Monday, February 26, 2007

POESIA NA RODA – SARAU DO COLETIVO DE POETAS

Rayuela Livraria & Bistrô e o Coletivo de Poetas, convidam @s amig@s da cultura para assistir POESIA NA RODA, 3ª edição, nesta quinta-feira, 1° de março de 2007, às 19h, no SCLS 412 - Bloco B loja 3 - fone 3345.4335. Ingresso artístico: R$ 3,00.
Poetas convidados: Antônio Miranda; Heitor Humberto; Helvídio Neto e Nicolas Behr.
Homenagem especial: Luiz Gonzaga e ao Dia Internacional Mulher. O "Rei do Baião" será homenageado por Edvandro Pessoato, da Malta de Poetas Folhas & Ervas. E o 8 de Março pelo Coletivo de Poetas.
Músicos convidados: Marina Andrade. Marina vai tocar, ao violão, a série de poemas de Augusto dos Anjos, que ganhou música de sua autoria. Miriam Pereira e Fernando Conde, voz e violão.
Lançamento do livro: Máscaras e Codinomes - Política Brasileira - 1961-1984 - crônicas políticas de José Carlos Oliveira, organizadas por Jason Tércio. É o quarto volume da obra completa de Carlinhos Oliveira organizado pelo Autor. Lançamento do CD O Cosmo Está a Nosso Favor, de Mônica Sobral, com 18 poemas da flautista. Rodas de poesia: Coletivo de Poetas e o público do Rayuela.
POESIA NA RODA acontece na primeira quinta-feira. Em abril será dia 5.
O sarau do dia 1° de fevereiro foi aberto pelo Ruli, que também cuidou do som, e teve como mestres-de-cerimônias Rodrigo Berttone e Menezes y Morais; também deram canja os poetas Rossini Neto; Nicolas Behr. Jeanne Maz; Edvandro Pessoato; Jorge Amâncio; Araken; Genaro; Chico Porto e Paulo Macedo. Foram sorteados os livros Latitude Zero, de Ray Cunha; Estilhaços no Lago de Púrpura, de Wilmar Silva; e Despertar do Agreste, de Antônio Miranda.

Wednesday, February 07, 2007

A Carne Seca é Servida

ZÓZIMO TAVARES


Torquato Neto ou a Carne Seca é Servida, publicação do jornalista Kenard Kruel recém-editada pelo Instituto José Eduardo Pereira, tem apenas 42 páginas, mas é um bom começo para quem pretende conhecer a breve e frenética vida do autor de "Geléia Geral". Em linguagem despojada, Kenard reúne as principais informações biográficas e artísticas sobre nosso "Anjo Torto", apoiado em depoimentos de pessoas que conviveram com o poeta.

Kenard Kruel é um apaixonado pela obra torquatiana. Foi ele a primeira pessoa que ouvi falar sobre Torquato Neto, no final dos anos 70. E falava com tanta empolgação e tanta emoção que foi aos prantos, comovendo a mim, este "rapaz latino-americano vindo do interior" e a tantos outros estudantes imberbes que assistiam a sua palestra.

O entusiasmo daquele jovem macérrimo vindo de Parnaíba e exibindo na camiseta um poemeto despertou meu interesse pelo poeta. Não demorou muito e consegui folhear o livro "Os Últimos Dias de Paupéria" na biblioteca da Universidade Federal do Piauí, depois de procurá-lo em vão em outras bibliotecas da cidade.

Pois bem, faço essa divagação para enfatizar que, em Torquato ou a Carne Seca é Servida Kenard consegue seu libertar do seu notório passionalismo e entrega ao público uma obra absolutamente isenta. Ela é construída no formato de um mosaico, a partir de impressões, sentimentos e testemunhos dos que conheceram de perto o poeta e sua obra.

O material foi recolhido ao longo de 20 anos, em fontes esparsas, com predominância de jornais e revistas.

O autor refaz os últimos passos de Torquato Neto rumo à viagem derradeira, informa sobre a publicação de Os Últimos Dias de Paupéria, uma edição pós morte, e dá conta de dois livros até hoje inéditos: Pesinho Pra Dentro, Pesinho Pra Fora (pesinho assim mesmo, com "s") e O Fato e a Coisa. Também relata a sua participação na única edição da revista Navilouca. Da mesma forma, mostra as incursões de Torquato Neto pelo cinema e pela televisão. O destaque, evidentemente, é para a poesia de suas letras, o ponto alto de sua produção artística, sempre "desafinando o coro dos contentes na condição de fundador do movimento Tropicália.

A publicação de Kenard, que eu não ousaria chamar de livro, é fundamental para iniciados e iniciantes em Torquato Neto, pois reúne a essência de sua curta vida e de sua pequena mas significativa obra. Há, ainda, outro mérito: além de Os Últimos Dias... nada foi publicado até agora de mais robusto sobre Torquato Neto, daí porque o leitor pode servir-se à vontade de A Carne Seca...



Poema do Aviso Final

(torquato neto)

É preciso que haja alguma coisa
alimentando meu povo:
uma vontade
uma certeza
uma qualquer esperança
É preciso que alguma coisa atraia
a vida ou a morte:
ou tudo será posto de lado
e na procura da vida
a morte virá na frente
e abrirá caminho

É preciso que haja algum respeito
ao menos um esboço:
ou a dignidade humana
se firmará a machadadas.

Três em um são Quatro

Kenard Kruel

Há algum tempo, não folheava os jornais de Teresina. Para que?, dizia eu, de mim para mim mesmo! Pela idade, estou cansado das mortes, dos escândalos, dos assaltos, das politiquices, das fofoquinhas sociais, dos artigos bestas (como este) que povoam os nossos impressos. Há tempo também não saio do que passei a chamar Kenard Kaverna, a não ser para almoçar com dona Genu Moares, visitar o Dr. Djalma Martins Veloso ou conferir as últimas novidades artísticas e culturais na Oficina da Palavra, do professor Cineas Santos. E muito raramente!

Pois bem!, estando na Oficina da Palavra, adentrou uma garota (por sinal, uma bela representante do sexo feminino) com o jornal O Dia na mão, para ser entregue ao professor Cineas Santos que, gentilmente, passou o exemplar para mim. Até mesmo porque ele, naquele momento, estava navegando pela internet, sob os ensinamentos básicos do Amaral, um dos mais talentosos artistas da minha geração. O Donizette Adalto morreu e não viu isso!, um cabôco das brenhas de Caracol navegando pela internet. Mas, deixemos isso pra lá! Quem fica parado é poste e não um sujeito inquieto como o Cineas Santos.

Segurei o jornal, com uma má vontade danada de passar a vista por suas páginas. Porém, por sorte, abri numa página contendo colaborações assinadas por Cineas Santos, André Gonçalves e Rogério Newton. O primeiro levanta a bola, o segundo mata no peito e passa para o terceiro fazer aquele gol de placa, deixando-me na torcida como se estivesse em pleno fla-flu no Maracanã (em seus melhores tempos). Passada a euforia, fiquei com dó de mim! Por conta da minha rabugice desconhecia a arte e o engenho desses três grandes cronistas que, aos domingos, neste jornal, mostram que, apesar de tudo, ainda há vida inteligente em nosso jornalismo.

Além dos três, como nos Mosquiteiros, ainda nos aparece o Jota A. na ilustração das crônicas. Para se ter uma idéia do talento desse jovem desenhista, basta que se diga que ele é o maior ganhador dos Salões de Humor do Piauí. Todos os anos, ele sobe o palco do Theatro 4 de Setembro para receber o prêmio pelo primeiro lugar conquistado, entre as principais feras do humorismo mundial.


Estou juntando uns trocados para, na primeira oportunidade, fazer assinatura do jornal O Dia porque, editando Cineas Santos, André Gonçalves e Rogério Newton não posso mais deixar de lê-lo, ainda que só aos domingos. Quem sabe, os outros dias da semana me conquistem... Por isso que nunca se deve dizer: "Dessa água nunca beberei". Basta ter sede de belas crônicas, que se tem, no jornal O Dia, a fonte da mais pura e cristalina água. Como dizia Torquato Neto, é louvando o que bem merece, que se deixa o que é ruim de lado...