Thursday, October 31, 2013

Sarau do Beijo, em homenagem ao dia da consciência negra


 SARAU DO BEIJO EM HOMENAGEM AO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
A edição do Sarau do Beijo de novembro traz a força dos tambores e alegria de nossa matriz africana. Em consonância com o Dia da Consciência Negra, a 6ª edição do Sarau do Beijo presta, no próximo dia 05 de novembro, sua homenagem à ativista cultural e professora Lydia Garcia – reconhecida militante do movimento negro do Distrito Federal, uma das fundadoras do Conselho de Defesa dos Direitos do Negro do Distrito Federal.
Lydia Garcia foi pioneira no trabalho em prol da cultura afro no Distrito Federal e segue apoiando escritores, poetas e artistas. Como educadora foi responsável pela formação musical dos primeiros educadores da rede de ensino do DF. Participou da criação do Centro de Estudo Afro Brasileiro, primeira entidade organizada em luta pelo direito dos negros no DF.
No Sarau da Consciência Negra teremos a participação dos poetas Jorge Amancio, Rêgo Júnior e a poeta Gelly Fritta mostrando seus poemas, na homenagem o Grupo Cultural de Percussão Popular Batukanjé conduzido pelo mestre Célin Du Batuk, onde a cultura afro-brasileira é parte da nossa identidade nacional e o Grupo Batukenjé explora a arte, os ritmos, toques, canto, dança, cores e magia dessa cultura tão essencial a formação do Brasil. Da cidade de São Sebastião cidade satélite de Brasília, uma área de ocupação muito antiga, de fazendas remanescentes da época dos escravos o Movimento Supernova que tem um dos seus criadores o poeta e pintor, baiano de Vitória da Conquista, Paulo Dagome. O Movimento Supernova tem a a arte como caminho e participa da sesta edição do Sarau do Beijo.
O jornalista Sionei Ricardo Leão, conduzirá uma entrevista com a  ativista cultural Professora Lydia Garcia, homenageada da noite.  O evento tem também  a curadoria dos poetas Nicolas Behr, Marcos Freitas e Jorge Amancio e ocorre toda a primeira terça feira do mês no Memorial Darcy Ribeiro, o Beijódromo, ao lado da reitoria da UnB. 
O Grupo Cultural Batukenjé, sediado em Brasília, foi criado em 2006 na Finlândia, pelo músico e agente cultural Célio Zidório, a convite para ministrar workshops pelo país, com a proposta de ensinar percussão de ritmos brasileiros, de proporcionar uma boa vivência e experiência na prática com os instrumentos diversos utilizados na atividades, bem como contribuir para a formação de cidadãos melhores através da música. Célio Zidório, conhecido no meio musical como Mestre Célin Du Batuk, também estimula em suas atividades, a prática do canto e dança, contextualizando muito bem elementos marcantes da cultura brasileira, contribuindo para sua divulgação e fortalecimento no Brasil e no exterior.
 Paulo Dagome poeta e pintor, baiano de Vitória da Conquista, morador de Brasília desde 1989 e de São Sebastião desde 1993. Poeta desde os doze anos de idade, músico
desde os quinze, vigilante noturno por necessidade, fundou o grupo cultural Radicais Livres que realizou em São Sebastião o Sarauradical, durante cerca de sete anos. Após formou  um novo agrupamento, o Movimento SuperNova, o qual vem ganhando visibilidade no cenário do 3º setor em São Sebastião.
O Movimento Supernova é uma organização da sociedade civil, reconhecida no Distrito Federal, que desenvolve projetos de cultura, esporte e meio ambiente com vista ao desenvolvimento social. O Movimento é formado, na sua maioria, por jovens participantes dos eventos e ações do grupo, na sua maioria moradores de São Sebastião e alguns poucos de outras cidades do Distrito Federal.
Gelly Fritta (Angelita Gelly Ribeiro Gomes), nasceu em Ubatã, interior da Bahia (Brasil), em 1967. Apaixonada por poesia desde criança, mudou-se para Brasília em 1990, em 2001 publicou o livro “Um Vulto na madrugada” e, em 2002, “Nua e Crua” um livro com alguns poemas eróticos. Participante do colectivo de poetas do Distrito Federal, Gelly Fritta participa de saraus onde explora os poetas que adora, entre eles Fernando Pessoa, Augusto dos Anjos e Drummond de Andrade.
Atualmente está a trabalhar num livro só de poemas eróticos sem data ainda para publicação. 
Rêgo Júnior, maranhense radicado em Brasília desde1997, funcionario público por subsistência, poeta por amor e vocação apresenta seus recitais, de forma performatica em bares, espaços culturais e eventos artistico e populares, sue último trabalho Muito prazer paulo leminski  integrante do recital Francisco Morojó, da Ceilândia. Integrante,organizador do grupo poeme-se de Taguatinga que se apresenta todas as segundas quartas de cada mês no Bar BLUES PUB em taguantinga centro tem seus textos disponiveis em  sua pagina literaria no Recanto das letras.



Poemação no Beijódromo

Sarau do Beijo

Homenagem a profª Lydia Garcia

Dia 5 de novembro de 2013 – Terça-feira

Das 19:00 às 21:00

Entrada Franca

Tuesday, October 29, 2013

Seca revisitada


Pesquisadores explicam origem do fenômeno que atinge semiárido nordestino e comentam suas consequências sociopolíticas. 

Por: Henrique Kugler
 
Publicado em 24/10/2013 | Atualizado em 24/10/2013
Seca revisitada
“A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas”, escreve Graciliano Ramos em ‘Vidas secas’. Hoje, porém, não se vê o êxodo em massa de camponeses. (foto: Leo Nunes/ Wikimedia Commons – CC BY-SA 3.0)
Sol escaldante no semiárido nordestino. A inclemência das secas há tempo arrasa a terra e a vida do sertanejo. Ainda assim, “apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem-número de terríveis episódios, ele alimenta a todo transe esperanças de uma resistência impossível”, narrou Euclides da Cunha (1866-1909) em Os sertões. Esse texto é de 1902. De lá para cá muito mudou, mas ainda hoje a complexidade do sistema climático continua a desafiar a ciência; e as consequências da seca na região ainda nutrem acirrados debates entre acadêmicos, técnicos e gestores.
Como entender a origem das agruras climáticas que afligem o Nordeste de nosso país? “As secas costumam ser ocasionadas por dois fenômenos climatológicos de escala global”, explica o climatologista José A. Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O primeiro deles é o El Niño. Trata-se de um aquecimento incomum das águas superficiais do oceano Pacífico – o que origina, na costa oeste da América do Sul, índices de evaporação e precipitação bastante elevados.
E, por incrível que pareça, essa mudança ocasional em um oceano distante é capaz de alterar, também, os padrões de circulação atmosférica no território brasileiro. Uma das consequências do El Niño é o decréscimo – por vezes radical – no regime das chuvas sobre o Nordeste de nosso país. A periodicidade desse fenômeno natural é incerta, mas ele costuma ocorrer em ciclos de dois a sete anos.
Por incrível que pareça, uma mudança ocasional em um oceano distante é capaz de alterar, também, os padrões de circulação atmosférica no território brasileiro
O segundo fenômeno responsável pelas sucessivas secas na região tem um nome ligeiramente mais complicado: é o que climatologistas chamam de variação do gradiente de temperatura da superfície do Atlântico Tropical. O conceito é bastante simples. De tempos em tempos, as águas do Atlântico Tropical Norte – região oceânica entre o Equador e a latitude 15° Norte – ficam mais aquecidas que as águas do Atlântico Tropical Sul – localizado entre o Equador e a latitude 15° Sul. Isso acarreta notórias alterações nas zonas de precipitação.
“Onde temos águas mais quentes, há mais evaporação; e maiores taxas de evaporação favorecem a formação de chuvas”, ensina Marengo. Quando as águas do norte se aquecem, portanto, a precipitação tende a se concentrar por lá – abandonando parte do Atlântico Tropical Sul e reduzindo significativamente o índice pluviométrico do Nordeste do Brasil.
É comum confundir os conceitos de seca e estiagem. Vale o esclarecimento. “O clima da região Nordeste é semiárido, o que significa que o ano é dividido em estações chuvosas e estações de estiagem”, explana Marengo. “Seca é quando não chove nos meses em que deveria chover.” No caso do semiárido nordestino, há expectativa de chuva entre janeiro e junho; e ausência de precipitação é esperada entre julho e dezembro.
“Com nossos sistemas de previsão meteorológica, somos cada vez mais capazes de predizer os períodos de seca”, afirma Marengo (ver ‘Incertas, mas previsíveis’). “Mas não podemos prever seus impactos, pois a falta d’água costuma trazer sérias consequências sociais e políticas.”

Incertas, mas previsíveis
Predizer o clima e o tempo é sempre um desafio para a ciência. “Mas, no caso das secas do Nordeste, os índices de acerto nas previsões têm sido bastante satisfatórios”, comenta Marengo. “Estações meteorológicas automáticas distribuídas nos mares e no continente coletam dados precisos sobre temperatura, pressão e diversas outras variáveis climatológicas”, que permitem aos meteorologistas elaborar cenários com grau razoável de confiabilidade.

Atualmente, porém, mesmo com sistemas sofisticados, não somos capazes de prever o tempo com mais de três meses de antecedência. Por exemplo: em setembro, pode-se ter alguma acurácia nas previsões para outubro, novembro e dezembro. A previsão oficial do governo para o Nordeste é anunciada normalmente em janeiro – quando já se sabe como será o regime de chuvas durante os meses de fevereiro, março e abril.

Uma curiosidade: ainda hoje vivem os chamados ‘profetas da chuva’ – figuras locais que, entre o misticismo e a tradição, lançam palpites sobre o regime pluviométrico do sertão. Marengo confidencia: em algumas reuniões entre meteorologistas, esses inusitados magos do semiárido são convidados a participar. “Em muitos casos, o que eles especulam por métodos tradicionais se aproxima do que nossa ciência prevê”, comenta o pesquisador. “Não há nada de errado no fato de a ciência dar ouvidos à experiência.”


Literatura e realidade

A figura clássica do retirante talvez não exista mais. O camponês castigado pela falta d’água, com seu gado magro a definhar na caatinga, é parte de um momento pretérito que, ao que tudo indica, foi superado. Pelo menos em parte. “Não vemos mais aquele êxodo em massa, como retratado em Vidas secas, de Graciliano Ramos [1892-1953]”, comenta o engenheiro Marcos Freitas, da Agência Nacional de Águas (ANA). Nos idos passados, levas de nordestinos deixavam suas terras e rumavam para as grandes cidades. Hoje, no entanto, a vida dos sertanejos parece menos difícil. “Parte desse sucesso se deve às políticas governamentais de incremento de disponibilidade hídrica”, diz o engenheiro da ANA.
Açudes, cisternas, carros-pipa. São algumas das principais estratégias adotadas nas últimas décadas para atenuar a falta d’água em muitos municípios do semiárido. Méritos ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), vinculado ao Ministério da Integração Nacional (MIN). “É preciso reconhecer os avanços, sim, mas estamos distantes de uma situação ideal e ainda há muito a se fazer”, pondera Freitas.

Amanhecer semiárido

Especialistas estão de acordo: “O que caracteriza a seca no semiárido nordestino não é a falta pura e simples de água, e sim a forma lotérica como as chuvas se distribuem no tempo e no espaço”, explica o engenheiro agrônomo João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco. Um só trimestre pode registrar até 90% da precipitação anual.
“Desafio, portanto, é armazenar essa água de maneira eficiente e segura para que ela seja distribuída de maneira igualitária durante o ano”, diz Freitas. “Mas não basta armazenar; é preciso atentar para a qualidade da água estocada”, alerta. Esgoto nos rios, resíduos sólidos a poluir cursos d’água são alguns dos problemas que insistem em permanecer em pauta – não somente no Nordeste, mas em todo o Brasil. “Tratamos apenas algo em torno de 60% de nossos esgotos”, diz Freitas.
Água armazenada
Nas últimas décadas, muitos municípios do semiárido têm adotado estratégias para atenuar a falta d’água, como o uso de açudes, cisternas e carros-pipa. (foto: Ana Paula Couto/ MIN)
Outro desafio, segundo ele, é incentivar o uso mais racional dos recursos hídricos na agricultura do semiárido. Os sistemas convencionais acarretam desperdício notório de água. “Por isso devemos incentivar a irrigação por gotejamento ou microaspersão”, sugere o engenheiro. “São muito mais eficientes, pois evitam perdas por evaporação.”
O terceiro grande desafio, para Freitas, é o abastecimento de populações difusas. Aglomerados urbanos, em geral, contam com infraestrutura hídrica satisfatória. Mas habitantes de paragens remotas sofrem. “Longas caminhadas, quilômetros a fio com uma lata na cabeça para buscar água; isso ainda acontece”, lamenta Freitas.
Dado desolador: segundo o engenheiro da ANA, no Brasil perde-se de 30% a 40% de água nos processos de distribuição. Motivo: infraestrutura precária – vazamentos, tubulações avariadas, desvios clandestinos...

Sertão: retrato institucional

A última seca do Nordeste foi registrada em 2012. E os baixos índices pluviométricos de 2013 confirmam: esta seca ainda perdura. Quanto a 2014, pouco se sabe. Previsões de janeiro poderão trazer melhores notícias. Ou não. Segundo Marengo, as secas tendem a durar de um a dois anos. Não é incomum, entretanto, que se estendam por tempo maior. Na década de 1950, por exemplo, a terra sedenta do semiárido permaneceu sob esse regime implacável por nove anos.
Freitas: “O avanço do conhecimento divide as ciências, mas devemos superar a visão compartimentada do saber para solucionar os problemas do semiárido nordestino”
“Mas hoje, mesmo no segundo ano consecutivo da seca, os habitantes da região não têm tido graves problemas de abastecimento”, observa Freitas. É a prova, segundo ele, de que as políticas públicas estão funcionando a contento. “Recentemente, o governo federal ampliou as medidas ao anunciar um aporte de R$ 9 bilhões em uma série de iniciativas, como a prorrogação das operações de crédito rural, a renegociação das dívidas agrícolas e a expansão dos programas Bolsa Estiagem, Garantia-Safra e Operação Carro-Pipa”, informou o MIN à Ciência Hoje. As ações devem atender a mais de 10 milhões de pessoas que vivem nas regiões afetadas pela imprevisibilidade do clima.
“Mas, infelizmente, é comum haver descontinuidade entre um governo e outro”, aponta o engenheiro da ANA. “Um estado ou município pode ter boa estrutura institucional durante um mandato; mas ela pode ser totalmente desmobilizada no governo seguinte.” Para Freitas, as instituições ainda funcionam de forma precária – sem um quadro efetivo de servidores permanentes e concursados.
Para os pesquisadores, a solução para o semiárido requer visão integrada. “O meteorologista preocupa-se com as chuvas; o agrônomo com as culturas agrícolas; o hidrólogo com a vazão dos rios; o economista com os impactos econômicos; e o político poderia auxiliar no planejamento orçamentário e nas negociações de questões federativas”, aponta o engenheiro da ANA. “O avanço do conhecimento divide as ciências, mas devemos superar a visão compartimentada do saber para solucionar os problemas do semiárido nordestino.”

A contenda do velho Chico
Impossível falar de seca no Nordeste sem mencionar a transposição do rio São Francisco. A obra é das mais polêmicas – e tem dividido opiniões desde o início. Um dos maiores críticos ao projeto é o engenheiro João Abner, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Segundo ele, a transposição é uma grande fraude técnica. “Ela permanecerá no imaginário como a solução para a seca, e não é”, censura Abner. “Essa obra não vai terminar nunca.” O governo rebate: o MIN informou à Ciência Hoje que a obra estará concluída em 2015.

Um dos pontos de disputa é o fato de que a transposição, segundo seus críticos, é uma obra que beneficiará o grande capital – grandes propriedades agrícolas e industriais –, e não as populações difusas que carecem de abastecimento. “Não é verdade”, contra-argumenta o MIN. “Os canais dos eixos Leste e Norte, por exemplo, levarão a água do São Francisco para 325 comunidades difusas.” Segundo Abner, entretanto, são os financiamentos de campanhas eleitorais – por parte das empreiteiras responsáveis pela obra – que motivam a controversa transposição.

Henrique Kugler
Ciência Hoje/ RJ

Texto originalmente publicado na CH 308 (outubro de 2013).

Friday, October 25, 2013

Uma festa para Lygia Fagundes Telles


Escritora é homenageada com exposição de textos e fotos, além de debates, no Memorial da América Latina

24 de outubro de 2013 | 19h 18

Ubiratan Brasil - O Estado de S. Paulo
A escritora Lygia Fagundes Telles - Felipe Rau/Estadão
Felipe Rau/Estadão
A escritora Lygia Fagundes Telles
Uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos, Lygia Fagundes Telles ostenta uma obra viva, pulsante, inspiradora. É o que poderá ser comprovado a partir desta sexta-feira com a abertura de uma exposição no Memorial da América Latina que homenageia sua trajetória e sua escrita.
Na verdade, como Octavio Paz, Lygia sempre utilizou a escrita para contar uma história, a própria história. E, para isso, construiu uma carreira marcada por um estilo elegante, ecos machadianos e um permanente estado de espírito que permite manipular a escrita com firmeza e serenidade.
O evento no Memorial começa às 18h30, com a abertura da exposição Lygia Fagundes Telles – trata-se de uma coleção de fotos, originais e edições estrangeiras de textos da escritora. O visitante também poderá admirar painéis que estampam quadros de Beatriz Milhazes, imagens que figuram nas capas da nova edição da obra de Lygia, lançada desde 2009 pela Companhia das Letras. “Sempre admirei muito o trabalho da Beatriz, que traduz com delicadeza a expressão da minha escrita”, costuma dizer a autora.
A homenagem continua às 19 horas, com a exibição do vídeo Narrarte. É um curto mas precioso documentário rodado pelo filho da escritora, Goffredo Telles Neto, uma conversa sobre o ato da escrita. Certamente, um dos pontos altos da noite.
Às 20 horas, os convidados poderão acompanhar um bate-papo sobre a autora do romance As Meninas, entre a professora Ana Paula dos Santos Martins e o jornalista e escritor Suênio Campos de Lucena, com mediação de Luis Avelima. Um ótimo momento para se comprovar como a escrita de Lygia é o testemunho de sua vida. Basta ler o clássico A Estrutura da Bolha de Sabão.
“Esse conto tem uma origem divertidíssima e começou quando meu segundo marido, Paulo Emílio de Salles Gomes, contou que um amigo físico, que vivia na França, estava estudando a estrutura da bolha de sabão”, contou Lygia, certa vez, ao Estado. “Fiquei intrigada com o assunto e, como também não conseguia me definir sobre o que se tratava, Paulo me aconselhou a buscar a resposta na escrita.” Encantada, pois se recordou dos tempos de menina quando brincava com bolhas de sabão, Lygia pôs-se a trabalhar e o entendimento só foi surgir quando escrevia as últimas linhas.
Estruturas intricáveis, personagens que não a abandonam, o universo literário de Lygia Fagundes Telles é sempre inesgotável. Por isso, às 20h30, ela será homenageada pelo presidente do Memorial, o cineasta Joaquim Batista de Andrade.
O evento terá sua última parte prevista para começar às 20h45, quando acontece o lançamento dos livros Lygia Fagundes Telles entre Ritos e Memória, organizado por Suênio Campos de Lucena; Sombras Silenciosas: Estranheza e Solidão em Lygia Fagundes Telles e Edward Hopper, de Mabel Knust Pedra; e Caros Autores, de Fábio Lucas.
“Para escrever, você precisa se dedicar de corpo e alma a seu personagem, a seu enredo e à sua ideia”, explicou. “É preciso que seja um ato de amor, uma doação absoluta, e é impossível sair do transe enquanto não dá a história por acabada, enquanto não decifra o humano. O detalhe é que o ser humano é indefinível. Por mais que tente, você não consegue defini-lo totalmente. O ser humano é inalcançável, inacessível e incontrolável, ele está sujeito a esses três ‘Is’.”

LYGIA FAGUNDES TELLES
Memorial da América Latina. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 3823-4780. Sexta, 25, 18 h. Grátis. http://www.memorial.org.br/

Wednesday, October 23, 2013

Vinicius de Moraes: o poeta da paixão faz 100 anos


Canção dos Nibelungos, traduzido por A. R. Schmidt-Patier





Canção dos Nibelungos é uma das mais importantes obras da Literatura Alemã do período medieval. É o canto fúnebre de um mundo pagão que, aos poucos, se cristianizava, lamentando o  fim da era dos deuses noturnos.

Trata-se de uma tradução completa da Canção dos Nibelungos é uma epopeia de 2.379 estrofes. É um poema de grandes dimensões, de caráter narrativo e estilo elevado, destinado a celebrar os feitos de um povo. A Alemanha considera esta epopeia um poema de seu passado histórico, de vez que os burgúndios foram um povo germânico.

O tradutor, prof. A. R. Schmidt-Patier, trabalhou durante mais de 10 anos nesta tradução, tendo por base um texto composto em Alto-Alemão Medieval.

O texto do livro é precedido de um estudo introdutório sobre a história desta obra do século XIII, cujo autor é considerado anônimo.
Sobre o autor:

Patier, professor de Latim do Uniceub, é autor de várias outras obras, entre as quais podem ser citadas o Parsifal (já na terceira edição) e Nos Confins do Conhecimento. É, ademais, fundador da revista Egrégora, com 20 anos de circulação.






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Data: 23 de outubro (quarta-feira) – Horário: a partir das 18h30

Local: Restaurante Carpe Diem da 104 Sul

Informações: (61) 3344-3738
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Tuesday, October 22, 2013

10 visões de fotógrafos alemães contemporâneos


José Carlos Vieira e Carla Andrade, poetas radicados em Brasília, lançam novos trabalhos


Os autores lançam, nesta terça-feira, as obras "Poemas de paixões e coisas parecidas" e "Artesanato de perguntas"

Diego Ponce de Leon Publicação:22/10/2013 06:01Atualização:21/10/2013 16:38
 
'Zé não tem zelo por estilos rígidos. É um cara de ritos temperados por sacras orgias. Pro que der e vier, sem perder a nervura', define o poeta e jornalista TT Catalão (Iano Andrade/CB/D.A Press)
 
 
"Zé não tem zelo por estilos rígidos. É um cara de ritos temperados por sacras orgias. Pro que der e vier, sem perder a nervura", define o poeta e jornalista TT Catalão
As almas mais amargas que passeiam pela capital federal costumam dizer que a cidade não tem esquinas, vida noturna ou bons exemplos da “irmandade da uva”, por assim dizer. Aparentemente, padecemos sob a ausência de rastros da Lapa carioca ou do Bexiga paulistano. Outros atestam o oposto. Um fato, porém, não pode ser negado: Brasília exala boemia.

O jornalista, colunista das comédias da vida pública e privada, paraibano de nascença, brasiliense por excelência e botafoguense fanático, José Carlos Vieira (entre outros ofícios peculiares), sabe bem disso. A dedicação ao mundo da literatura o tornou um poeta boêmio. E, em torno de uma mesa de bar, ele reúne os amigos e leitores para lançar, nesta terça-feira (22/10) à noite, Poemas de paixões e coisas parecidas. O novo trabalho aparece seis anos após o anterior A alma e o e-mail, de 2007 (Travessa dos Editores, Curitiba).

“Meus versos são libertários. Não consigo colocar o terno e a gravata em minhas palavras”, definiu o jornalista, que acumula 23 anos dedicados ao Correio. Desde 2009, José Carlos lidera a equipe do Diversão & Arte, além de manter uma coluna semanal com goles de humor. A poesia, segundo ele, aparece com um exercício libertário, muito além do jornalismo.

Com ilustrações dos artistas Carmen San Thiago e Kleber Sales — além de uma inspirada apresentação de TT Catalão —, Poemas de paixões e coisas parecidas convida o leitor para uma conversa franca e comovente, orquestrada por uma alma ora roqueira, ora lírica, sempre em busca de um resultado “simples, curto e transcendente”, como atesta TT Catalão. Uma chance de nos sentarmos à mesa na companhia de Leminski, Chacal, Quintana e Bukowski. E nos embriagarmos da poesia de José Carlos Vieira. Ébria no sentimento e tão sóbria na intenção.

Contemporânea


Carla Andrade lança Artesanato de perguntas no Sebinho Cultural (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Carla Andrade lança Artesanato de perguntas no Sebinho Cultural
 
Quando a mineira Carla Andrade chegou a Brasília, há 13 anos, foi consumida por uma solidão e um medo constante. A primeira impressão não foi positiva. Como veio por motivos profissionais, insistiu e permaneceu. Atualmente, celebra a escolha. “O que me assustava antes, hoje, me inspira”, disse a poetisa e servidora pública, que lança Artesanato de perguntas, às 19h, no Sebinho Cultural. Antes, em 2007, estreou na literatura com Conjugação de pingos de chuva.

O novo trabalho, assim como o anterior, traz poesias selecionadas. “São versos imagéticos, surrealistas. Sem preocupação com lastros de realidade”, sintetizou Carla, que aborda temas filosóficos — como a decepção, a solidão e a contemporaneidade — nos poemas.
A escritora aconselha os leitores a experimentar os textos mais de uma vez. “ As pessoas sofrem de uma ansiedade por compreensão. Precisam se deixar levar também pelo sentimento. Meus poemas são visuais”, disse.

A escolha pela poesia, segundo Carla, responde por uma necessidade de “extrapolar a realidade”. “A prosa parece estar sempre atrelada ao real. De real, já basta o trabalho, as relações pessoais”, comentou. Entre os autores prediletos, a autora cita o mato-grossense Manoel de Barros e o poeta francês Arthur Rimbaud, “tão sensível na construção de imagens, por meio do texto”.

Fonte:  http://df.divirtasemais.com.br/app/noticia/programe-se/2013/10/22/noticia_programese,144832/jose-carlos-vieira-e-carla-andrade-poetas-radicados-em-brasilia-lanc.shtml

Monday, October 21, 2013

Coletivo Fora do Eixo e Mídia Ninja serão debatidos por duas comissões



Agência Senado
Publicação: 18/10/2013 15:30 Atualização:
 
A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) promoverá audiência pública para debater o papel do Coletivo Fora do Eixo (FdE) e da Mídia Ninja (Narrativas Independentes Jornalismo e Ação). Marcada para 3 de dezembro, a audiência será realizada em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), conforme proposta do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) aprovada pela CE nesta quarta-feira (16).

O FdE reúne coletivos culturais em todo o país e tem na Mídia Ninja um braço para a área de comunicação colaborativa.

Durante os protestos realizados em junho em todo o país, a Mídia Ninja ganhou atenção pela cobertura das manifestações, por meio de vídeos e fotos, em tempo real, utilizando principalmente celulares, notebooks e tablets. Randolfe observou que as duas organizações estão sendo bastante %u201Ccriminalizadas%u201D e julgou que essa é mais uma razão para o debate sobre sua atuação.

Um dos convidados é Pablo Capilé, fundador do FdE, além de Bruno Torturra, que integra a Mídia Ninja. Entre outros, serão ainda chamados Ivana Bentes, professora de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e Cláudio Prado, produtor cultural e teórico da contracultura e da cultura digital; e Rodrigo Savazoni, jornalista e integrante do Fórum da Cultura Digital Brasileira.

Além dos conflitos entre a Mídia Ninja e as forças de segurança durante os protestos que se registram desde junho, os dois coletivos estiveram no centro de debates na internet sobre as novas formas de organização social baseadas em colaboração. O Fora do Eixo, por exemplo, foi criticado por falta de transparência em suas atividades, inclusive do ponto de vista financeiro, já que trabalha com verbas de incentivos culturais, e por não remunerar convenientemente artistas que participaram de eventos e festivais. Esta última crítica partiu principalmente da cineasta Beatriz Seigner. No auge dos protestos, registraram-se também reclamações de ex-integrantes do coletivo sobre o caráter pouco democrático da vida nas comunidades, que incluiria pressão psicológica com vistas a certas linhas de trabalho, comportamento e relações.

As críticas foram rebatidas por Capilé, que tem ressaltado o caráter alternativo e inovador do Fora do Eixo em contraposição aos meios convencionais de produção, divulgação e realização de espetáculos. O coletivo opera com uma moeda própria e troca de recursos entre as unidades espalhadas por vários estados. Sobre a convivência nas casas do FdE, Capilé vê como normal o fato de que nem todos tenham apreciado a experiência.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/ultimasnoticias_geral/33,104,33,80/2013/10/18/ensino_ensinosuperior_interna,394120/coletivo-fora-do-eixo-e-midia-ninja-serao-debatidos-por-duas-comissoes.shtml

Cunha e Silva : um jornalista militante e humanista

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Cunha e Silva Filho

                           Ontem estive umas boas horas examinando meus modestos arquivos procurando organizá-los melhor com o objetivo de torná-los mais facilmente acessíveis às minha próprias pesquisas. O leitor bem sabe o quanto é trabalhosa a tarefa de distribuição de matérias impressas de acordo com a área do conhecimento, ou melhor dizendo, com os assuntos guardados há tantos anos. No entanto, há um dado delicado que não se pode perder de vista: o extremo cuidado de manusear uma quantidade de velhos artigos de meu pai, o jornalista, professor, membro da Academia Piauiense de Letras (1975) e escritor Cunha e Silva (1905-1990). 
                  Além disso, pertenceu ao antigo Cenáculo Piauiense de Letras, ao Instituto Histórico e Geográfico do Piauí, à União Brasileira de Escritores e ao Sindicato do Jornalistas do Piauí. Foi ficcionista, historiador, poeta, orador eloquente, polemista ferino de grandes recursos, cronista literário. Tinha vocação para a crítica literária, embora tenha sempre negado essa dimensão do seu talento polimorfo. Escrevia com facilidade sobre vários assuntos e era um espírito de intelectual sempre ativo e antenado aos grandes problemas e temas da humanidade.
                  Fervoroso admirador das conquistas tecnológicas e científicas, sem, contudo, deixar-se contaminar pelo materialismo e pelas delícias terrenas, visto que seu mundo se direcionava para a dimensão da espiritualidade, para um cristianismo puro, sem formalismos eclesiais nem suntuosidades do catolicismo. Era um crente em Deus. Sua visão do Criador, exposta em artigos, está presente num soneto de sua autoria sob o título “Deus”: Deus é a inteligência infinita/Increada, mas criadora e eterna/Em torno da qual o Cosmo se agita/Se move em ordem em harmonia terna//Deus é a fonte de toda a energia,/`É a causa primeira do que existe,/Neste mundo imensurável e de magia,/Em tudo que de belo nele consiste.//Deus é a raiz de toda sabedoria,/A razão de ser de toda grandeza,/Que nos conforta mais do que na alegria.//Deus está presente em todos os seres/,/Mais próximo do homem em sua tristeza/Em suas mágoas mais do que em seus prazeres.
                        Passando os olhos em artigos do veterano jornalista piauiense, nascido em Amarante e onde está sepultado, comprovo, mais uma vez, a operosidade de sua atividade na imprensa. É muito extensa, espantosa mesmo, tomou-lhe toda a vida útil e posso afirmar com orgulho que provavelmente tenha sido em vida um dos jornalistas brasileiros que mais tenha escrito no tocante a número de artigos para a imprensa principalmente.
                        Era da velha geração dos jornalistas que não passaram pelo curso de Comunicação Social, na sub-área de jornalismo, que só surgiriam com a fundação das nossas universidades alargando os estudos das áreas humanas, que não mais se restringiriam ao curso de direito e de filosofia. Os jornalistas da geração de meu pai tinham que ter talento para escrever bem e com a necessária velocidade de publicar artigos quase diariamente e, em alguns casos, diariamente nos jornais, sobretudo das capitais e de algumas cidades mais desenvolvidas do interior do país. Quem não se enquadrasse nesse perfil seria mais difícil manter-se como colaborador da imprensa.
                      Do jornalista os leitores exigiam cultura geral, visão abrangente e atenta aos fatos acontecidos diariamente na cidade do profissional da imprensa, no país e no mundo. Mas, o tipo de jornalista que mais se distinguia na época era aquele que mantinha coluna versando sobre política. Meu pai se encaixava neste perfil: era um apaixonado pelos temas políticos e sociais.Acredito que tenha tido interesse pela política desde a infância e a adolescência em Amarante, pois uma vez me relatou algumas discussões calorosas que teve com colegas em posições políticas de oposição. Amarante, nas primeiras décadas do século passado, era cenário de acirradas competições políticas envolvendo sobretudo o governo municipal e os partidos de então. 
              Era tão intensa a atividade política local que famílias se dividiam em campos antagônicos disputando as eleições municipais e se posicionando quanto às suas preferências por candidatos a deputados, vereadores, governadores, senadores e presidentes da República nos períodos, é claro, de vigência democrática.(1) Foi a partir dessa convivência provinciana que Cunha e Silva se foi formando, preparando-se para futuros dias em que, já como jornalista, mergulharia fundo nessa atividade até os últimos dias de sua existência. Culturalmente, tinha a seu favor acumulado uma sólida formação humanística, adquirida quando aluno do Colégio Salesiano “Santa Rosa” em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, no qual ficou de 1920 a 1922, cursando humanidades, mas sem terminar o último ano.
                No entanto, repetiu o último ano do secundário no Colégio Salesiano “São Manuel,” em Lavrinhas (São Paulo) e o concluiu.   Segundo ele mesmo declarou em artigo muitos anos depois, isso lhe serviu para “adiantar-se mais no estudo do latim e grego.”(2) Em 1923, meu pai terminou o Noviciado, cursando, depois, filosofia sem porém, concluí-lo, visto que desistira da carreira eclesiástica. Se tivesse dado continuidade aos estudo de seminarista, de Lavrinhas iria para Turim, na Itália, a fim de fazer o curso de Teologia, ordenando-se sacerdote.(3) Em 1926, volta ao Piauí para rever seus familiares e, logo, retorna ao Rio de Janeiro, onde casa em 1927, ano em que regressa definitivamente para o Piauí, indo morar na sua terra natal, Amarante. Antes dos trinta anos, torna-se professor do Ginásio Amarantino, dirigido por Odilon Nunes, futuro grande historiador piauiense 
                    Tornou-se competente em várias disciplinas, filosofia, latim, nas línguas latina, francesa, italiana, conhecia regularmente inglês, era profundo em geografia, filosofia e história, da última das quais se tornaria professor catedrático em Teresina. Em seguida, tendo Odilon Nunes dirigido o Ginásio Amarantino, em cuja direção ficou durante uns quatro anos, “passa" a direção desse colégio para o professor Joca Vieira (4).
                  Depois, meu pai adquire suas instalações e funda o seu Ateneu “Rui Barbosa’, onde vai lecionar, sozinho, os cursos primário, de admissão e complementar. Em entrevista memorável (5), já bem idoso, meu pai afirmou que era um professor nato e, por isso mesmo é que seu colégio se tornou um educandário famoso pela competência provada de Cunha e Silva. Lá o aluno aprendia de tudo, num leque de disciplinas que ia do estudo de português, matemática (aritmética, álgebra, geometria), geografia, história e até francês e inglês.O Ateneu “Rui Barbosa” durou quinze anos e só foi extinto porque meu pai, em 1947, foi estabelecer-se em Teresina, onde ficaria definitivamente.
                    Na capital daria continuidade à sua carreira no magistério e à sua atividade jornalística durante longos anos. O maior orgulho de Cunha e Silva era porque por sua escola, por sua orientação pedagógica, séria e rigorosa, passaram diversos alunos que se tornariam nomes conhecidos em várias áreas do conhecimento e de profissões, como altos funcionários do Banco do Brasil, governadores, senadores, deputados, engenheiros, militares de alta patente.(6) Enquanto dava aulas no Ateneu “Rui Barbosa”começara a escrever para jornais de Teresina e de Floriano, interior do Piauí. Tornou-se bem conhecido como jornalista talentoso e respeitado ainda bem moço.
                   Seus artigos eram originais, destemidos e criticavam a “mentalidade reacionária e fascista do momento”.(7) Na Intentona Comunista, em 1935, é injustamente acusado, processado e condenado pelo extinto Tribunal de Segurança Nacional (8), tendo cumprido pena durante um ano em quartel de polícia de Teresina. por motivos políticos e sob a alegação de que era comunista e dispunha na biblioteca de sua casa, em Amarante, de livros marxistas, além de estar ligado à Aliança Renovadora Nacional. Foi denunciado à Polícia em Amarante, que lhe vasculhou a casa e, por ordem do Cel. Delfino Vaz (9), figura sinistra que, infelizmente, não sei por que motivo, virou até nome de Praça em Teresina.
                     Um intelectual piauiense, cujo nome desejo resguardar, uma vez, em Teresina, me apontou, de carro, um lugar privilegiado, no coração de Teresina Era uma praça que leva o nome do responsável pela prisão de meu pai, Fez-me a seguinte observação: “Veja, Cunha, esta praça deveria levar o nome de seu pai, não do seu verdugo.” O jovem jornalista, em Amarante, ao receber a “visita” da polícia, entrou em luta corporal com os policiais,, que lhe tomaram um revólver, com muito custo, pois meu pai era homem forte e corajoso, embora de estatura baixa.(10) Confessara-me meu pai que realmente tinha alguns livros de orientação marxista de uma pessoa que aparecera de passagem por Amarante, e lhe pedira que ficasse com eles. 
                   Ora, para um jovem intelectual com tantos projetos de vida no campo cultural, não pode haver discriminação de tipos de leituras e autores sob pena de deformar sua própria formação cultural. Durante toda a vida, meu pai lia intensamente livros das áreas de sua predileção, ciências políticas, filosofia, sociologia, economia, geografia e história. Após deixar a prisão, voltara para Amarante dando continuidade às suas aulas de professor até 1947 quando, segundo salientamos antes, mudou-se para Teresina. Foi nos anos de permanência em Teresina que meu pai viveu provavelmente os anos mais duros de sua vida, quer como professor , quer como jornalista. 
                   Porém, foi nessa cidade que contraditoriamente também experimentou alegrias e conquistas no magistério e no jornalismo. Neste artigo, me limitarei a comentar esquematicamente o seu papel de jornalista na vida política piauiense, ainda que jornalismo e magistério estão sempre interligados na vida desse escritor. O jornalismo de Cunha e Silva possui uma característica inconfundível e exponencial e pode-se dividir em três fases: 1) a que vai dos meados de 1940 à década de 1960, antes da ditadura militar; a segunda fase abrange sobretudo todo o período da ditadura militar e a terceira fase vai do final da ditadura militar ao período de redemocratização.
                  Pelo visto, é um longo período de militância ininterrupta e qualitativamente fecunda, visto que praticamente escreveu para todos os jornais do Piauí e uma vez, teve publicados artigos seus no Diário de Notícias do Rio de Janeiro, e no jornal O Imparcial, de São Luís, Maranhão,citando-se, para ilustração, os seguintes jornais piauienses em que colaborou como colunista, redator ou editorialista, praticamente sem remuneração: O Floriano, O Piauí, Resistência ( diretor), A Gazeta, O Tempo, O Dia, Jornal do Piauí, A Luta, O Pirralho, O Liberal, Estado do Piauí, entre outros, a par de publicações de artigos em revistas diversas do Piauí:
                     Na primeira fase, que se inicia ainda em Amarante e já com expressiva participação no jornal, seu jornalismo já despontava com uma marca de uma pena ágil, clara, objetiva e destemida a serviço da defesa de causas sociais, e de repúdio a quaisquer regimes autoritários, fosse em Amarante, fosse na política estadual e federal, fosse no mundo com as suas grandes, complexas e desafiadoras questões nos anos trinta e quarenta do século XX. Da mesma maneira, nessa fase o jornalista aprofunda cada vez mais as sua militância, acompanhando de perto os sucessivos governos do Estado do Piauí, quase sempre na oposição contra os desmandos dos governantes, Fez campanha a favor da UDN que elegeu o governador Rocha Furtado. 
                Como estivesse ao lado da UDN, o governador lhe conseguiu uma cadeira de geografia no Colégio Estadual do Piauí (antigo Liceu Piauiense). Desentendo-se com a UDN, passou a fazer acerbas críticas ao governador Rocha Furtado que, como retaliação, o destituiu da cadeira de geografia, deixando-o desempregado e curtindo as privações financeiras além de ameaças contra ele seguramente vindas de setores do governo estadual.(11)
                 Foram dias de grandes atribulações financeiras, pois como professor em escolas particulares, conquanto desse aulas da manhã à noite, não conseguia sustentar dignamente a família e dos artigos que escrevi para os jornais nada recebia, artigos cada vez mais corrosivos e virulentos contra o governador e seus auxiliares (11). Meu  pai recebia ajuda de alguns amigos e colegas. O escritor A.Tito Filho, em artigo por ocasião, do falecimento de meu pai, escreveu-lhe um comovido e importante artigo-homenagem. Num trecho resume a agressividade que era a norma da política daquela época: “ política da época não aceitava rebeldias, A punição se fazia necessária e rigorosa. Os que se rebelavam perdiam o emprego público, tivessem ou não responsabilidade de família.” (12) Ao romper com a UDN, passou para o Partido Social Democrático. Com a eleição de Pedro Freitas, candidato da oposição a Rocha Furtado, meu pai recuperou um pouco o abalo financeiro, conseguindo do novo governador duas cadeiras no magistério, no Colégio Estadual do Piauí e na Escola Normal “Antonino Freire”. Nos jornais, continuava na defesa do PSD e verberando contra a oposição.
                  Foram anos de intensas lutas político-partidárias.  Veio o governo de Petrônio Portella e do governador ganhou o cargo de diretor da Casa Anísio Britto que englobava administrativamente o Arquivo Público, a Biblioteca e o Museu do Piauí.(13) Fora nesse período que teve oportunidade de aprofundar ainda mais seus conhecimentos, sobretudo no campo da História do Brasil, quando aproveitou para se preparar a uma prova para a cátedra de História do Brasil da Escola Normal “Antonino Freire.” Escreveu, então, a tese, A odisseia do cativeiro no Brasil.(14) Realizou-se o concurso e dele saiu aprovado não sem ter enfrentado alguns obstáculos decorrentes de suas posições políticas e da sua veia crítica. Escrevera ainda outra tese de título O papel de Floriano Peixoto na obra de proclamação e consolidação da República (1957), apresentada à cátedra de História do Brasil do Colégio Estadual do Piauí. Não me consta que tenha sido realizado o concurso de defesa dessa tese.
             Deixou, por último, uma obra, de título Gatos de Palácio, sátira política, ainda inédita. Desejo acentuar que meu pai sempre encontrou algumas pedras no caminho que procuravam prejudicá-lo. Da função de diretor da Casa Anísio Britto pediu demissão simplesmente para solidarizar-se com um amigo desafeto do governador.(15) Era assim meu pai, um espírito elevado, que colocava a dignidade pessoal em primeiro lugar ainda que isso lhe custasse dissabores de toda ordem. No governo de Chagas Rodrigues, foi nomeado diretor do Colégio Estadual do Piauí, função na qual pouco demorou, pois, tendo punido um professor que saiu da linha de seus critérios de administração, o professor recorreu à Justiça e o juiz de direito da capital concedeu-lhe mandado de segurança.
           Considerando-se desprestigiado, deixou o cargo.(16) Na segunda fase, houve um longo e tumultuado caminho de sua militância jornalística. Era o tempo de uma fase delicada do governo federal que, em última análise, resultou na tomada do poder pelos militares. Foram longos anos de autoritarismo, de ausência de liberdade e de partidos de fachada, de prefeitos e governadores biônicos. Vieram os anos de chumbo. Nesses anos, meu pai prosseguia escrevendo no meio do vendaval de profundas mudanças na estrutura política do país, tendo, além disso, a presença atuante da censura à imprensa. Veio o AI-5, o exílio de políticos de projeção, de professores, de cientistas, de artistas e intelectuais que combatiam a ditadura. Cunha e Silva não se deixou intimidar, mostrava os erros dos governantes, defendia o seu credo político, a democracia social.
                    Combatia sempre os regimes discricionários, quer no país , quer no exterior. Seu jornalismo já o encontrava na fase de grande amadurecimento e equilíbrio e sabia como criticar sem se expor ingenuamente. Até mesmo na sua produção fora do jornalismo, suas ideias de esperança na democracia e na vontade de ver seu país um dia vivendo sob um regime de democracia social nunca arrefecera de seu espírito e e de suas preocupações constantes. Tal se refletiu em dois livros que publicou, A república dos mendigos (17),do qual tive o privilégio de fazer uma pequena introdução e do seu livro Copa e cozinha(17). Em ambos, ainda que, no primeiro tenha utilizado o gênero ficcional, há o viés político, a crítica aos regimes fechados e a defesa da democracia social.
                Na terceira fase, sua forte vocação de jornalista político, malgré lui, não consegue se desprender da notação ideológica por ele cultivada, ou seja, há na sua visão de escritor um elemento jamais descartável, o proselitismo de um espírito para quem a única saída para os problemas sociais do mundo é o exercício da democracia social, implantada na sua plenitude desde que o homem político e o ser humano em geral se transformem pela humanização e desprendimento dos bens materiais, tal como se pode ver encarnado no protagonista – e seguramente o alter-ego do autor -, Simão Lopes, da novela A república dos mendigos, já citada. Simão Lopes não é apenas uma mera construção ficcional.
             É, antes, símbolo, com sua matriz na República de Platão, de um mundo de harmonia e paz social, de justiça e de humanidade entre as pessoas, mundo para alguns utópico, mas que, na verdade, é real na possibilidade da arte de ficção. 
À guisa de conclusão: 
             O presente estudo está longe de ser desenvolvido em maior profundidade, inclusive em virtude de falhas de pesquisas, que demandariam deslocamentos do autor para consultas em Arquivos e Bibliotecas de Teresina, Amarante, Floriano, Niterói e Lavrinhas,  além de testemunhos de pessoas que o conheceram na melhores fases de sua atuação jornalística. No tocante a leituras e releituras dos artigos e da produção existente de meu pai visando a um trabalho de envergadura de análises dos seus textos e de seu pensamento político e intelectual,  minha pretensão, por enquanto, fica apenas na vontade  de ver um estudo realizado neste nível. Desejo acrescentar que a bibliografia passiva de  meu pai ainda não foi levantada com todo o cuidado que a relevância do jornalista piauiense merece da parte de estudiosos.
 Notas bibliográficas:
 (1) Grande parte dos dados informativos de caráter biográfico deveram-se a diversas conversas que com meu pai mantive na adolescência em Teresina, Piauí, depois confirmadas por alguns artigos de cunho memorialístico que publicou ao longo da vida. Devo acrescentar que sentia que  tinha prazer de contar-me alguns aspectos de sua vida passada, tanto no Piauí quanto no Rio de Janeiro e em Lavrinhas, Estado de São Paulo.
 (2) SILVA, Cunha e. A virtude está no meio. Só tenho o recorte do jornal, mas provavelmente foi publicado em O Liberal, Teresina( PI). Só uma indicação : encontro no verso do recorte: Teresina, Dom./Seg. 26/27 de Setembro de 1988. 
(3) Em conversa com meu pai nas condições indicadas na nota “1” acima.
4) SILVA, Cunha e. Omissão injusta. Jornal Estado do Piauí, Teresina, 22 de julho de 1983. Tais informações se encontram igualmente em outros artigos memorialísticos de Cunha e Silva
(5) Entrevista: Prof. Cunha e Silva. In: EDUCAÇÃO. Ano III, Nº 06 – Revista Trimestral – 15/10/1986., p. 17-22. Órgão Oficial da Secretaria de Educação do Estado do Piauí.
(6) SILVA, Cunha e. Amarantinos ilustres. Recorte do artigo provavelmente publicado no jornal Estado do Piauí, Teresina,
(7) SILVA, Cunha e. Profissão de fé. Jornal Estado do Piauí, Teresina, PI., publicado em duas partes, a primeira em 24/06/1980, a segunda, em 27/06/1980. (8) TITO FILHO, A. Op. cit.
(8) TITO FILHO, A. Cunha e Silva. In: Crônicas de A. Tito Filho. Teresina, PI.: Gráfica do Jornal O Dia, 1990, p. 65-66. Texto conseguido em cópia-xerox. Antes, tinha do mesmo outra cópia-xerox que um amigo piauiense há muito tempo me ofertou, mas não apresentava a fornece a imprenta correspondente anotada à mão e à tinta. Este texto, assim como outro de autoria de José Maria Soares Ribeiro, Elogio da sombra, com extensão de um ensaio de 5 páginas, constitui parte do capítulo “Perfis”. Vale enfatizar que ambos, a meu ver, de tudo que pude ler sobre Cunha e Silva, me parecem o que há de melhor sobre o entendimento da personalidade intelectual e do pensamento e ideias de meu pai. A  obra de José Maria Soares Ribeiro,  também um cópia-xerox  presenteada pelo mesmo amigo piauiense, não contém tampouco dados da imprenta.
 (9) Idem, ibidem.
(10) Informação a mim transmitido por um amigo de Cunha e Silva.
(11 )TITO FILHO, A. Op. cit.
(12) Idem, ibidem.
 (13) Ide, ibidem.
(14) SILVA, Cunha e. A odisseia do  cativeiro no Brasil. Teresina: Imprensa Oficial, 1952. 61 p. ( Tese apresentada à Escola Normal “Antonino Freire” no concurso para catedrático de História do Brasil).
(15) TITO FILHO, A. Op. cit.
(16) Idem, ibidem.
(17) A república dos mendigos (novela) . Rio de Janeiro, RJ.: Folha Carioca Editora Ltd., 1984, 135 p. Introdução de Cunha e Silva Filho.
 (18) SILVA, Cunha e. Copa e cozinha. Teresina: Academia Piauiense de Letras/Projeto Petrônio Portella, 1988, 127 p. 
  Artigos do autor deste Blog sobre Cunha e Silva: 
1. Esboço biobibliográfico e crítico. Estado do Piauí, Teresina, 29/07/1974.
 2. Em defesa de um autor. Jornal do Piauí, Teresina, PI., 22/01/1982.
 3. Cunha e Silva: oitenta anos. Jornal do Piauí, 07/08/1984.
 4. A ausência presente. In: SILVA FILHO, Cunha e. As ideias no tempo: crônicas, artigos, resenhas e ensaios. Teresina: Academia Piauiense de Letras/Gráfica do Senado, Brasília, DF., 2010, p. 47-48. Artigo anteriormente em jornal de Teresina,PI. 
5. Três encontros com meu pai. Idem, ibidem, p. 262-264.
 6. Relendo Copa e cozinha. Jornal da Manhã, Teresina, PI., 1988. Posteriormente publicado na obra As ideias no tempo, op. cit.
 7. Um ano sem Cunha e Silva. Jornal da Manhã, Teresina, PI., 17/02/1991
8. Nas estantes de Cunha e Silva. Meio-Norte, Teresina, PI., 03/10/2004
9. Cunha e Silva: centenário, fotos e saudades (em duas partes). Meio-Norte, 20/01/2006. Seção Presença da Academia. 
10. Recordando Papai (duas partes). Diário do Povo, Teresina, PI., 30/10/2007. 
11. Cartas a meu pai (1). Diário do Povo. Teresina, PI., 14/08/2008 
12. Cartas a meu pai (Conclusão). Diário do Povo. Teresina, PI., 14/08/2008.
13 O menino, o pai e a garapa.
14.Memórias de Papai: sede de sabedoria.Ver Arquivo deste Blog.
15. Cunha e Silva, enfim, a consagração.Ver Arquivo  deste Blog.


Fonte: http://asideiasnotempo.blogspot.com.br/


Friday, October 18, 2013

Prêmio Jabuti divulga vencedores


Foram divulgados nesta quinta-feira os vencedores das 27 categorias da 55º edição do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Evandro Affonso Ferreira venceu a categoria romance com "O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam". Em poesia, o premiado foi Ademir Assunção, com "A voz do ventríloquo" (Edith). A categoria contos e crônicas teve como ganhador Sérgio Sant'Anna, com "Páginas sem glória".

 Na categoria biografia, o vencedor foi Mário Magalhães, com "Marighella" (Companhia das Letras). Em reportagem, a obra premiada foi "As duas guerras de Vlado Herzog" (Civilização Brasileira), de Audálio Dantas. Na categoria infantil, a obra laureada foi "Ela tem olhos de céu" (Gaivota), de Socorro Accioli e "Namíbia, não!" (Edufba), de Aldri Anunciação, venceu a categoria juvenil.


Os ganhadores de cada uma das categorias recebem R$ 3.500. Os primeiros lugares de algumas delas concorrem aos prêmios de Livros do Ano de Ficção e Não Ficção, e só serão divulgados em 13 de novembro, na festa de premiação. Os vencedores receberão mais R$ 35 mil.

O júri, formado por especialistas de cada categoria, também será revelado em 13 de novembro e foi indicado pelo Conselho Curador do Prêmio, do qual fazem parte José Luiz Goldfarb, Antonio Carlos Sartini, Frederico Barbosa, Luis Carlos Menezes e Márcia Ligia Guidin.

Após a polêmica do “jurado C”, em 2012, quando o crítico literário Rodrigo Gurgel deu notas zero ao romance "Infâmia", de Ana Maria Machado, um dos dez finalistas ao prêmio da categoria romance - eliminando assim qualquer chance de vitória da obra, que conseguira notas máximas de outros jurados - houve mudanças no regulamento do Jabuti. A principal delas foi limitar as notas entre 8 e 10, de modo a evitar que um único jurado seja capaz de desequilibrar a disputa distribuindo notas muito altas ou muito baixas aos finalistas.


Confira abaixo a lista dos vencedores das principais categorias:
Romance
1 - "O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam" (Record), de Evandro Affonso Ferreira
2 - "Glória" (7Letras), de Victor Heringer
3 - "Barba ensopada de sangue" (Companhia das Letras), de Daniel Galera


Poesia

1 - "A voz do ventríloquo" (Edith), de Ademir Assunção
2 - "Raymundo Curupyra, o Caypora" (Tordesilhas), de Glauco Mattoso
3 - "Porventura" (Record), de Antonio Cicero


Contos ou crônicas
1 - "Páginas sem glória" (Companhia das Letras), de Sérgio Sant'Anna
2 - "Diálogos impossíveis" (Objetiva), de Luis Fernando Verissimo
3 - "Aquela água toda" (Cosac Naify), de João Anzanello Carrascoza


Infantil
1 - "Ela tem olhos de céu" (Gaivota), de Socorro Accioli
2 - "Visita à baleia" (Positivo), de Paulo Venturelli
3 - "A ilha do crocodilo - Contos e lendas do Timor Leste" (FTD), de Geraldo Costa


Juvenil
1 - "Namíbia, não!" (Edufba), de Aldri Anunciação
2 - "Os anjos contam histórias" (Melhoramentos), de Luiz Antonio Aguiar
3 - "Ouro dentro da cabeça" (Autêntica), de Maria Valeria Rezende


Biografia
1 - "Marighella" (Companhia das Letras), de Mário Magalhães
2 - "A carne e o sangue" (Rocco), de Mary Del Priore
3 - "Getúlio: dos anos de formação à conquista do poder, 1882-1930" (Companhia das Letras), de Lira Neto


Reportagem
1 - "As duas guerras de Vlado Herzog - da perseguição nazista na Europa à morte sob tortura no Brasil"(Civilização Brasileira), de Audálio Dantas
2 - "Dias de inferno na Síria" (Benvirá), de Klester Cavalcanti
3 - "Mãos que fazem História" (Verdes Mares), de Cristina Pioner e Germana Cabral


Teoria e crítica literária
1 - "A Ficção e o poema" (Companhia das Letras), de Luiz Costa Lima
2 - "Crítica em tempos de violência" (Edusp e Imesp), de Jaime Ginzburg
3 - "A narrativa engenhosa de Miguel de Cervantes: Estudos cervantinos e a recepção do Quixote no Brasil" (Edusp e Imesp), de Maria Augusta da Costa Vieira

A lista completa de vencedores das 27 categorias está no site www.premiojabuti.com.br/resultado.

Thursday, October 17, 2013

Pensando em você - Paulinho Moska

O Último Pôr do Sol - Lenine (MTV Acústico)

Chico César. Pensar em Você.

Cidadãos se destacam nas prévias da Conferência de Meio Ambiente



17/10/2013 - 12h44

por Tinna Oliveira, do MMA

Mais de 3,4 mil representantes da sociedade civil participaram das etapas estaduais.

A participação da sociedade civil nas etapas estaduais da 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente (CNMA) foi a maior de todos os segmentos. Participaram, no total, 3.421 representantes da sociedade civil. Em segundo lugar está o poder público com 2.347 e em terceiro o setor empresarial com 868 representantes.
“Esse modelo de gestão participativa permite compartilhar as responsabilidades entre Estado e sociedade civil na formulação de políticas públicas”, destaca a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Mariana Meirelles. Está em debate nesta edição da CNMA a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Nas conferências estaduais e na distrital foram eleitos 1.060 delegados, que participarão da etapa nacional em Brasília, de 24 a 27 de outubro. Para eleição dos representantes, foi seguido o critério de 50% da sociedade civil, sendo, no mínimo, um quinto de comunidades tradicionais e povos indígenas; 30% do setor empresarial e 20% do poder público, tendo, no mínimo, um terço de governos municipais. Há, ainda, 292 delegados natos, que são os membros do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), comissões organizadoras estaduais e nacionais, além de dirigentes do MMA e vinculadas.
As etapas preparatórias também incluíram as conferências municipais; regionais (que reuniam mais de um município); livres (que podiam ser convocadas por qualquer cidadão) e a virtual (que aconteceu via internet), mobilizando 200 mil pessoas. Nas conferências livres destacou-se também o segmento da sociedade civil, que convocou 113 reuniões, correspondendo a 50,44% do total. O poder público vem em seguida, com 92 conferências livres (41,08%) e o setor empresarial com 19 (8,48%).

Relatórios Estaduais
Cada Estado levantou 20 propostas que foram cadastradas para serem debatidas na etapa nacional. Referem-se aos quatro eixos prioritários da conferência: produção e consumo sustentáveis, redução dos impactos ambientais, geração de emprego e renda e educação ambiental. Os relatórios com as propostas de cada estado já estão disponíveis no site da 4ª CNMA.
Dentre as propostas estaduais destacam-se estabelecer parcerias público-privadas para criação e reativação dos programas de reciclagem e reforma de galpões desativados, contemplando a cooperativa de catadores; instituir metas de incentivo à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, com editais que atendam as demandas regionais; implantar a logística reversa por meio da criação de EcoPontos e fiscalização comunitária; desonerar a tributação de produtos recicláveis e propor regulamentação dos produtos para evitar a obsolescência planejada aumentando o tempo de vida útil por meio de legislação específica.

* Publicado originalmente no site Ministério do Meio Ambiente.
(Ministério do Meio Ambiente)