Friday, November 28, 2014

Poesia brasileira guia bate-papo entre autores




Os poetas Eucanaã Ferraz e Antonio Cícero participam hoje do projeto Literaturas, no Sesc Palladium


Autor. Eucanaã Ferraz ressalta a presença de uma multiplicidade de propostas na produção atual
PUBLICADO EM 28/11/14 - 04h00
Carlos Andrei Siquara

Dois nomes conhecidos pelo trabalho que transita entre a criação e a pesquisa, os autores Eucanaã Ferraz e Antonio Cícero são os convidados do projeto Literaturas: Questões do Nosso Tempo, que acontece hoje, no Grande Teatro do Sesc Palladium. No encontro, os dois devem discutir aspectos relacionados à poesia brasileira. Para Ferraz, na esteira do que vem acontecendo desde 1990, há no presente uma tendência a se compreender a produção poética contemporânea pelo viés da multiplicidade.
“Eu noto que, cada vez mais, os poetas contemporâneos encontram saídas singulares. A impressão que tenho é que cada tem uma espécie de aventura própria com a sua escrita. Não parece haver sugestões de saídas coletivas ou um ideal de vanguarda que sirvam à priori para autores variados e com desejos diversos”, diz o poeta e professor na faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Para ele, o contexto recente também revela sinais de ativa presença de novos escritores. “De um modo geral, eu vejo que há uma produção muito intensa. Há sempre novos autores, novos livros e revistas que vêm aparecendo. Além disso, a internet tem sido um excelente mecanismo de divulgação e de estabelecimento de diálogos, o que também fortalece essa noção de multiplicidade”, acrescenta.
Ferraz nota que há uma aproximação dos poetas jovens com a prosa, mas, em relação a temáticas, o panorama permanece diverso. “Na poesia não se observa hoje um tema recorrente, pois em cada poema podem se instalar uma variedade de questões”, conclui.

Agenda
O que. Eucanaã Ferraz e Antonio Cícero no projeto Literaturas
Quando. Hoje, às 20h
Onde. Teatro de Bolso Júlio Mackenzie (av. Augusto de Lima, 420, centro)
Quanto. Entrada franca

Leve um Livro distribui poesia contemporânea em dez locais




Projeto será lançado hoje, no Sesc Palladium, com sarau e performance do poeta carioca Chacal

O carioca Chacal é um dos escolhidos para a coleção de poesias

PUBLICADO EM 27/11/14 - 04h00
LYGIA CALIL

Levar a poesia contemporânea até um público que não está habituado ao universo literário é o objetivo da coleção “Leve um Livro”, que será lançada hoje no Sesc Palladium.
Iniciativa dos poetas Bruno Brum e Ana Elisa Ribeiro, o projeto reúne 24 autores e, mensalmente, será publicado um livro de um escritor de Belo Horizonte e outro de convidados de fora do Estado.
“Escolhemos autores que, juntos, possam formar um bom panorama da produção contemporânea. São estilos bem diferentes entre si, com poemas longos, curtos, visuais”, explica o editor Bruno Brum. Ainda assim, foram privilegiadas obras mais acessíveis, que não sejam tão herméticas.
Em formato de microantologias, os livros têm tiragem de 2.500 unidades. “Queremos apresentar uma amostra desses autores para quem não conhece. É um tipo de isca para despertar a curiosidade”, diz Brum.
A distribuição gratuita é uma das prerrogativas do trabalho e, até agora, foram escolhidos dez pontos onde os livros serão afixados em displays para quem quiser pegar. A intenção é que cheguem a 20 lugares espalhados pela capital, entre eles, a rodoviária e o Mercado Central (veja a lista completa no portal O TEMPO). Conforme forem lançados, os livros ficarão disponíveis para download no site leveumlivro.com.br.
Para a estreia do projeto, serão lançados os volumes: “Arquitetura de Interiores + 2”, de Ana Martins Marques, e “É proibido pisar na grama”, de Chacal. 
Não se tratam de escolhas aleatórias, segundo Brum. “A Ana é uma boa representante da nova geração de BH, tem recebido atenção, livros elogiados e prêmios. Já o Chacal vem de uma geração da poesia marginal, publica desde os anos 1970. De alguma forma, era uma coisa parecida com o que a gente está querendo fazer, do formato pequeno e distribuído em lugares diferentes. Encontramos esse diálogo com ele”, afirma o editor.
Para o evento de lançamento, será organizado um bate-papo com os editores, um sarau com os 12 poetas belo-horizontinos participantes da coleção e ainda uma performance do artista carioca Chacal.
Agenda
O quê. Lançamento do projeto Leve um Livro
Quando. Hoje, às 19h30
Onde. Teatro de Bolso Júlio Mackenzie (av. Augusto de Lima, 420, centro)
Quanto. Entrada franca

Fonte: http://www.otempo.com.br/divers%C3%A3o/magazine/leve-um-livro-distribui-poesia-contempor%C3%A2nea-em-dez-locais-1.952974


Wednesday, November 19, 2014

Thiago E. lança o disco 'Cabeça de Sol em Cima do Trem'





Jotabê Medeiros - AE

Da terra de Torquato Neto, o Piauí, desembarcou a navilouca de um dos mais inquietos novos poetas da atualidade: Thiago E. Ele não trabalha com a ideia de limitação, de fronteiras: faz música que declama, faz poemas que canta, faz uma revista de literatura (Acrobata) e busca a interlocução com os artistas do seu tempo. Um belo dia, Thiago chegou a São Paulo e tocou a campainha da casa de Augusto de Campos, uma de suas influências. Algum tempo depois, saiu-se com um livro e esse CD de poemas musicados, ambos batizados de Cabeça de Sol em Cima do Trem (o disco tem música ambiente de Jan Pablo).

Fiel à ideia de transcriação, transposição, transfusão, Thiago acabou gestando uma das melhoras obras do pop nesse último ano. Professor de colégios públicos, produtor, performer, vocalista e compositor da banda Validuaté, também assume a persona de andarilho da poesia que pode ser encontrado em feiras literárias com um livro numa mão e um celular com bases musicais na outra - bases que solta para preencher os espaços entre seus versos.

Transmissões radiofônicas, discursos, ecos, um filme de Woody Allen: tudo é matéria-prima da música de Thiago E. Há brutal lirismo, como em Sopro do Coração ("Esse coração agora/Se torna uma boca vermelha/Quer lamber o lado de fora/Quer fazer o que der na telha"). Há trocadilhos pop em profusão: "É o maiakóvski que mexe com a minha cabeça e me deixa assim"). Bases de guitarra e uma brisa de jazz: tudo pode emoldurar seus poemas.

No livro que é o espelho da literatura cantada de Thiago E., lançado pela editora Corsário, o autor trabalha um concretismo de suave leveza e notável presença de espírito: até com uma leve gagueira ele brinca, fazendo paralelos entre gagos célebres, como Winston Churchill e Machado de Assis, e sua própria sina. "Tem palavra/Que não passa/É um mistério/Lá do cérebro/Ou do peito".
Jorge Mautner tem um depoimento no disco. Ele conheceu Thiago quando foi, com
Nelson Jacobina, fazer um show no Teatro Luso Africano, em Teresina. Thiago o levou para gravar em seu estúdio. "É impossível falar do Piauí sem a presença de Torquato Neto; no enorme turbilhão de criatividade da obra de Thiago se nota também a presença de Torquato e muito também a influência dos irmãos Campos", diz Mautner. "Mais ainda: reflete em sua sonoridade, sua poesia, sua interpretação, seu ativismo cultural, toda uma novidade do Brasil do século 21, e estão presentes também as muitas culturas do imenso Estado do Piauí, que inclui também uma imensa parte amazônica", afirmou o músico.

Já Arnaldo Antunes pirou. "Cabeça de Sol é muito bom! Fazia tempo que eu não curtia assim um trabalho de poesia. Palavra-lâmina afiada em voz. Sua leitura, clara e expressiva, junto aos variados experimentos sonoros do Jan Pablo, resulta em quase-canções, que vitalizam os já surpreendentes poemas. Foi uma descoberta rara, tem muito pouca gente explorando essa seara com tanta originalidade."

Assim como outros poetas dos novos tempos, como Ademir Assunção e Rodrigo Garcia Lopes, Thiago E. corre o Brasil com sua poesia embebida de música, mas, como Drummond e Borges, carrega seu fardo na seara da sobrevivência real. Na Teresina de calor saariano com vento zero, ele se investe do trampo burocrático e rala num escritório (presta serviços ao Ministério Público do Estado do Piauí). Com o grupo Academia Onírica, editou a revista AO (2010 a 2012). Edita a coluna Intacta Retina, no Jornal O Dia, aos domingos, publicando poesia, prosa, artes plásticas de diversos artistas, amigos e cúmplices. 

Fonte: Estadao Conteudo