Monday, August 24, 2009

Biblioteca Nacional de Brasília dedica tributo a Haroldo de Campos


No mês em que é celebrado o aniversário de nascimento e morte de Haroldo de Campos (19-8-1929 / +16-8-2003), a Biblioteca Nacional de Brasília consagra seu tributo ao poeta criador da poesia concreta, uma das mais polêmicas figuras do meio literário do século vinte, também tradutor, ensaísta, advogado, procurador e professor. Misto de palestra literária e recital poético, o Tributo ao Poeta Haroldo de Campos será realizado no auditório da Biblioteca, às 19h da próxima 2ª, 31, tendo o professor e poeta José Fernandes na análise de sua poesia, e na récita de poemas o jornalista, músico e dramaturgo Celso Araújo (ex-Akhenaton, diretor de Sousândrade em Camarardente), a poeta e fotógrafa Cristina Bastos (Decerto o Deserto; Ladrões de Alma) e o poeta e performático Paco Cac (Pulso; Gandaia; O Menor Espetáculo do Mundo).

O mineiro José Fernandes, cuja trajetória de erudito acadêmico e escritor passa por Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Goiás, avisa aos navegantes que preferiu a viagem mais difícil entre os dois riscos que corre nessa aula-homenagem sobre o poeta: analisar o seu vanguardismo verbivocovisual já que seus poemas visuais foram pouco visitados pela crítica, em lugar de reproduzir a vasta informação disponível sobre ele.

POLÊMICO - Seis anos após sua morte, Haroldo de Campos permanece com a imagem que plasmou em vida como poeta. Se repudiado por muitos, de um lado, do outro, notoriamente reverenciado, dentro e fora do País. Arrebatou o Prêmio Jabuti em 1991, 93, 94, 99 e 2002, e o Prêmio Octávio Paz de Poesia e Ensaio, no México, em 1999, ano também em que a Universidade de Yale e a de Oxford organizaram conferências sobre sua obra em comemoração aos seus 70 anos.

Haroldo de Campos fez escola no Brasil com seus métodos de tradução, que deram origem à famosa transcriação. Tendia a traduzir das obras apenas o que lhe interessava, e o mais difícil. Ezra Pound, James Joyce e Mallarmé; Maiakovski, Octavio Paz e Goethe; Dante, Heráclito e Homero; e ainda o teatro Nô japonês e textos bíblicos em hebraico, como Gênesis e Eclesiastes, foram objetos de suas transcriações.

OBRA - Muitos dos que rechaçam sua reação contestadora ao conservadorismo poético da Geração de 45, desde o grupo Noigandres até o movimento da poesia concreta – fase que se estendeu de 1956 a 1963, junto ao irmão Augusto de Campos e a Décio Pignatari – conhecem pouco ou nada de sua vasta obra, que inclui os livros de poesia Xadrez de Estrelas (1976); Signância: Quase Céu (1979); Galáxias (1984); A Educação dos Cinco Sentidos (1985); Crisantempo (1998); e A Máquina do Mundo Repensada (2001). Mas podem também conhecer ainda menos da complexidade e do requinte intelectual de sua poesia verbivocovisual, que o professor Fernandes irá analisar no palco da BNB.

São objetos da palestra de Fernandes os poemas nascemorre, Circum-lóquio e o fragmento de Galáxias (1), que serão recitados por Cristina Bastos, Paco Cac e Celso Araújo. A oportunidade para conhecer e compreender a estruturação da poesia visual de Haroldo de Campos está, portanto, posta ao público interessado, e com entrada franca. (Angélica Torres)
TRIBUTO AO POETA HAROLDO DE CAMPOS – Dia 31/8/09, 2ª feira, às 19h, no auditório da Biblioteca Nacional de Brasília, 2º andar. Com José Fernandes (palestrante); Paco Cac, Celso Araújo, Cristina Bastos (récitas). Entrada franca.

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