trocados, recebi quase todas as análises da capital paulista feitas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), encarregada da água e do saneamento na metrópole. No primeiro envio, porém, faltavam vários dos parâmetros considerados pela portaria do Ministério da Saúde. Por quê? Não há como saber. Depois de insistir mais, recebi todos os dados (aqui, aqui, aqui e aqui).
Como primeiro resultado dessa investigação sobre a qualidade da água, posso dizer que, em São Paulo e no Rio de Janeiro, dá para beber a água da torneira sem correr o risco de ser vítima de uma contaminação microbiológica. Ninguém vai passar mal, nem ter diarreia. É preciso, no entanto, verificar se a caixa d’água do imóvel está limpa. Tanto em um prédio como em uma casa, ela precisa ser lavada a cada seis meses. Nos condomínios, o síndico é o responsável por cuidar da execução do serviço. Nas residências, o proprietário tem que fazer o trabalho ou contratar uma empresa para isso. Se a limpeza estiver em dia, tudo bem.
A água usada para abastecimento público passa por um processo de tratamento e desinfecção mecânico e químico, que elimina toda a poluição microbiológica (coliformes totais – grupos de bactérias associadas à decomposição da matéria orgânica – e Escherichia coli). “A água da torneira é controlada várias vezes por dia, para se ter certeza de que está sempre dentro dos padrões de qualidade”, afirma Jorge Briard, diretor de produção de água da Cedae, no Rio. Mas o fato de se poder beber a água da torneira não quer dizer que o líquido não esteja poluído – e que não possa causar problemas de saúde no longo prazo.
Regras “adaptadas à realidade brasileira”
Na água do abastecimento público existem vários tipos de poluentes tóxicos. Estudos científicos associam o consumo de muitos deles ao aumento da incidência de câncer na população, enquanto outros têm efeitos ainda pouco conhecidos na saúde. Estão presentes na água que bebemos substâncias químicas como antimônio, arsênio, bário, cádmio, chumbo, cianeto, mercúrio, nitratos, triclorobenzeno, diclorometano; agrotóxicos como atrazina, DDT, trifluralina, endrin e simazina; e desinfetantes como cloro, alumínio ou amônia.
A portaria do Ministério da Saúde controla os níveis de 15 produtos químicos inorgânicos (metais pesados), de 15 produtos químicos orgânicos (solventes), de sete produtos químicos que provêm da desinfecção domiciliar e de 27 tipos de agrotóxicos presentes na água. Na primeira norma de potabilidade da água do Brasil, a Portaria 56/1977, havia apenas 12 tipos de agrotóxicos, 10 produtos químicos inorgânicos (metais pesados) e nenhum produto químico orgânico (solventes), nem produtos químicos secundários da desinfecção domiciliar.
A mudança reflete a crescente poluição da indústria, que utiliza metais pesados e solventes; do setor agrícola, que usa agrotóxicos e fertilizantes; e de todos nós, que limpamos a casa com cada vez mais produtos químicos. A assessoria de comunicação do Ministério da Saúde afirma que as substâncias que hoje estão na Portaria 2.914/2011 foram escolhidas a partir “dos avanços do conhecimento técnico-científico, das experiências internacionais e das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004), adaptadas à realidade brasileira”.
O último trecho da resposta do ministério, “adaptadas à realidade brasileira”, permite entender a diferença entre os agrotóxicos e contaminantes inorgânicos escolhidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e os listados na portaria brasileira. A OMS inclui um número muito maior de produtos químicos . Em um dossiê especial sobre agrotóxicos publicado em 2012, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) questiona essa discrepância: “Por que monitorar menos de 10% dos ingredientes ativos oficialmente registrados no país?” O ingrediente ativo, ou princípio ativo, é uma substância que tem algum tipo de efeito em organismos vivos.
Um exemplo é a bentazona. Considerada pela OMS como um poluente da água, a substância não aparece na portaria do Ministério da Saúde. Na bula de agrotóxicos que a contêm, como o Basagran, a bentazona é descrita como “um agroquímico da classe toxicológica I – extremamente tóxico e nocivo por ingestão”. Como herbicida, é muito usada nas culturas de soja, arroz, feijão, milho e trigo. E o que isso tem a ver com a água? Os próprios fabricantes dão a entender que, se for mal utilizada, a bentazona pode causar efeitos danosos sobre o ambiente aquático. “[O produto] é perigoso para o meio ambiente por ser altamente móvel, apresentando alto potencial de deslocamento no solo e podendo atingir principalmente as águas subterrâneas. Possui ainda a característica de ser altamente persistente no meio ambiente, ou seja, de difícil degradação”, diz o texto.
Outro exemplo: um estudo de 2009 sobre a contaminação de mananciais hídricos, liderado pelo pesquisador Diecson Ruy Orsolin da Silva, da Universidade Federal de Pelotas, monitorou a ocorrência de agrotóxicos em águas superficiais de sete regiões do sul do Brasil, associadas ao cultivo de arroz na safra 2007/2008. De todos os produtos detectados – clomazona, quincloraque, penoxsulam, imazetapir, imazapique, carbofurano, 3-hidróxido-carbofurano, fipronil e tebuconazol – somente o carbofurano é controlado pela portaria. Isso mostra que muitos dos agrotóxicos utilizados, e que estão presentes nos meios aquáticos no país, não são fiscalizados pelas empresas de tratamento de água. Elas não são obrigadas pelo Ministério da Saúde a fazer o controle.
Em São Paulo e no Rio, os níveis dos produtos químicos listados na portaria estão dentro dos limites permitidos. Na verdade, os valores de São Paulo são muitos melhores do que os do Rio. Isso é uma boa notícia? Sim e não. “Os processos de transformação química quebram as moléculas tóxicas, fazendo com que desapareçam. Essa manipulação da água cria outros compostos ou resíduos desconhecidos. Ninguém procura por eles e evidentemente não estão na portaria. Hoje ninguém sabe quais são os efeitos dessas moléculas”, diz Fabrice Nicolino, jornalista francês especializado em meio ambiente. Mesmo concentrações muito baixas de algumas substâncias podem ser perigosas.
A polêmica do alumínio
Como se tiram os poluentes da água? Tudo começa com um processo chamado coagulação. Nessa fase, são adicionados sulfato de alumínio e cloreto férrico, para agregar as partículas de sujeira presentes. O uso do sulfato de alumínio é muito polêmico no mundo todo. Ainda que não tenha sido provada uma relação direta entre esse produto químico e a doença de Alzheimer, vários cientistas europeus defendem que ele é responsável pelo aumento da incidência do problema nas últimas duas décadas.
Um estudo feito durante oito anos pelo Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), em Bordeaux, no sul da França, concluiu que uma forte concentração de alumínio na água, bebida a vida toda, pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de Alzheimer. Realizada por um dos centros de maior prestígio da França, a pesquisa causou – e continua a causar – muito barulho, tanto na imprensa quanto no mundo científico.
Também teve forte impacto um artigo científico dos pesquisadores Chris Exley, da Universidade Keele, e Margaret Esiri, da Universidade de Oxford – ambas no Reino Unido – publicado no Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry em 2006. Quando foi realizada a autópsia de Carole Cross, que morreu, aos 59 anos, de Alzheimer, observaram-se altas concentrações de alumínio no seu cérebro. Os autores relacionaram o achado a um acidente que atingiu a cidade de Camelford, na Inglaterra, onde Carole vivia em 1988. Na época, 20 toneladas de sulfato de alumínio foram depositadas por engano nas tubulações de água potável. Os pesquisadores não relacionam diretamente a presença do metal com a doença. Sabe-se, contudo, que o alumínio está ligado a alguns tipos de demência, e que Carole não tinha antecedentes familiares com doenças semelhantes.
Princípio da precaução
Faz um bom tempo que as empresas responsáveis pelo tratamento da água conhecem os perigos do alumínio. Em Paris, a substância deixou de ser usada nesse processo há mais de 20 anos. Adota-se o cloreto férrico. A prefeitura da capital francesa resolveu fazer a mudança pelo que é conhecido como princípio da precaução: se existem antecedentes ou experiências que sugiram um risco, não se espera que a ciência comprove isso. É melhor prevenir do que lidar com o problema depois.
Quando perguntei à Sabesp e à Cedae se achavam possível parar de usar o alumínio, a resposta foi clara. “Mas por quê? O produto funciona muito bem”, disse André Luis Gois Rodrigues, responsável pela qualidade da água na Sabesp. As duas empresas admitiram conhecer a polêmica. “Nada foi comprovado. O uso do alumínio é permitido pelo Ministério da Saúde e também pela OMS. Se um dia for demonstrado que há risco, com certeza deixaremos de usar”, explicou Jorge Briard, da Cedae. Além de ser barato, o sulfato de alumínio permite obter uma cor transparente, um pouquinho azul, bem bonitinha, semelhante à de um rio limpo. Por isso, é bem prático. Ninguém vai se queixar da cor da água.
Vale lembrar que a água não é a única fonte de absorção do alumínio no corpo. Atualmente a substância encontra-se em altas concentrações na comida (nos legumes e especialmente nos aditivos alimentares, como conservantes, corantes e estabilizadores), nos cosméticos ou nos utensílios de cozinha. De acordo com a OMS, um adulto ingere cerca de 5 miligramas de alumínio por dia apenas da comida. Para a organização, os aditivos são a principal fonte de alumínio no corpo. Em comparação, a água traz um volume muito menor: em média 0,1 miligrama por litro, o que pode somar 0,3 miligrama se você bebe 3 litros por dia. Segundo a entidade, o alumínio na água representa só 4% do que um adulto absorve.
Essa relação também é válida para os agrotóxicos. É bem provável que, comendo legumes não-orgânicos, uma pessoa absorva uma quantidade muito maior desses produtos do que ao beber água. Fazer essa comparação é muito complicado, porque o jeito de contabilizar os agrotóxicos é diferente na comida e na água. Sabemos, porém, que os agrotóxicos são diretamente aplicados nas plantações, e as medições mostram que estão em proporção maior nos alimentos do que na água.
Por conta da grande utilização de medicamentos na criação de animais hoje, os cientistas reconhecem que a dose diária de absorção de antibióticos e hormônios de crescimento é mais importante pela comida do que pela água. O professor Wilson Jardim, da Unicamp, explica, no entanto, que isso não muda o fato de que, mesmo em doses pequenas, os contaminantes presentes na água possam ter um efeito negativo na saúde.
A saída é a garrafinha?
Seria então melhor para a saúde beber água engarrafada, que chega a custar 800 vezes mais do que a água da torneira? A resposta, de novo, não é simples. Em tese, a água envasada tem melhor qualidade por ser subterrânea, o que oferece uma proteção natural contra contaminação. Mas encontrar informações sobre a qualidade da água mineral também é muito complicado no Brasil. A Associação Brasileira de Indústria de Água Mineral (Abinam), que representa as envasadoras da água, negou os pedidos de entrevista para esta reportagem. A comunicação também não é muito aberta do lado das autoridades.
Na verdade, não há como ter acesso à documentação sobre a qualidade da água engarrafada. Para obter a lavraria e a renovação da concessão, uma empresa de água mineral recebe, a cada três anos, a visita dos funcionários do Laboratório de Análises Minerais (Lamin) da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), um órgão federal. Os resultados das análises são comunicados à empresa e ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), responsável pela água mineral no país, mas não ficam disponíveis para o público. Por quê? Não recebi resposta do DNPM.
Essas análises teriam que ser feitas seguindo a resolução RDC 274/2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A norma inclui agrotóxicos e é bem parecida com a portaria que regula a água da torneira. Além de os dados não estarem disponíveis publicamente, outro problema é a forma de fiscalização das fontes. O Lamin do Rio faz análises no país todo, enquanto o de São Paulo concentra-se no estado de São Paulo, onde fica a maior concentração de concessões de água mineral do país. Até o início de 2013, o Lamin do Rio não tinha os equipamentos necessários para fazer as análises dos agrotóxicos, e só no fim de 2014 o Lamin de São Paulo deverá fazer esse trabalho. Ou seja, a resolução levou oito anos para começar a ter todos os seus itens verificados.
Isso não acontece com a água da torneira, que é muito mais controlada. Primeiro, porque ela precisa chegar a toda a população. Segundo, porque a água bruta, a partir da qual se produz a água potável, vem em geral da superfície e está mais sujeita a todo tipo de contaminação. Isso requer atenção constante e análises mais frequentes. A água mineral vem de lençóis subterrâneos, onde fica confinada. É menos poluída do que a que vem dos rios e não recebe nenhum tratamento químico. Depois de um ano fazendo as análises de agrotóxicos, o Lamin do Rio disse que não encontrou esses produtos nas águas minerais de todo o país, com exceção de São Paulo (onde ainda não fazem essa análise e onde está a maior parte das fontes). Mas não tive acesso aos documentos que comprovariam isso.
Ao procurar informações adicionais, descobri que, em São Paulo, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) iniciou, em 2011, o monitoramento de lençóis subterrâneos do estado em relação à presença de contaminantes e à atividade estrogênica – ou seja, à capacidade de algumas substâncias agirem no sistema reprodutivo humano, antecipando, por exemplo, a puberdade nas meninas ou produzindo esterilidade nos homens. “Não foi detectada atividade estrogênica na maioria dos 33 pontos de amostragem, selecionados em função de sua maior vulnerabilidade. Apenas três locais apresentaram atividade estrogênica baixa. Isso significa que não há potencial de preocupação para a saúde humana se a água for consumida”, explica Gilson Alves Quinaglia, gerente do setor de análises toxicológicas da Cetesb.
Agrotóxicos e medicamentos
As empresas de água mineral usam na publicidade o argumento de que a água subterrânea está confinada e, consequentemente, fica protegida da poluição moderna. Seria bom se fosse assim, mas existem estudos que comprovam que a poluição pode chegar a todos os lugares – até mesmo ao subsolo.
No ano passado, uma pesquisa encomendada a laboratórios independentes pelas ONGs 60 Milhões de Consumidores e Fundação Danielle Mitterrand-France Libertés, na França, encontrou tanto agrotóxicos como medicamentos na água engarrafada. “Foi uma surpresa, porque mostra que até a água mineral está poluída. Achamos um agrotóxico, a atrazina, usado no cultivo do milho, que está proibido no país há mais de dez anos. Essa substância tem a propriedade de ser muito persistente no meio ambiente. O que significa que, em dez anos, chega ao subsolo”, explica Thomas Laurenceau, da 60 Milhões de Consumidores.
Outra grande surpresa foi detectar o tamoxifeno, um hormônio usado no tratamento de câncer de mama, nas amostras analisadas. “Os níveis encontrados são muito baixos, mas a presença mostra até que ponto nosso meio ambiente está poluído”, acrescenta Emmanuel Poilane, presidente da France Libertés.
A contaminação não é causada pelas envasadoras de água, e sim pela deterioração geral do meio ambiente. “As empresas de água mineral sempre estão tentando proteger as fontes. Não depredam o meio ambiente. Não é conveniente para elas”, afirma Doralice Assirati, do DNPM. Na Europa e nos Estados Unidos, algumas delas foram obrigadas a fechar explorações, por conta da poluição detectada.
Uma das contaminações possíveis no Brasil seria pelas fossas sépticas, que, às vezes, são malfeitas. No estado de São Paulo, muitas envasadoras de água ficam em áreas urbanas, porque a proximidade do consumidor ajuda o negócio a ser mais lucrativo. Mas, na verdade, o maior problema das águas envasadas não vem do líquido, mas do contêiner de plástico. Se as garrafas e os garrafões fossem de vidro, poderíamos confiar mais na qualidade. Só que os problemas causados pelo uso do plástico já são bastante conhecidos e estudados.
PET, PP, PE, PVC, PC
O mundo dos plásticos é complicado. Aproximadamente 75% da água envasada no Brasil está em garrafões. “Eles podem ser confeccionados em todo e qualquer plástico – PVC, policarbonato (PC), polipropileno (PP) e polietileno (PE) –, desde que obedeçam aos regulamentos da Anvisa para embalagens em contato com alimentos”, afirma Carla Castilho, assessora técnica do Instituto Nacional do Plástico. Isso na teoria. Na prática, a indústria fabrica 90% dos garrafões em polipropileno e o restante, em politereftalato de etileno (PET) e policarbonato, segundo o Instituto Nacional do Plástico. O polipropileno tem custo baixo para o produtor. Isso é uma boa notícia, porque é o plástico menos propenso a ter Bisfenol A (BPA), uma substância química perigosa usada na produção.
A Anvisa autoriza o uso de BPA em materiais plásticos destinados ao contato com alimentos e estabelece, como limite seguro de migração, 0,6 miligrama por quilo de alimento e 0,6 miligrama por litro de bebida. A agência limita-se a estabelecer a quantidade de BPA que pode migrar de um produto para o alimento, não a quantidade máxima presente no produto.
Vários países europeus, como França e Dinamarca, estão proibindo o BPA nas embalagens de alimentos. Isso não tem relação com o nível de migração, e sim com os materiais onde está presente o BPA, como o policarbonato e as resinas epóxi em todas as latas de alumínio. É alta a probabilidade de que a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) reduza o nível de migração de 0,5 miligrama por quilo por dia para até 0,005 miligrama por quilo por dia.
No Brasil, somente as embalagens da água mineral Indaiá, do Grupo Edson Queiroz, um dos maiores do país, são feitas de policarbonato. Técnicos da empresa enviaram análises para nos convencer de que não há nenhum problema com os recipientes em policarbonato. Os resultados do laboratório, de fato, são ótimos. Só que os problemas causados pelos plásticos não acontecem quando as embalagens são novas, mas com a manutenção, a exposição ao calor e as múltiplas lavagens dos garrafões, que podem ser usados durante três anos. “Não podemos nos responsabilizar pela manutenção. Não depende da gente”, disse Francisco Sales, gerente industrial do grupo Edson Queiroz. Não, mas também ninguém pode dizer que a degradação dos plásticos não traz problemas para o consumidor. A degradação do PET, material das garrafas descartáveis, não é algo com que se preocupar se o recipiente for usado uma vez só.
Estudos científicos mostram ainda que, com o tempo, mesmo a qualidade da água mineral se degrada. Em 2009, uma pesquisa realizada por Martin Wagner e Jörg Oehlman, da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, detectou interferentes endócrinos – isto é, substâncias artificiais que agem no nosso corpo por serem parecidas com hormônios – em 12 das 20 amostras de água mineral analisadas. Os dois cientistas também inseriram moluscos em garrafas PET e de vidro e notaram que, nos recipientes plásticos, houve reprodução em uma velocidade maior. Isso também indica a presença desses contaminantes, que podem ter se desprendido do plástico das garrafas. As indústrias do plástico e da água contestaram os resultados.
Praticamente na mesma época, as pesquisadoras Barbara Pinto e Daniela Reali, da Universidade de Pisa, na Itália, detectaram uma contaminação semelhante, mas em menor nível, em amostras de água mineral italiana. Elas não souberam explicar a origem dos interferentes que apareceram em 10% das garrafas. Isso levou vários cientistas a pedir para a indústria do plástico que revelasse os segredos de fabricação, para entender o que acontece em uma água que fica um certo tempo nesses recipientes. A resposta foi o silêncio.
Devido à pouca colaboração da indústria, os problemas causados pelos ftalatos, outros produtos químicos usados no plástico, ainda são pouco conhecidos e estudados. Tanto os ftalatos quanto o BPA estão presentes em praticamente todo o plástico que há nas nossas casas. Os ftalatos são usados na fabricação de acessórios domésticos (piso, papel de parede), produtos infantis (mamadeiras, brinquedos, colchonetes para troca de fraldas, mordedores), embalagens (filme transparente, garrafas descartáveis) e até em utensílios médicos (cateteres, bolsas de sangue e soro). O BPA está nos equipamentos esportivos, em dispositivos médicos e odontológicos, produtos para obturação dentária e selantes, lentes para os olhos, todos os produtos com PVC, e policarbonatos, CDs e DVDs, eletrodomésticos, embalagens de plástico duras, jarras de água em plástico duro e latas de alumínio.
“Existem na vida janelas de exposição do BPA mais problemáticas do que outras. As crianças são mais expostas do que um adulto. Também ocorre maior migração de produtos químicos para a comida ou a água com o calor”, diz o pesquisador Wilson Jardim, da Unicamp. Ou seja, ainda falta muita informação sobre o perigo dos produtos e a toxicidade dos que já estão no meio ambiente. Hoje, temos consciência do perigo de substâncias que a geração anterior à nossa usava de maneira regular, como o DDT. Mas, como acontece agora, a indústria ou não informava ou negava o problema da contaminação.
Qual água é melhor?
É impossível saber se a água envasada é de melhor qualidade do que a água da torneira, pois há muito pouca informação sobre o uso de recipientes plásticos. A água tratada também tem poluentes em um nível pouco conhecido, mas com certeza menor do que o da comida não orgânica. A grande diferença entre as duas é que a água envasada traz ainda mais problemas para o meio ambiente, pelo fato de gerar lixo, aumentar as emissões de carbono e envolver consumo de energia na sua produção.
Como melhorar a água da torneira? (Veja o infográfico animado aqui.)
Parece que o único caminho para salvar a água potável é o da cidadania. As melhores experiências para se obter uma qualidade de água razoável ocorrem quando os cidadãos participam da gestão da água, fiscalizando as empresas de tratamento e exigindo que as autoridades aumentem o orçamento para o recurso “água”.
Hoje, o monitoramento das concessionárias no Brasil é feito pelas agências de vigilância sanitária de cada estado. Mas até as empresas reconhecem que não há fiscalização. As autoridades não parecem ter vontade de aumentar o orçamento para saneamento, mesmo sabendo, há muitos anos, que isso é mais do que necessário para melhorar tanto a água e o meio ambiente quanto a saúde das pessoas.
Ainda é possível mudar as coisas. As soluções existem, só que custam caro. No mesmo estudo sobre a contaminação das garrafas de água com agrotóxicos e medicamentos, as ONGs foram para regiões mais poluídas da França (nem toda a França é como Paris), onde os agrotóxicos chegam a níveis bem acima do permitido pela legislação, há muitos anos. A poluição obrigou as autoridades a investir em tecnologia de ponta para melhorar a qualidade da água. Conseguiram. Entre essas novas tecnologias estão nanofiltração, ultrafiltração, osmose reversa e tratamento com raios ultravioleta solares. Mas, para que os impostos sirvam a essa causa, a mobilização das pessoas é obrigatória.
No Canadá, na Europa, no México ou na Bolívia, existem numerosos exemplos de como a população retomou o poder sobre a qualidade, o preço e, inclusive, a propriedade da água. Também é necessária a vontade política das autoridades para limitar o uso de produtos químicos no meio ambiente e aumentar o apoio à agricultura orgânica. E da ajuda de todos no momento das compras – um consumo consciente, que prefira produtos menos danosos ao meio ambiente, tanto na fabricação quanto na vida útil. Isso significa não trocar de celular a cada novo modelo ou deixar de beber três pequenas garrafas plásticas de água por dia.
* Publicado originalmente no site Agência Pública.
Thursday, March 20, 2014
Banda Chinelo de Couro comanda show de MPB no Feitiço Mineiro
O quarteto, formado em 2012, traz um repertório que contempla a música popular brasileira e artistas como Luiz Gonzaga e o Trio Nordestino
A banda Chinelo de Couro apresenta nesta quinta-feira (20/3), no Feitiço Mineiro (306 Norte), o show Chinelo de Couro e os cantos brasileiros. O quarteto, formado em 2012, traz um repertório que contempla a música popular brasileira e artistas como Luiz Gonzaga e o Trio Nordestino. Shária Ribeiro, Júlia Carvalho, Letícia Fialho e Maísa Arantes prometem composições de diversos gêneros, principalmente os que estão inseridos na cultura nordestina, como o forró, baião e maracatu.
Vencedora na categoria Melhor show do 1º Festival de forró pé de serra de Brasília, a banda faz suas canções baseadas no cotidiano dos brasilienses e, nesta quinta, apresenta a música instrumental Brincando nas férias, de Maísa Arantes, que começou a carreira na música tocando oboé e hoje na banda toca rabeca. O show começa às 21h, com Shária na percussão, Letícia no cavaco, Maísa na rabeca e Julia no pandeiro. Os ingressos custam R$ 15. Informações: 3272-3032. Não recomendado para menores de 18 anos.
http://df.divirtasemais.com.br/app/noticia/programe-se/2014/03/20/noticia_programese,148118/banda-chinelo-de-couro-comanda-show-de-mpb-no-feitico-mineiro.shtml
Correio traz panorama sobre o que pensam poetas da geração digital
Poetas usam a internet para interagir com público e aumentar alcance de divulgação
Publicação: 20/03/2014 08:19 Atualização: 20/03/2014 08:40
Com publicações diárias e dezenas de “curtidas” e compartilhamentos, a poetisa Lília Diniz divulga inquietações e lirismo no perfil de uma rede social. O mesmo faz Luis Turiba e Marina Mara. Sem abandonar as publicações tradicionais, esses poetas e tantos outros se apropriam das possibilidades e do alcance da internet para interagir com o público e convidar para a leitura da poesia.
“Os novos tempos estão dando mais rapidez e alternativas”, observa Turiba. “Não há diferença entre a poesia que faço para a internet e a que publico nos livros, sinto que foi uma passagem automática”, completa o poeta às vésperas do Dia Mundial da Poesia, comemorado amanhã. No mesmo sentido, Lília Diniz acredita que as novas plataformas não classificam o poeta. “Há formas de expressão diferentes, algumas linguagens vão tocar mais, outras menos. Não podemos impossibilitar que as pessoas se expressem”, destaca Lília Diniz.
Entretanto, a pesquisadora em teoria literária da Universidade de Brasília (UnB) e também poetisa Sylvia Cintrão considera que nem todo verso escrito com 140 caracteres é um poema. “A poesia é concentração, ritmo e símbolos. São esses elementos formais que dão relevância ao texto e exigem muito trabalho. O que temos muito por aí é poema clichê”, avalia Sylvia Cintrão.
Embora a internet seja o meio mais apropriado para dar visibilidade a uma obra poética, o editor de poesia Ítalo Moriconi observa que ainda é preciso conquistar o público para se consagrar como poeta. “A poesia lírica tem próprios caminhos e características, e, muitas vezes, é difícil de ser feita até para um estudante de letras. É um gênero difícil. Se, por um lado, alcança um público amplo, por outro, agrada a um público sofisticado”, comenta Moriconi.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2014/03/20/interna_diversao_arte,418497/correio-traz-panorama-sobre-o-que-pensam-poetas-da-geracao-digital.shtml
Publicação: 20/03/2014 08:19 Atualização: 20/03/2014 08:40
A poeta Lília Diniz aproveita as redes sociais para divulgar o trabalho |
Com publicações diárias e dezenas de “curtidas” e compartilhamentos, a poetisa Lília Diniz divulga inquietações e lirismo no perfil de uma rede social. O mesmo faz Luis Turiba e Marina Mara. Sem abandonar as publicações tradicionais, esses poetas e tantos outros se apropriam das possibilidades e do alcance da internet para interagir com o público e convidar para a leitura da poesia.
“Os novos tempos estão dando mais rapidez e alternativas”, observa Turiba. “Não há diferença entre a poesia que faço para a internet e a que publico nos livros, sinto que foi uma passagem automática”, completa o poeta às vésperas do Dia Mundial da Poesia, comemorado amanhã. No mesmo sentido, Lília Diniz acredita que as novas plataformas não classificam o poeta. “Há formas de expressão diferentes, algumas linguagens vão tocar mais, outras menos. Não podemos impossibilitar que as pessoas se expressem”, destaca Lília Diniz.
Entretanto, a pesquisadora em teoria literária da Universidade de Brasília (UnB) e também poetisa Sylvia Cintrão considera que nem todo verso escrito com 140 caracteres é um poema. “A poesia é concentração, ritmo e símbolos. São esses elementos formais que dão relevância ao texto e exigem muito trabalho. O que temos muito por aí é poema clichê”, avalia Sylvia Cintrão.
Embora a internet seja o meio mais apropriado para dar visibilidade a uma obra poética, o editor de poesia Ítalo Moriconi observa que ainda é preciso conquistar o público para se consagrar como poeta. “A poesia lírica tem próprios caminhos e características, e, muitas vezes, é difícil de ser feita até para um estudante de letras. É um gênero difícil. Se, por um lado, alcança um público amplo, por outro, agrada a um público sofisticado”, comenta Moriconi.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2014/03/20/interna_diversao_arte,418497/correio-traz-panorama-sobre-o-que-pensam-poetas-da-geracao-digital.shtml
Tuesday, March 18, 2014
A Arte que permanece - acervo Francisco Chagas Freitas de arte alemã
Exposição de artes plásticas
21/3/ - 10/5/2014
Setor Comercial Sul, Qd. 4, Bl A, nº 256 - Asa Sul, Brasília DF
ENTRADA FRANCA
(61) 3213-5076
museu@correios.com.br
21/3/ - 10/5/2014
Setor Comercial Sul, Qd. 4, Bl A, nº 256 - Asa Sul, Brasília DF
ENTRADA FRANCA
(61) 3213-5076
museu@correios.com.br
A Arte que Permanece
A exposição “A Arte que Permanece” levará ao Museu Nacional dos Correios arte produzida na Alemanha pós-guerra até a queda do muro de Berlim, entre 20 de março e 10 de maio. Um projeto de resgate histórico da arte da antiga República Democrática Alemã, fazendo parte da Temporada da Alemanha no Brasil.
A mostra é inedita no Brasil, e tem como ponto inicial o período pós-guerra alemão (1945) - quando o país ainda foi dividido em Alemanha Ocidental e Alemanha de Leste - e perdura até o período imediatamente posterior à unificação, com a queda do muro de Berlim (1989). A exposição está sob curadoria da historiadora de arte brasileira Tereza de Arruda, residente há 25 anos em Berlim.
O acervo pertenece à coleção pessoal do brasileiro Francisco Chagas Freitas – obras reunidas ao longo de sua trajetória no setor cultural da Embaixada do Brasil na antiga República Democrática Alemã. Serão expostas mais de 100 obras de 40 artistas, desde alemães a artistas brasileiros que vivenciaram o período do regime e da queda do regime socialista alemão.
Artistas participantes: Erika Stürmer-Alex, Carlito Carvalhosa, Klaus Dennhardt, Dalmir Ferreira, Alex Flemming, Jadir Freire, Eberhard Göschel, Moritz Götze, Bernd Hahn, Angela Hampel, Peter Herrmann, Veit Hofmann, Günther Hornig, Matthias Jackisch, Evelyn Krull, Andreas Küchler, Wolfgang KE Lehmann, Helge Leiberg, Gerda Lepke, Thomas Lohmann, Roberto Lúcio de Oliveira, Peter Makolies, Arnaldo de Melo, Michael Arantes Müller, Manfredo de Souzanetto, Cristina Pape, Osmar Pinheiro, Anton Paul-Kammerer, Stefan Plenkers, Neo Rauch, Hans Scheib, Wolfgang Scholz, Frank Seidel, José Spaniol, Max Uhlig, Enéas Valle, Falko Warmt, Jürgen Wenzel, Paulo Whitaker e Karla Woisnitza. As obras apresentadas na mostra são de técnicas distintas, contemplando pintura, gravura, desenho, fotografia e escultura.
A realização da exposição “A Arte que Permanece” em Brasília é uma parceria do Museu Nacional dos Correios sendo o patrocinador da mostra, com apoio da Embaixada da República Federal da Alemanha, do IFA (Instituto de Relações Internacionais) e do Goethe-Zentrum Brasília.
Monday, March 17, 2014
O tormento climático
Ambiente
17/3/2014 - 11h20
17/3/2014 - 11h20
por José Eli da Veiga*
Têm sido inócuos os arranjos globais para manejo da mudança climática. Pior: não há sinal de que a rota venha a ser alterada. Mesmo na mais otimista das apostas – que um dia todas as nações responsáveis por significativa parte do dano venham a ter metas legalmente obrigatórias para contenção de suas emissões de gases de Efeito Estufa – ela será perdedora sem prévia formação de um preço mundial do carbono, algo incompatível com o Protocolo de Kyoto, cuja resiliência constitui o cerne do tormento.
Nas negociações desse Protocolo, entre 1993 e 1997, venceu a tese de que a melhor maneira de se atingir tal preço seria o comércio de emissões (“Cap-and-Trade”), contra o historicamente comprovado recurso à tributação. Em consequência, meros 7% das emissões globais de carbono são hoje afetados pelos dois mecanismos de formação de preço: “Esquemas para Comércio de Emissões” (ETS, em inglês) e alguns poucos tributos unilaterais em sociedades mais conscientes de que só com mercados jamais cumpririam suas metas.
Embora nos últimos nove anos tenham surgido uma dúzia de ETS, o único relevante é o EU-ETS, que envolve as 11.500 empresas responsáveis por 40% das emissões da União Europeia. Foi inevitável, portanto, que fortes compromissos políticos com a sustentabilidade tenham levado sete países dessa região à decisão de também tributarem de forma explícita outra parte de suas emissões. Há taxas-carbono na Dinamarca, na Finlândia, na Irlanda, na Suécia e agora no Reino Unido, assim como na Noruega e na Suíça, que preveem vínculos com o EU-ETS por acordos bilaterais.
No entanto, foi do outro lado do Atlântico, na província canadense da Colúmbia Britânica, que pintou o melhor dos impostos climáticos em vigor. Uma taxa-carbono que incide há cinco anos sobre a queima de todos os combustíveis fósseis, sem aumento de carga tributária. Para evitar que o desembolso de pouco mais de US$ 20 por tonelada de carbono emitido (trinta desde 2012) prejudique os negócios, a alíquota do imposto de renda das pessoas jurídicas foi reduzida de 12% para 10%. Esse é o máximo que pode ser feito sem perda de competitividade enquanto o exemplo não for seguido ao menos por outras das nove províncias e Estados dos EUA.
Prova dos nove do alerta feito pelos melhores estudos científicos sobre o tema: a única maneira eficaz de se administrar a mudança climática é a adoção de uma taxa mundial, mas incidente sobre o consumo, de modo que o preço de qualquer mercadoria também reflita seu correspondente teor de carbono. Não há melhor maneira de se catalisar inovações e investimentos pró-mitigação.
O principal problema prático desse projeto é a inviabilidade de se usar a convencional análise de custo-benefício no cálculo de qual deveria ser o valor da taxa, dada a impossibilidade de se estimar o custo social do carbono em âmbito global. Além disso, é óbvio que ela seria politicamente desastrosa se viesse a causar séria carestia.
Por isso, a saída seria que o preço mundial do carbono começasse bem baixo, mas com patente perspectiva de alta. E que os aumentos ficassem na dependência da avaliação do impacto obtido com o baixo preço inicial, em procedimento conhecido como “a learning-by-taxing process”. A organização encarregada de administrar essa dinâmica estabeleceria o preço do carbono assim como um Banco Central faz com a taxa de juros básica.
Infelizmente esse caminho mais racional para uma gestão da mudança climática foi interditado pela vitória de Pirro obtida pelo fundamentalismo de mercado nas negociações do Protocolo de Kyoto. Mais: em vez de esgotamento de sua inércia institucional, há temerária teimosia, além de muita criatividade, na proliferação de malabarismos aprovados em conferências das partes da Convenção (CoPs da UNFCCC). Espécie de obsessão em se preservar o legado, apesar de sua evidente impotência.
Esse contexto sugere a possibilidade de duas mudanças objetivas extremas que forçosamente exigiriam e induziriam correção de rumo. A pior seria que a atual marcha da insensatez fosse bruscamente interrompida por alguma séria catástrofe ecológica que provocasse atribulada e radical revisão da própria Convenção. A melhor seria que bem antes disso despontasse uma revolução tecnológica capaz de antecipar a aposentadoria das energias fósseis, tornando quase supérflua a parafernália já montada para se chegar a uma governança global da mudança climática.
O cenário mais provável, porém, é que gradualmente se combinem esses dois vetores polares. Por isso, para uma sociedade como a brasileira – que desfruta de imensas vantagens comparativas ecológicas e geográficas, mas que ainda nem sequer engatinha na direção das socioculturais vantagens competitivas – romper com o marasmo é assumir o duplo desafio de investir muito mais do que hoje na busca de inovações energéticas e, simultaneamente, abrir um sério e sistemático debate público sobre o sentido e a orientação de sua ação diplomática no âmbito do regime climático.
* José Eli da Veiga é professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente da USP e autor de “A desgovernança mundial da sustentabilidade”.
** Publicado originalmente no site Eco21.
(Eco21)
Friday, March 14, 2014
Brasília recebe o XI Encontro Internacional de Escritoras nesta quinta
O evento chega à capital para homenagear
os 50 anos da morte de Cecília Meireles; as inscrições custam US$ 250 e
podem ser feitas até hoje
Publicação: 12/03/2014 15:39 Atualização: 12/03/2014 16:07
O Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios, será palco para a abertura do XI Encontro Internacional de Escritoras (Eide) nesta quinta-feira (13/3), às 20h. O evento, presidido nesta edição pela brasiliense Nazareth Tunholi, já passou por países como México, Argentina, Peru, Espanha e Panamá, e chega à capital para homenagear os 50 anos da morte de Cecília Meireles. A partir de sexta-feira (14), a programação será realizada no Nobile Lakeside Convention & Resort (SHTN, Trecho 1, Lote 2). As inscrições custam US$ 250 e devem ser feitas pelo site do evento, até esta quarta-feira (12).
Reunindo escritoras, jornalistas e formadoras de opinião, o Eide coloca em evidência a produção literária feita por mulheres. Durante a abertura, que tem entrada franca, participam, além da presidente, a mexicana Elizabeth Altamirano, fundadora do evento, e a atriz, escritora e cantora Elisa Lucinda. Até a próxima segunda-feira (17), quando se encerra, o Eide reúne diversas representantes da literatura latino-americana em debates e palestras. Confira a programação completa clicando aqui.
Publicação: 12/03/2014 15:39 Atualização: 12/03/2014 16:07
A atriz, escritora e cantora Elisa Lucinda participa da abertura, no Museu Nacional |
O Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios, será palco para a abertura do XI Encontro Internacional de Escritoras (Eide) nesta quinta-feira (13/3), às 20h. O evento, presidido nesta edição pela brasiliense Nazareth Tunholi, já passou por países como México, Argentina, Peru, Espanha e Panamá, e chega à capital para homenagear os 50 anos da morte de Cecília Meireles. A partir de sexta-feira (14), a programação será realizada no Nobile Lakeside Convention & Resort (SHTN, Trecho 1, Lote 2). As inscrições custam US$ 250 e devem ser feitas pelo site do evento, até esta quarta-feira (12).
Reunindo escritoras, jornalistas e formadoras de opinião, o Eide coloca em evidência a produção literária feita por mulheres. Durante a abertura, que tem entrada franca, participam, além da presidente, a mexicana Elizabeth Altamirano, fundadora do evento, e a atriz, escritora e cantora Elisa Lucinda. Até a próxima segunda-feira (17), quando se encerra, o Eide reúne diversas representantes da literatura latino-americana em debates e palestras. Confira a programação completa clicando aqui.
Wednesday, March 12, 2014
Segunda Bienal do Livro traça panorama literário na América e na África
O evento será realizado entre 11 e 21 de abril, na Esplanada dos Ministérios; confira a programação
Vanessa Aquino
Publicação: 12/03/2014 08:13 Atualização: 12/03/2014 08:37
A repressão da ditadura militar, o espaço para o desenvolvimento da literatura na América Latina e na África, a história do povo de Brasília e a importância do futebol ao país — sobretudo em ano de Copa do Mundo — são alguns dos temas que serão abordados durante a II Bienal Brasil do Livro e da Leirura. O evento, que ocorrerá entre 11 e 21 de abril, fará duas homenagens: uma internacional, ao escritor uruguaio Eduardo Galeano; e outra nacional, ao mestre Ariano Suassuna, considerado por muitos críticos como o maior escritor brasileiro em atividade.
A II Bienal promete ser um espaço para afirmar identidades e diferenças, com a presença de nomes da literatura sinônimos de polêmica e talento, como a norte-americana Naomi Wolf — autora de Vagina, recente sucesso nas livrarias. Entre autores internacionais, estão o chinês Murong Xuecun (um dos mais célebres de sua geração), o cubano Leonardo Padura (autor de O homem que amava os cachorros, que tem Trotski como personagem) e a são-tomense Conceição Lima (considerada a maior poeta viva de seu país).
Leia mais notícias em Diversão & Arte
Um dos períodos mais sombrios da história do Brasil, a ditadura militar, merece destaque na programação, com seminários, palestras e lançamentos de livros ligados ao tema, como o Marighella, de Mario Magalhães. O Pasquim, periódico que se tornou referência durante a época censura aos meios de comunicação e expressão, será tema de uma exposição só para ele, chamada O traço do Pasquim no combate à ditadura.
Confira os destaques da programação
Dia 11 (sexta)
20:30 – Homenagem Internacional - Eduardo Galeano (Uruguai) - Cerimônia e Palestra - Local: Auditório do Museu Nacional da República da República Honestino Guimarães
Dia 12 (sábado)
20:30 - Seminário - Literatura no Feminino - Mesa I: "A presença da mulher na Literatura Africana" - Maria Celestina Fernandes (Angola), Olinda Beja ( São Tomé e Príncipe) e Lília Momplé (Moçambique) Local: Espaço Bienal - Auditório Nelson Rodrigues
Dia 13 (domingo)
16:00 - Debate: "Futebol e Ditaduras" – Eduardo Galeano (Uruguai), Lúcio de Castro (RJ), Mário Magalhães (RJ) e Rodrigo Merheb (DF) Local: Espaço Bienal - Auditório Nelson Rodrigues
Dia 14 (segunda)
18:30 - SEMINÁRIO - BRASIL, AMÉRICA LATINA E ÁFRICA: NOVAS REALIDADES, NOVOS ESCRITORES – Mesa II - Valeria Luiselli (México), Conceição Lima (São Tomé e Príncipe), Antônio Prata(SP) e Paulo Paniago (DF) Local: Espaço Bienal - Auditório
Nelson Rodrigues
Dia 15 (terça)
18:30 - SEMINÁRIO - INTERNET ESTÉTICA, DIFUSÃO E MERCADO - Mesa II: "Novos formatos, novos gêneros e novas estéticas na internet" – Pierre Lévy (França), André Lemos (BA) e Liziane Guazina(DF) Local: Espaço Bienal - Auditório Nelson Rodrigues
Dia 16 (quarta)
18:30 - Debate: "A LITERATURA QUE VEM DO ORIENTE" – Kim Young-ha (Coreia do Sul), Murong Xuecun (China), Angel Bojadsen (SP) e Tae Suzuki (DF) Local: Espaço Bienal - Auditório Nelson Rodrigues
Dia 17 (quinta)
19:00 - SEMINÁRIO - O GOLPE , A DITADURA E O BRASIL : 50 ANOS – Mesa I:"A produção literária nos anos de chumbo" – Thiago de Mello (AM), Carlos Heitor Cony (RJ) e João Ubaldo Ribeiro (BA) Local: Espaço Bienal – Auditório Jorge Amado
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2014/03/12/interna_diversao_arte,416986/segunda-bienal-do-livro-traca-panorama-literario-na-america-e-na-africa.shtml
Vanessa Aquino
Publicação: 12/03/2014 08:13 Atualização: 12/03/2014 08:37
O evento fará duas homenagens: uma nacional ao Ariano Suassuna (D) e uma internacional, ao escritor uruguaio Eduardo Galeano |
A repressão da ditadura militar, o espaço para o desenvolvimento da literatura na América Latina e na África, a história do povo de Brasília e a importância do futebol ao país — sobretudo em ano de Copa do Mundo — são alguns dos temas que serão abordados durante a II Bienal Brasil do Livro e da Leirura. O evento, que ocorrerá entre 11 e 21 de abril, fará duas homenagens: uma internacional, ao escritor uruguaio Eduardo Galeano; e outra nacional, ao mestre Ariano Suassuna, considerado por muitos críticos como o maior escritor brasileiro em atividade.
A II Bienal promete ser um espaço para afirmar identidades e diferenças, com a presença de nomes da literatura sinônimos de polêmica e talento, como a norte-americana Naomi Wolf — autora de Vagina, recente sucesso nas livrarias. Entre autores internacionais, estão o chinês Murong Xuecun (um dos mais célebres de sua geração), o cubano Leonardo Padura (autor de O homem que amava os cachorros, que tem Trotski como personagem) e a são-tomense Conceição Lima (considerada a maior poeta viva de seu país).
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Um dos períodos mais sombrios da história do Brasil, a ditadura militar, merece destaque na programação, com seminários, palestras e lançamentos de livros ligados ao tema, como o Marighella, de Mario Magalhães. O Pasquim, periódico que se tornou referência durante a época censura aos meios de comunicação e expressão, será tema de uma exposição só para ele, chamada O traço do Pasquim no combate à ditadura.
Confira os destaques da programação
Dia 11 (sexta)
20:30 – Homenagem Internacional - Eduardo Galeano (Uruguai) - Cerimônia e Palestra - Local: Auditório do Museu Nacional da República da República Honestino Guimarães
Dia 12 (sábado)
20:30 - Seminário - Literatura no Feminino - Mesa I: "A presença da mulher na Literatura Africana" - Maria Celestina Fernandes (Angola), Olinda Beja ( São Tomé e Príncipe) e Lília Momplé (Moçambique) Local: Espaço Bienal - Auditório Nelson Rodrigues
Dia 13 (domingo)
16:00 - Debate: "Futebol e Ditaduras" – Eduardo Galeano (Uruguai), Lúcio de Castro (RJ), Mário Magalhães (RJ) e Rodrigo Merheb (DF) Local: Espaço Bienal - Auditório Nelson Rodrigues
Dia 14 (segunda)
18:30 - SEMINÁRIO - BRASIL, AMÉRICA LATINA E ÁFRICA: NOVAS REALIDADES, NOVOS ESCRITORES – Mesa II - Valeria Luiselli (México), Conceição Lima (São Tomé e Príncipe), Antônio Prata(SP) e Paulo Paniago (DF) Local: Espaço Bienal - Auditório
Nelson Rodrigues
Dia 15 (terça)
18:30 - SEMINÁRIO - INTERNET ESTÉTICA, DIFUSÃO E MERCADO - Mesa II: "Novos formatos, novos gêneros e novas estéticas na internet" – Pierre Lévy (França), André Lemos (BA) e Liziane Guazina(DF) Local: Espaço Bienal - Auditório Nelson Rodrigues
Dia 16 (quarta)
18:30 - Debate: "A LITERATURA QUE VEM DO ORIENTE" – Kim Young-ha (Coreia do Sul), Murong Xuecun (China), Angel Bojadsen (SP) e Tae Suzuki (DF) Local: Espaço Bienal - Auditório Nelson Rodrigues
Dia 17 (quinta)
19:00 - SEMINÁRIO - O GOLPE , A DITADURA E O BRASIL : 50 ANOS – Mesa I:"A produção literária nos anos de chumbo" – Thiago de Mello (AM), Carlos Heitor Cony (RJ) e João Ubaldo Ribeiro (BA) Local: Espaço Bienal – Auditório Jorge Amado
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2014/03/12/interna_diversao_arte,416986/segunda-bienal-do-livro-traca-panorama-literario-na-america-e-na-africa.shtml
Monday, March 10, 2014
Mico-leão-preto: A história de sucesso na conservação de uma espécie ameaçada
10/3/2014 - 12h23
por Redação do Ipê
Livro conta a história do primata que já foi considerado extinto e como ações conservacionistas contribuíram para mais esperança de sobrevivência da espécie. Lançamento dia 19 de março
07 de março de 2014 – Ele só existe na Mata Atlântica do Estado de São Paulo, já foi considerado extinto da natureza e, ao ser redescoberto nos anos 70, foi alvo de pesquisas científicas e ações de mobilização comunitária que contribuíram para a sua sobrevivência, tornando-se símbolo de sucesso em conservação de espécies ameaçadas no Brasil e no mundo. Essa poderia ser a história resumida da vida do mico-leão-preto. Mas há muito mais histórias curiosas e interessantes para contar sobre os esforços para manter viva essa joia rara das matas paulistas. Elas agora estão no livro Mico-leão-preto: A história de sucesso na conservação de uma espécie ameaçada, escrito pela bióloga Gabriela Cabral Rezende, com lançamento oficial no dia 19 de março, na Livraria da Vila, em São Paulo.
Por meio de um levantamento enriquecido por entrevistas com personalidades brasileiras e estrangeiras que ativamente contribuíram para salvar essa espécie, a autora relata os esforços de pessoas engajadas para recuperar as populações de micos-leões pretos da natureza e, ao mesmo tempo, restaurar o habitat da espécie: a floresta Atlântica do interior de São Paulo. Além disso, a autora utiliza o Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto (do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas) como modelo, identificando quais são as principais estratégias e ações que podem levar um programa de conservação ao sucesso, e que também podem ser seguidas para a conservação de outras espécies.
O lançamento ocorre no ano em que um dos principais trabalhos realizados para a proteção da espécie, o Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto, completa 30 anos de existência. Parte da renda do livro será destinada ao programa do IPÊ, que trabalha pela conservação da espécie nos remanescentes da Mata Atlântica de São Paulo.
Já há exemplares à venda na loja do IPÊ: http://www.lojadoipe.org.br.
O mico-leão-preto
O mico-leão-preto é um primata de pequeno porte, pesa em média 600 gramas. Sua pelagem é abundante e brilhante, que forma uma espécie de juba ao redor da cabeça – daí o nome mico-leão. Pés e mãos são pretos, mas nem todo o corpo é assim, já que pode apresentar coloração alaranjada na parte posterior do corpo.
Sua alimentação é feita a base de frutos, sementes, flores, pequenos vertebrados e invertebrados. Costumam viver em grupos de 2 a 7 indivíduos, e à noite se escondem em buracos nos troncos das árvores para dormir.
A maior ameaça à conservação do mico-leão-preto é a fragmentação das florestas que ocasiona o isolamento e declínio das populações restantes e a consequente degradação do seu habitat. Ainda hoje, sua situação é grave visto que a espécie era listada no Red Data Book (UICN) como criticamente ameaçada de extinção. Hoje, devido aos esforços do Programa de Conservação do Mico-Leão Preto do IPÊ, este mico é listado em uma categoria mais esperançosa, passou de “criticamente ameaçado” para “ameaçado”, segundo o livro vermelho das espécies.
Sobre a autora
Gabriela Cabral Rezende é bióloga formada pela Unesp de Botucatu, com Mestrado Profissional em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável pela ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, e especialização em Manejo de Espécies Ameaçadas pela Universidade de Kent/Durrell Conservation Academy (Reino Unido). Já trabalhou com espécies como tartarugas e pinguins, mas o mico passou a ser sua paixão e hoje é pesquisadora do programa mico-leão-preto do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas. O livro é fruto do seu trabalho de conclusão do Mestrado Profissional, concluído em 2012.
Serviço
Lançamento
Mico-leão-preto: A história de sucesso na conservação de uma espécie ameaçada
Quando: 19 de março de 2014
Onde: Livraria da Vila (Alameda Lorena, 1731 – Jardim Paulista – São Paulo)
Horário: 18h30 às 21h30.
(Ipê)
Friday, March 07, 2014
Thursday, March 06, 2014
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