Friday, May 18, 2012
Visita à casa paterna
Como a ave que volta ao ninho antigo, /
Depois de um longo e tenebroso inverno, /
Eu quis também rever o lar paterno, /
O meu primeiro e virginal abrigo. //
Entrei. Um gênio carinhoso e amigo, /
E fantasma talvez do amor materno, /
Tomou-me as mãos, olhou-me grave e terno, /
E passo a passo, caminhou comigo. //
Era esta a sala (oh, se me lembro, e quanto!) /
Em que da luz noturna à claridade /
Minhas irmãs e minha mãe...O pranto //
Jorrou-me em ondas...Resistir quem hás de? /
Uma ilusão gemia em cada canto, /
Chorava em cada canto uma saudade! //
(Luis Guimarães Junior – *Rio de Janeiro, 1841 / + Lisboa, 1898)
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